ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Tozo et al. Medidas hipertensivas e obesidade infantojuvenil Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):42-49 Neste sentido, o aspecto de relevância encontrado neste estudo refere-se à associação entre valores mais baixos de PAD em adolescentes que praticam AF-mv, sugerindo que essa prática possa interferir nos níveis pressóricos na população infantojuvenil. 30 Estudo recente mostrou que adolescentes com melhores aptidões musculares exibiram menores níveis de PAD. 35 Por todos os motivos expostos, conclui-se que intervenções que estimulem a transição da inatividade física para um estágio de ação promovem impactos imediatos para o aumento da prática da atividade física em escolares, 36 o que pode ser considerado fator de proteção para HA. Portanto, a eficácia emdetectar precocemente fatores de risco pode contribuir para prevenção de doenças cardiovasculares na vida adulta, apesar de mudanças de hábitos e atitudes representarem tarefas complexas e muitas vezes de resultados insatisfatórios. Entretanto, políticas de saúde direcionadas para escolares, assim como investimentos sociais para melhoria da prática de AF-mv, poderão no futuro determinar mudanças significativas da população. Neste sentido, é de grande importância que profissionais da educação e da saúde promovam o controle e a prevenção da HA, assim como de outros fatores de risco associados a doenças cardiovasculares. Este estudo apresenta algumas limitações como o pequeno número da amostra e a quantidade de vezes que a PA foi aferida (deve ser realizada em pelo menos três ocasiões distintas para melhor diagnosticar os escolares hipertensos). Outra limitação é o uso de questionário recordatório para avaliar o nível de atividade física, porém o IPAQ apresenta excelente associação com AF-mv. 23 Também não foram verificadas as variáveis socioeconômicas, maturação sexual, ingestão de sal da dieta e antecedentes familiares para HA. Entretanto, vale ressaltar que o ponto forte foi associar a HA ao diagnóstico de obesidade central e obesidade geral, bem como destacar a importância da prática de AF-mv como fator de proteção às alterações na PA em crianças e adolescentes. Tais avaliações são importantes como forma preventiva em saúde pública, pois muitas crianças e adolescentes não apresentam a oportunidade de terem a PA avaliada na escola. Conclusões Neste estudo, observou-se que metade dos escolares avaliados apresentaram HA e 1/3 obesidade geral. Além disso, as medidas antropométricas de CC e IMC-z foram significativamente relacionadas ao maior risco de HA, e a prática de atividades físicas aparece como fator preventivo de PAD elevada em crianças e adolescentes. Desta forma, sugere-se a implantação de programas que estimulem o estilo de vida saudável no ambiente escolar, para contribuir com a redução dos indicadores de obesidade central e obesidade geral, bem como prevenir contra HA ao aumentar a prática de AF-mv na população infantojuvenil. Agradecimentos Este trabalho foi apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), pelo Projeto Estratégico UID/ CED/00317/2013, por meio dos Fundos Nacionais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) por meio do COMPETE 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) com a referência POCI-01-0145- FEDER-007562. Contribuição dos Autores Concepção e desenho da pesquisa: Tozo TA, Pereira BO, Moreira CMM, Leite N; Obtenção de dados: Tozo T; Análise e interpretação dos dados: Tozo T, Pereira BO, Menezes Junior FJ, Montenegro CM, Moreira CMM, Leite N; Análise estatística: Menezes Junior FJ; Obtenção de financiamento: Pereira BO, Moreira CMM, Leite N; Redação domanuscrito: Tozo T, Pereira BO, Menezes Junior FJ, Montenegro CM; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Pereira BO, Leite N. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ConselhoNacional deDesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq), Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), pelo Projeto Estratégico UID/CED/00317/2013, por meio dos Fundos Nacionais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) por meio do COMPETE 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) com a referência POCI-01-0145-FEDER-007562. Vinculação acadêmica Este artigo é parte da tese de doutorado de Tatiana Affornali Tozo Universidade do Minho em regime de Cotutela com a Universidade Federal do Paraná. Tabela 7 – Odds ratios (OR) para o risco de pressão arterial elevada entre as variáveis antropométricas e o nível de atividade física HA OR (IC95%) PAS elevada OR (IC95%) PAD elevada OR (IC95%) Sexo masculino 1,40 (0,88 a 2,22) 1,35 (0,85 a 2,14) 0,84 (0,40 a 1,77) AF-mv (suficientemente ativo) 1,15 (0,72 a 1,84) 1,21 (0,76 a 1,93) 0,33 (0,15 a 0,72) CC (obesidade central) 6,11 (2,59 a 14,42) 4,64 (2,10 a 10,23) 2,50 (1,04 a 6,03) IMC-z (Obesidade geral) 2,91 (1,76 a 4,79) 2,75 (1,68 a 4,52) 2,09 (0,99 a 4,40) AF-mv: atividade física moderada-vigorosa; CC: circunferência da cintura; IMC-z: índice de massa corporal escore z; há: hipertensão arterial; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; IC: intervalo de confiança; valores de p com nível de significância p<0,005. 48

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