ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Tozo et al. Medidas hipertensivas e obesidade infantojuvenil Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):42-49 (IMC-z ≥1). Para a mensuração da CC, foi utilizada uma fita métrica inelástica, no ponto médio entre o último arco superior da crista ilíaca e a face externa da última costela. Consideraram-se com obesidade central os adolescentes com percentil ≥75, de acordo com o sexo e a faixa etária. 21 A aferição da PAS e da PAD seguiu as recomendações 7 a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 13 em sala de aula isolada e ambiente silencioso, utilizando-se aparelhos de pressão automáticos OMRON705-IT. 22 Foram realizadas duas mensurações da PAS e da PAD no braço direito do avaliado, por enfermeiras voluntárias, com intervalo de cinco minutos entre elas, por enfermeiras voluntárias. Para a classificação de hipertensão, foram considerados os critérios de idade, sexo e percentil de estatura. 13 Deste modo, valores abaixo do percentil 90 foram considerados adequados (normotensos), desde que inferiores a 120×80mmHg, crianças com percentis entre 90 e 95 foram enquadradas como pré-hipertensas (limítrofe) e com percentil igual ou superior a 95 foram consideradas hipertensas. O nível de atividade física foi avaliado pelo IPAQ. 23 As perguntas avaliadas referem-se às atividades físicas praticadas na semana anterior à aplicação do questionário. Classificaram- se os escolares como suficientemente ativos (ativos ou muito ativos) ou insuficientemente ativos (irregularmente ativos A e B ou sedentários). 23 Análise estatística A análise estatística foi realizada pelo software Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 24. A normalidade dos dados foi aferida pelo teste Shapiro-Wilk. Para comparação entre sexos, estado nutricional, classificação da CC e AF-mv foram utilizados o teste t-Student independente para as variáveis paramétricas e o teste de Mann-Whitney para as não paramétricas. Utilizou-se o teste Qui-quadrado para avaliar as proporções entre os escolares considerados adequados, pré-hipertensos e hipertensos, de acordo com valores de PAS e PAD elevados. A análise de odds ratio foi usada para indivíduos considerados adequados e hipertensos, a partir das variáveis antropométricas e da AF-mv, por meio de regressão logística binária. Considerou-se o nível de significância de p<0,05 para todas as análises. Resultados O excesso de peso foi encontrado em 35,11% dos 336 escolares avaliados, sendo 12,5% classificados como obesos. Foram classificados com obesidade central 13,39% dos escolares, 59,8% como suficientemente ativos em práticas de AF-mv e 52,97% apresentaram PA elevada, sendo 12,5% pré-hipertensos e 40,5% hipertensos. A distribuição da amostra de acordo com o sexo e a faixa etária está apresentada na Tabela 1. Observou-se que os valores médios de PAS (p<0,001), IMC-z (p=0,034), IMC (p=0,001) e CC (p<0,001) foram maiores em meninos do que em meninas. Por outro lado, as meninas apresentaram valores superiores de PAD (p=0,009). Além disso, meninos participaram por mais tempo de atividades físicas leves a vigorosas do que meninas (p=0,007; p=0,009) (Tabela 2). Na amostra total, identificou-se que os indivíduos com obesidade geral apresentaram maiores valores de PAS (p<0,001) e estatura-z (p=0,005) do que eutróficos (Tabela 3). De acordo com o sexo, observou-se que tanto meninos quanto meninas com obesidade geral apresentaram maiores valores de PAS (p=0,003; p=0,001) e CC (p<0,001; p<0,001), entretanto somente as meninas apresentarammaiores valores de estatura-z e maior participação em atividades leves e vigorosas em comparação às eutróficas (p< 0,05). No grupo com obesidade central, as meninas apresentaram maiores valores de PAS (p=0,026), peso corporal (p<0,001), estatura (p=0,038) e IMC-z (p<0,001) em comparação ao grupo considerado adequado. Em relação aos meninos, o grupo com obesidade central apresentou maiores valores de PAS (p=0,002), PAD (p=0,003), IMC (p<0,001) e IMC-z (p<0,001) em comparação ao grupo adequado (Tabela 4). Entretanto, não foram identificadas diferenças para a prática de atividade física. As medidas antropométricas e de PA também foram avaliadas de acordo com a AF-mv (Tabela 5). Na amostra total, os indivíduos ativos apresentaram maiores valores de peso corporal (p=0,002), IMC-z (p=0,016), estatura-z (p=0,001), além da PAD mais baixa (p=0,046) em relação aos classificados como insuficientemente ativos. Em relação às meninas consideradas suficientemente ativas, foram identificados maiores valores para IMC (p=0,005), estatura (p=0,048), CC (p=0,015), IMC-z (p=0,005) e estatura-z (p=0,016) em relação às insuficientemente ativas. Os meninos suficientemente ativos possuíam estatura-z maior (p=0,025) em relação aos insuficientemente ativos. Analisando-se os parâmetros antropométricos CC, IMC-z e AF-mv com a PA (Tabela 6), os meninos apresentaram maior proporção de pré- hipertensão e hipertensão arterial (p=0,033). Os indivíduos considerados ativos apresentaram maior proporção de pré-hipertensão diastólica, e os sedentários apresentarammaior proporção de HA (p=0,015). Constatou-se que os adolescentes com obesidade central e aqueles com excesso de peso apresentaram maior proporção de pré-hipertensão e hipertensão e PAS elevada (p<0,001). Segundo a análise de risco de chance (Tabela 7), não houve diferença entre os sexos para HA (OR=1,40; IC 0,88 a 2,22), PAS (OR=1,35; IC 0,85 a 2,14) e PAD (OR=0,84; IC 0,40 a 1,77) elevadas. Por outro lado, de acordo com os indicadores de adiposidade, os indivíduos com obesidade central apresentaram 6,11 (IC 2,59 a 14,42) vezes mais chances de ter HA em relação àqueles com CC adequadas, e os indivíduos com obesidade geral apresentaram 2,91 (IC=1,77=4,79) vezes mais em relação aos que apresentaram IMC-escore z adequado. Além disso, foi observado que os Tabela 1 – Distribuição da amostra por sexo e faixa etária Faixa etária (anos) Sexo masculino (n) Sexo feminino (n) 12 33 29 13 38 29 14 34 36 15 23 36 16 21 29 17 14 15 44

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