ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Oliveira-Junior et al. Efeitos do losartan na obesidade Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):17-28 Estimadores mecânicos Respostas mecânicas convencionais em Lmax foram obtidas em contração isométrica: tensão máxima desenvolvida normalizada pela área seccional transversa do músculo papilar (TD [g/mm 2 ]) e velocidades máximas de variação positiva (+dT/dt [g/mm 2 /s]) e negativa (-dT/dt [g/mm 2 /s]) da TD, normalizada pela área seccional transversa do músculo papilar. Os estimadores usados para caracterizar o tamanho dos músculos papilares foram comprimento (mm), massa do músculo (mg) e área seccional transversa (AST [mm 2 ]). Ao término de cada experimento, o comprimento do músculo em Lmax foi mensurado com auxílio de um catetômetro Gaertner ( Gaertner Scientific Corporation , Chicago, IL, USA), e a porção do músculo entre os anéis de aço foi cortada e pesada. A AST foi calculada dividindo-se a massa muscular pelo seu comprimento, assumindo uniformidade e uma gravidade específica de 1,0. Análise estatística Para a análise dos dados, utilizou-se o programa Sigma Stat, versão 3.5. Inicialmente, os resultados foram submetidos a análise de normalidade por meio do teste de Kolmogorov- Smirnov. Como as variáveis tiveram distribuição paramétrica, os resultados foram apresentados emmédia e desvio-padrão. Para análise dos resultados nutricionais, composição corporal, morfologia cardíaca e desempenho funcional do músculo papilar, foi feita análise de variância de duas vias ( Two-Way ANOVA) e teste de comparações múltiplas de Tukey. As medidas de PAS e ecocardiograma foram analisadas por meio de Two-Way ANOVA no modelo de medidas repetidas (RM) e teste de comparações múltiplas de Bonferroni. O nível de significância considerado foi de 5%. Resultados Os dados de comportamento nutricional, composição corporal e morfologia macroscópica do coração estão na Tabela 1. Embora ingestão calórica não tenha sido alterada, OB e OL mostraram maior ingestão de gordura e eficiência alimentar do que CO e CL, respectivamente. A obesidade foi caracterizada por maiores medidas de massa e adiposidade corporal. Quanto à morfologia cardíaca, comparado ao CO, o OB apresentou maiores valores de massa de átrios e das respectivas relações entre massa de átrios e VE com o comprimento tibial. O losartan repercutiu em menores medidas de átrios e VE, em valores absolutos e normalizados pelo comprimento da tíbia, no OL comparado ao OB (Tabela 1). Na Tabela 2, são apresentados os resultados de PAS, bem como estrutura e desempenho do coração, avaliados por meio de ecocardiograma. Após 16 semanas, a obesidade esteve associada com maior PAS; o losartan culminou em redução da PAS no CL e OL, ao final do experimento. A razão entre diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo (DDVE) e comprimento da tíbia não foi diferente entre grupos e momentos. Ao final do experimento, a obesidade culminou emmaior velocidade de encurtamento da parede posterior do ventrículo esquerdo (VEPP), como observado nos grupos OB e OL. Considerando-se o desempenho diastólico, o grupo OL apresentou menor relação E/A do que o CL na 20ª semana. O Doppler tecidual da velocidade diastólica tardia do anel valvar mitral (A’ média) foi menor no CL do que no CO; S média e E’ média foram ampliadas da 16ª à 20ª semana no grupo OL. O desempenho funcional dos músculos papilares é mostrado nas Figuras 1 a 4. Em condições basais, os índices de TD e +dt/dt foram similares entre os grupos (Figura 1A e 1B), Tabela 1 – Média e desvio-padrão de variáveis de perfil nutricional, murinometria e morfologia cardíaca macroscópica, segundo o grupo Variável Grupo CO OB CL OL Perfil Nutricional Massa Corporal (g) 451 ± 58 507 ± 64 * 456 ± 49 517 ± 50 ‡ Ing. Calórica (Kcal) 81,9 ± 8,2 80,7 ± 7,5 80,3 ± 9,2 78,7 ± 7,9 Ing. G. Insaturada (g) 122 ± 12 235 ± 22 * 120 ± 14 230 ± 23 ‡ Ing. G. Saturada (g) 196 ± 20 433 ± 40 * 193 ± 22 422 ± 43 ‡ Ef. Alimentar (%) 26,82 ± 2,11 32,22 ± 4,38 * 28,43 ± 0,94 35,12 ± 4,78 ‡ Adiposidade (%) 3,48 ± 0,73 5,19 ± 1,47 * 3,61 ± 1,27 5,50 ± 1,48 ‡ Morfologia Macroscópica Átrios (g) 0,096 ± 0,015 0,113 ± 0,015 * 0,092 ± 0,009 0,100 ± 0,022 † Átrios/Tíbia (mg/mm) 2,22 ± 0,33 2,59 ± 0,35 * 2,15 ± 0,21 2,29 ± 0,46 † MVD (g) 0,231 ± 0,029 0,241 ± 0,030 0,230 ± 0,039 0,245 ± 0,040 MVD/Tíbia (mg/mm) 5,36 ± 0,68 5,50 ± 0,70 5,34 ± 0,79 5,64 ± 0,86 MVE (g) 0,844 ± 0,083 0,950 ± 0,099 0,800 ± 0,082 * 0,799 ± 0,087 † MVE/Tíbia (mg/mm) 19,6 ± 1,7 21,7 ± 2,4 * 18,7 ± 1,5 18,4 ± 1,7 † Ing. Calórica: ingestão calórica; Ing. G. Insaturada: ingestão total de gordura insaturada; Ing. G. Saturada: ingestão total de gordura saturada; Ef.Alimentar: eficiência alimentar; MVD: massa de ventrículo direito; MVE: massa de ventrículo esquerdo; CO: grupo Controle; OB: grupo Obeso; CL: grupo controle sob losartan; OL: grupo obeso sob losartan. Efeitos de grupo: * p<0,05 comparado ao CO; † p<0,05 comparado ao OB; ‡ p<0,05 comparado ao CL; Two-Way ANOVA e teste de Tukey. 20

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