ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Pessoa et al. Relação de custo-efetividade entre stents farmacológicos e não farmacológicos Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):80-89 preço de sua tabela para o SNF também congelado, porém mais caro atualmente em relação ao do mercado. Apesar da diminuição de seu custo, o último relatório da CONITEC 9 preconizou o uso do SF no SUS para o grupo de maior risco para reestenose, pagando por ele valor inferior ao pago no mercado. 9 Seu uso no SUS, portanto, ainda é restrito. Na Europa, onde o sistema de atenção à saúde é majoritariamente público, o uso do SF já predomina há 5 anos. Em 2013, na França,22 72,5% dos stents implantados eram farmacológicos; no Reino Unido, 89,0%; na Itália, 78,0%; na Alemanha, 77,0% e na Espanha, 74,0%. Barone-Rochette et al., 23 em registro de uma coorte de pacientes que implantaram stents revestidos de sirolimus emperíodos distintos (2008 e 2012), demonstraramseuCE após aquedadepreço. Adiferençado custo entre o SES e o SNF era de € 1.200 em2008 e de € 400 em2012. Em 2018, a nova diretriz da European Society of Cardiology (ESC) e da European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS)16 para revascularização do miocárdio recomendou o uso irrestrito do SF, independentemente do tipo de lesão, planejamento de cirurgia não cardíaca ou concomitante anticoagulação. Em suma, o constante aprimoramento do SF e a variedade de modelos oferecidos no mercado tendem a reduzir cada vez mais o seu preço e a massificar o seu uso. O avanço tecnológico deles tende a abolir definitivamente o uso do SNF na prática clínica, faltando somente a mudança de postura dos gestores do governo para implementá-lo de forma mais abrangente, como nos países mais desenvolvidos. Conclusões O SF foi custo-efetivo nos pacientes estudados no SUS comparado ao SNF. Não houve diferença na mortalidade e em outros eventos adversos maiores entre os grupos SF e SNF. O grupo de pacientes que teve implantado o SF apresentou taxa de reestenose clínica significativamente menor em relação ao grupo SNF. Limitações do Estudo Em função da seleção randômica de pacientes uniarteriais sem angioplastia prévia ou história de CRM, houve uma provável seleção de casos de menor complexidade, com menor probabilidade para reestenose, podendo ter influenciado na diferença de efetividade entre os grupos. Além disso, devido ao pequeno número de pacientes estudados, o número de eventos adversos foi reduzido, sendo o uso do SNF o único preditor independente para reestenose, porém com intervalo de confiança muito alargado. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Pessoa JA, Maia F, Oliveira MS, Araújo DV, Ferreira E, Albuquerque DC; Obtenção de dados: Pessoa JA, Maia E, Maia F, Oliveira MS; Análise e interpretação dos dados e Análise estatística: Pessoa JÁ; Obtenção de financiamento: Araújo DV, Ferreira E, Albuquerque DC; Redação do manuscrito: Pessoa JA, Ferreira E; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Pessoa JA, Araújo DV, Ferreira E, Albuquerque DC. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pela FAPERJ. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de João Addison Pessoa pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.[Internet] Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. [acesso em2018 jan 01]. Disponível em: <ftp://ftp.ibge. gov.br/PNS/2013/pns2013.pdf> 2. Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. [Internet]. Informações de Saúde (TABNET). Estatísticas vitais. Mortalidade geral entre 2004 e 2014. [acesso em2018 jan 01]. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/ index.php?area=0205> 3. Polanczyk CA, Wainstein MV, Ribeiro JP. Cost-effectiveness of sirolimus- eluting stents in percutaneous coronary interventions in Brazil. Arq Bras Cardiol. 2007;88(4):464-74. 4. Ferreira E, Araújo DV, Azevedo VM, Rodrigues CV, Ferreira A Jr , Junqueira CL, et al. Analysis of the cost-effectiveness of drug-eluting and bare-metal stents in coronary disease. Arq Bras Cardiol. 2010;94(3):286-92, 306-212. 5. Quadros AS, Gottschall CAM, Sarmento-Leite R. Custo-efetividade dos stents revestidos com drogas em vasos de grande calibre. Rev Bras Cardiol Invas. 2006;14(3):306-13. 6. Kaiser C, Brunner-La Rocca HP, Buser PT, Bonetti PO , Osswald S, Linka A, et al; BASKET Investigators. 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