ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Tozo et al. Medidas hipertensivas e obesidade infantojuvenil Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):42-49 Results: It was found that 40.5% of the students had AH, 35.11% were overweight (12.5% obese), 13.39% had high WC and 40.2% were considered insufficiently active in AF-mv. The chances of AH were related to high WC (OR = 6.11; 95% CI: 2.59¬–14.42) and overweight (OR = 2.91; 95% CI: 1.76–4.79). In addition, adolescents who practiced AF-mv had a lower risk of high DBP (OR = 0.33; 95% CI: 0.15–0.72). Conclusion: Central obesity was the best predictor of AH in children and adolescents, as well as general obesity and males. The practice of AF- mv demonstrated a protective effect on high DBP in schoolchildren. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):42-49) Keywords: Child; Adolescent; School Children; Physical Activity; Waist Circumference; Body Mass Index; Hipertension; Blood Pressure. Full texts in English - http://www.arquivosonline.com.br Introdução A frequência de HA aumentou em todas as faixas etárias e em diversos países, 1 atingindo crianças e adolescentes e tende a persistir ao longo do tempo, com a probabilidade elevada de progredir na vida adulta, 2 principalmente pela crescente prevalência da obesidade, 3 que está associada ao aparecimento de diversas comorbidades. 4 A análise conjunta dos hábitos de vida que podem predispor ao aparecimento de doenças cardiovasculares na idade adulta tem papel importante para prevenção da hipertensão em crianças e adolescentes. 5 A obesidade apresenta origem multifatorial, envolvendo aspectos do comportamento relacionados a alimentação, atividade física e fatores psicológicos. 6 Portanto, o diagnóstico precoce da HA em crianças e adolescentes é relevante para se evitar o avanço da doença para a fase adulta, reduzir o risco de problemas cardiovasculares 7 e recomendar programas terapêuticos para reverter esse processo. 8 Dessa forma, medidas antropométricas como o índice de massa corporal (IMC) e a CC são indicadores de baixo custo e eficientes para identificar riscos cardiovasculares. 9 O IMC classificado como excesso de peso demonstra obesidade geral, 10 e a CC aumentada relaciona-se à obesidade central; 11 esta última apresenta maior associação ao processo inflamatório em adultos e aparecimento das comorbidades cardiometabólicas. 12 A mensuração da PA deve ser realizada em três ocasiões diferentes 13 para confirmar o diagnóstico de HA, mas em estudos epidemiológicos geralmente é realizada em um dia e tem sido utilizado o termo “medidas hipertensivas”. 14 Portanto, em crianças e adolescentes, alguns estudos demonstram maiores associações entre HA, obesidade central 15 e obesidade geral, 16 o que gera controvérsias entre a localização da adiposidade e a PA nesta população. Além disso, as evidências sobre a prática AF-mv e PA ainda são limitadas, bem como a relação entre medidas antropométricas e AF-mv como protetores de HA em crianças e adolescentes. Dessa forma, é importante identificar o risco de HA na adolescência para a prevenção do avanço dessa condição na vida adulta, o que pode aumentar a eficiência do tratamento. Portanto, este estudo tem como objetivo verificar a associação entre AF-mv e indicadores antropométricos de obesidade com o diagnóstico de HA em crianças e adolescentes. Métodos Realizou-se um estudo descritivo transversal quantitativo na cidade de São José dos Pinhais, Paraná (região Sul do Brasil). A amostragem foi constituída por conglomerados, escolhidos por conveniência (cada escola particular dos ensinos fundamental e médio da cidade foi considerada um conglomerado). Das seis instituições convidadas, localizadas na região central, somente duas escolas particulares aceitaram participar do estudo, em que foram convidados todos os escolares dos ensinos fundamental e médio. No município, foram matriculados aproximadamente 55.289 estudantes nos níveis de ensino fundamental, nas séries finais, e ensino médio no ano de 2018. 17 Estipulou-se a prevalência de 12,5% de crianças e adolescentes hipertensos na região sul do Brasil. 18 Com base na seleção amostral probabilística, obteve o número total de 111 adolescentes para inferência da população estudantil na faixa etária estipulada. Incluiu-se 1,5x de indivíduos referente ao efeito de delineamento, levando-se em consideração o erro amostral de 5%, sendo incluídos mais 30% em virtude de possíveis desistências, resultando em um total de 217 indivíduos entre 11 e 17 anos de idade. Participaram do estudo 336 crianças e adolescentes voluntários, com idade de 11 a 17 anos, de ambos os sexos (173 meninas e 163 meninos). Foram excluídos do estudo gestantes, indivíduos com limitações que os impedissem de participar de algum procedimento do estudo e aqueles que não tiveram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) assinados. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC – PR, CAAE (71324017.1.0000.0020/2017.) As medidas antropométricas foram coletadas na escola, de maneira padronizada, seguindo os procedimentos preconizados pelo Anthropometric Standartization Reference Manual . 19 A estatura foi aferida por meio de um estadiômetro portátil, com resolução de 0,1 centímetro (cm), e expressa em cm. O peso corporal foi avaliado com uma balança portátil modelo PLENA, com resolução de até 100 gramas e capacidade de 150kg. Calculou-se o IMC-z, 20 por meio do software WHO Anthro Plus®, versão 1.0.4. Classificaram-se como eutróficos os participantes com IMC-z entre ≥−2 e <+1, com sobrepeso entre ≥1 e <2, e obesos aqueles com ≥2; de acordo com a faixa etária e o sexo, foram considerados com obesidade geral os adolescentes classificados como sobrepeso e obesidade 43

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