ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo de Revisão Imagem Cardiovascular e Procedimentos Intervencionistas em Pacientes com Infecção pelo Novo Coronavírus Cardiovascular Imaging and Interventional Procedures in Patients with Novel Coronavirus Infection Isabela Bispo Santos da Silva Costa, 1 Carlos Eduardo Rochitte, 2,3, 4 C arlos M. Campos, 5,6 Silvio Henrique Barberato, 7, 8 G láucia Maria Moraes de Oliveira, 9 Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, 10,11,12 Cesar Higa Nomura, 2 Alexandre A. Abizaid, 2,13 Giovanni Cerri, 2 Roberto Kalil Filho, 2 Ludhmila Abrahão Hajjar 1, 2 Universidade de São Paulo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, 1 São Paulo, SP - Brasil Universidade de São Paulo Instituto do Coração, 2 São Paulo, SP - Brasil Hospital do Coração, 3 São Paulo, SP - Brasil Hospital Pró-Cardíaco, 4 Rio de Janeiro, RJ - Brasil Universidade de São Paulo Instituto do Coração - Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, 5 São Paulo, SP - Brasil Hospital Israelita Albert Einstein - Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, 6 São Paulo, SP - Brasil CardioEco -Centro de Diagnóstico Cardiovascular, 7 Curitiba, PR - Brasil Quanta Diagnóstico – Ecocardiografia, 8 Curitiba, PR - Brasil Universidade Federal do Rio de Janeiro – Cardiologia, 9 Rio de Janeiro, RJ - Brasil Hospital Alberto Urquiza Wanderley - Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, 10 João Pessoa, PB - Brasil Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, 11 João Pessoa, PB - Brasil Sociedade Brasileira de Cardiologia, 12 Rio de Janeiro, RJ - Brasil Hospital Sírio Libanês, 13 São Paulo, SP - Brasil Resumo A pandemia da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) trouxe grandes desafios para o sistema de saúde devido ao aumento exponencial do número de pacientes acometidos. A racionalização de recursos e a indicação correta e criteriosa de exames de imagem e procedimentos intervencionistas tornaram-se necessárias, priorizando a segurança do paciente, do ambiente e dos profissionais da saúde. Esta revisão visa auxiliar e orientar os profissionais envolvidos na realização desses exames e procedimentos a fazê-los de forma eficaz e segura. 1. Introdução A COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), é um grande desafio atual para a sociedade. Sua rápida disseminação fez com que se tornasse uma pandemia, tendo atingido em poucos meses 185 países, resultando em 4.995.127 infectados (20 de maio) e 328.079 mortes. 1 As estatísticas brasileiras demonstram números em ascensão, apesar da subnotificação pela indisponibilidade de testes, tendo-se registrado até o momento 291.579 infectados e 18.859 mortes. 2 A estratégia mais efetiva para controlar a transmissão da doença é o isolamento, com medidas como quarentena e distanciamento social. 3 Os hospitais, clínicas e consultórios têm seguido recomendações de sociedades médicas nacionais e internacionais no sentido de proteger ao máximo os pacientes sem COVID-19 do risco de infecção e, ao mesmo tempo, propiciar manejo adequado àqueles com COVID-19. 4,5 Nessa premissa, procedimentos considerados eletivos deveriam ser reagendados para momento oportuno. 6 Omanejo adequado dos pacientes infectados compreende uma série de medidas que envolve a interação entre diversos setores hospitalares e uma equipe multidisciplinar treinada. A grande maioria dos infectados que evoluem com a forma mais grave da COVID-19 apresenta comorbidades, sendo frequentes as doenças cardiovasculares. 7-9 Além disso, complicações cardiovasculares da COVID-19 ocorrem entre 7% e 40% dos casos, manifestando-se como injúria miocárdica, trombose, disfunção ventricular, miocardite, arritmias e choque. 10-12 O desenvolvimento dessas complicações tem implicações prognósticas importantes, com elevada taxa de mortalidade. 11 Para o diagnóstico e o seguimento dos pacientes com essas complicações, frequentemente são necessários exames de imagem, como eletrocardiograma, ecocardiograma transtorácico (ETT), tomografia computadorizada (TC) e, em alguns pacientes, ressonância magnética cardíaca (RMC) e angiotomografia de artérias coronárias (ATAC). Esses exames não devem ser realizados de rotina em todos os infectados, sendo sua indicação preferencialmente pautada no benefício adicionado ao cuidado do paciente e levando-se em consideração a segurança da equipe que conduzirá o exame. Palavras-chave Coronavírus; COVID-19; Pandemia; Doenças Infecciosas Emergentes; Doenças Cardiovasculares/prevenção e controle; Diagnóstico por Imagem; Orientação; Exames Médicos/ métodos; Técnicas e Procedimentos Diagnósticos. Correspondência: Isabela Bispo Santos da Silva Costa • Universidade de São Paulo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – Av. Dr. Arnaldo, 251. CEP 01246-000, São Paulo, SP – Brasil E-mail: Isabela.bispo@hc.fm.usp.br Artigo recebido em 28/04/2020, revisado em 29/04/2020, aceito em 29/04/2020 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20200370 111

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