ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Características Clínicas da Hipertensão Arterial Resistente vs. Refratária em uma População de Hipertensos Afrodescendentes Clinical Characteristics of Resistant vs. Refractory Hypertension in a Population of Hypertensive Afrodescendants Cristiano Macedo, 1 Roque Aras Junior, 1 Isabella Sales de Macedo 2 Hospital Universitário Professor Edgard Santos – Cardiologia, 1 Salvador- BA - Brasil Universidade de São Paulo - Faculdade de Medicina, 2 São Paulo, SP – Brasil Correspondência: Cristiano Macedo • Hospital Universitário Professor Edgard Santos – Cardiologia - Rua Augusto Viana, s/n. CEP 40110-040, Salvador, BA – Brasil E-mail: crbm@terra.com.br Artigo recebido em 04/04/2019, revisado em 17/06/2019, aceito em 17/07/2019 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20190218 Resumo Fundamentos: Afrodescendentes têm sido associados a uma maior gravidade da hipertensão arterial e maior incidência de complicações cardiovasculares. Características na apresentação da hipertensão resistente (HR) ou hipertensão refratária (HRf), especificamente nessa etnia, não têm sido devidamente estudadas. Objetivos: O estudo compara características clínicas e epidemiológicas e prevalência de eventos cardiovasculares em afrodescendentes com diagnóstico de HR ou de HRf. Métodos: Estudo transversal realizado em ambulatório de referência para pacientes com Hipertensão Grave. O nível de significância foi de 5%. Resultados: Avaliados 146 pacientes consecutivos, dos quais 68,7% eram do sexo feminino. A média de idade foi de 61,8 anos, sendo 88,4% afrodescendentes (pardos ou negros). 51% apresentavam HRf. Houve alta prevalência de fatores de risco cardiovascular: 34,2% tinham diabetes, 69,4% dislipidemia, 36,1% obesidade e 38,3% história de tabagismo. Função renal reduzida foi observada em 34,2%. Eventos cardiovasculares prévios ocorreram em 21,8% para infarto do miocárdio e em 19,9% para acidente vascular cerebral. O escore de risco de Framingham foi moderado/alto em 61%. Os pacientes com HRf eram mais jovens (média de idade de 59,38±11,69 anos versus 64,10±12,23 anos, p=0,02), tinham mais dislipidemia (83,8 versus 66,7%, p=0,021) e acidente vascular cerebral (30,4 versus 12,3%, p=0,011) quando comparados aos com HR. O uso de combinação de ACEi/BRA+CCB+Diurético, clortalidona e espironolactona também foi mais frequente em indivíduos com HRf. Conclusão: Afrodescendentes com HR apresentaram alto risco cardiovascular, alta prevalência de HRf, maior frequência de dislipidemia e de acidente vascular cerebral, compatível com alta incidência de lesão a órgãos-alvo. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):31-39) Palavras-chave: Hipertensão/complicações; Grupo comAncestrais doContinente Africano/genética; EstudoComparativo; Epidemiologia; Infarto do Miocárdio; Acidente Vascular Cerebral. Abstract Background: Afrodescendants have been associated with a greater severity of arterial hypertension and a higher incidence of cardiovascular complications. Characteristics in the presentation of resistant hypertension (RH) or refractory hypertension (RfH), specifically in this ethnic group, have not been properly studied. Objectives: The study compares clinical and epidemiological characteristics and prevalence of cardiovascular events in people of African descent diagnosed with RH or RfH. Methods: Cross-sectional study carried out in a referral clinic for patients with severe hypertension. The level of significance was 5%. Results: 146 consecutive patients were evaluated, of which 68.7% were female. The average age was 61.8 years, with 88.4% of Afrodescendants (mixed race or black). 51% had RfH. There was a high prevalence of cardiovascular risk factors: 34.2% of subjects had diabetes, 69.4% dyslipidemia, 36.1% obesity, and 38.3% history of smoking. Reduced renal function was seen in 34.2%. Previous cardiovascular events occurred in 21.8% for myocardial infarction and in 19.9% ​for stroke. The Framingham’s risk score was moderate/high at 61%. RfH patients were younger (mean age 59.38±11.69 years versus 64.10±12.23 years, p=0.02), had more dyslipidemia (83.8 versus 66.7%, p=0.021), and stroke (30.4 versus 12.3%, p=0.011) when compared to those with RH. The use of a combination of ACEi/ARB+CCB+Diuretic, chlortalidone and spironolactone was also more frequent in individuals with RfH. Conclusion: Africandescendant people with RH had a high cardiovascular risk, a high prevalence of RfH, a higher frequency of dyslipidemia and stroke, compatible with a high incidence of injury to target organs. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):31-39) Keywords: Hypertension/complications; African Continental Ancestry Grup/genetic; Comparative Stuy; Epidemiology; Myocardial Infarction; Stroke. Full texts in English - http://www.arquivosonline.com.br 31

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