ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Minieditorial Póvoa Características Clínicas da Hipertensão Arterial Resistente Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):40-41 não existem estudos bem desenhados que possam responder corretamente a tais dúvidas epidemiológicas. Estima-se que a hereditariedade contribua de 40% a 50% da patogênese da hipertensão, mas pouco se sabe de sua arquitetura genética na identificação de loci de genes responsáveis pela elevação pressórica. Os afrodescendentes americanos apresentam índice de renina e aldosterona mais baixo que os brancos para o mesmo nível de ingesta de sódio. 14 A sensibilidade ao sal é um fenótipo mais comum em negros, e muito relacionada a resposta pressórica com a variação da ingesta de sódio, mesmo naqueles com baixo índice de renina e aldosterona. 15 Desse modo, este trabalho de Macedo et al. 10 tem importância na avalição das características próprias das diversas etnias que compõem a população brasileira. O trabalho foi realizado na cidade de Salvador, na Bahia, onde a população de afrodescendentes representa boa parcela dos habitantes. O conhecimento mais profundo de características pressóricas, risco cardiovascular, medicamentos mais efetivos, lesões preferenciais a órgãos-alvo etc. pode levar a planos mais acurados de controle, prevenção e terapêutica. Este estudo de desenho transversal, com avaliação clínica e laboratorial precisa – inclusive com realização de monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) para afastar o efeito do avental branco, situação bastante comum – permitiu conclusões de importância epidemiológica em nossa população afrodescendente. Será necessário percorrer ainda muitos caminhos para desvendar e encaixar todas as peças do polígono multifatorial de todos os fenótipos da hipertensão, principalmente a HR e a HRf. Ainda não sabemos profundamente qual o papel preciso do sal, do sistema nervoso simpático, do endotélio e de todos os outros fatores relacionados com esta complexa doença chamada hipertensão arterial. 1. Mozaffarian D, Benjamin EJ, Go AS, Arnett DK, Blaha MJ, et al. American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics: 2015 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2015; 131(4):e29-e322. 2. Cooper RS, Forrester TE, Plange-Rhule J, Bovet P, Lambert EV, Dugas LR, et al. Elevated hypertension risk for African-origin populations in biracial societies: modeling the Epidemiologic Transition Study. J Hypertens. 2015; 33(3):473-81. 3. Howard G, Prineas R, Moy C, KellllumM, Tempple E, Grahamm A,Kellum M,TempleE,GrahamA,etal.Racialandgeographicdifferences inawareness, treatment, and control of hypertension: the REasons for Geographic And Racial Differences in Stroke study. Stroke. 2006; 37(5):1171-8. 4. Rayner BL and Spenceb JD. Hypertension in blacks: insights from Africa. J Hypertens 2017;35(2):234-9. 5. Musemwa N, Gadegbeuku CA. Hypertension in African Americans. Curr Cardiol Rep. 2017;19:129-40. 6. Krieger EM, Drager LF, Giorgi DMA, Pereira AC, Barretto Filho JAS, Nogueira AS, et al. for ReHOT Investigators. Spironolactone Versus Clonidine as a Fourth-Drug Therapy for Resistant Hypertension The ReHOT Randomized Study (Resistant Hypertension Optimal Treatment). Hypertension. 2018;71(4):681-90. 7. WilliamsB,MacDonaldBTM,MorantS,WebbDJ,SeverP,McInnesG,etal.,for The British Hypertension Society’s PATHWAY Studies Group. Spironolactone versus placebo, bisoprolol, and doxazosin to determine the optimal treatment for drug-resistant hypertension (PATHWAY-2): a randomised, double-blind, crossover trial. Lancet. 2015; 386(10008):2059-68. 8. Williams B, MacDonald TM, Morant SV, Webb D, Sever P, Mackenzie G, et al., for The British Hypertension Society Programme of Prevention And Treatment of Hypertension With Algorithm based Therapy (PATHWAY) Study Group. Endocrine and haemodynamic changes in resistant hypertension, and blood pressure responses to spironolactone or amiloride: the PATHWAY-2 mechanisms substudies. Lancet Diabetes Endocrinol. 2018;6(6):464-75. 9. Cooper RS, Forrester TE, Plange-Rhule J, Bovet P. Lambert EV, Dugas LR, et al. Elevated hypertension risk for African-origin populations in biracial societies: modeling the Epidemiologic Transition Study. J Hypertens. 2015; 33(3):473-81. 10. Macedo C, Aras Junior R, Macedo IS. Características da Hipertensão Arterial Resistentevs.RefratáriaemumaPopulaçãodeHipertensosAfrodescendentes. Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):31-39. 11. Tu W, Eckert GJ, Hannon TS, Lliu H, Pratt LM, Wagner MA, et al. Racial differences in sensitivity of blood pressure to aldosterone. Hypertension. 2014; 63(6):1212-8. 12. Brown MJ. Hypertension and ethnic group. BMJ. 2006;332(7545):833-6. 13. Wilson TW, GrimCE. Biohistory of slavery and blood pressure differences in blacks today. A hypothesis. Hypertension. 1991; 17(Suppl I):I122-8. 14. Weinberger MH. Hypertension in African Americans: the role of sodium chloride and extracellular fluid volume. Semin Nephrol. 1996;1116(2):110-6. 15. Weinberger MH. Sodium sensitivity of blood pressure. Curr Opin Nephrol Hypertens. 1993;2(6):935-9. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 41

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=