ABC | Volume 115, Nº1, Julho 2020

Artigo Original Derakhshanian et al. Quercetina melhora a dislipidemia induzida por glicocorticóides Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):102-108 causou um aumento moderado no nível de HDL, o qual não foi alterado significativamente após a suplementação com quercetina. Embora o impacto hiperlipidêmico dos GCs tenha sido observado nas últimas décadas, os mecanismos mo l ecu l a r e s a i nda não s ão bem r econhec i do s . Alguns estudos in vitro e in vivo demonstraram que esses fármacos anti‑inflamatórios podem aumentar diretamente a produção hepática de HDL, up-regular a atividade da lipoproteína lipase e prejudicar o catabolismo do LDL, reduzindo a expressão e a atividade dos receptores hepáticos de LDL. 15,20 Consequentemente, contribuem para o desenvolvimento de fígado gorduroso, aumentando a síntese de ácidos graxos e diminuindo a β -oxidação. 21 Por outro lado, os flavonoides têm sido descritos como moduladores do metabolismo lipídico. Eles atuam principalmente através da inibição da fosfodiesterase, alteração da absorção hepática de colesterol e produção e secreção de triglicérides. 22-25 Além disso, a quercetina, como um potente antioxidante distribuído tanto na bicamada lipídica quanto na fase aquosa da célula, pode suprimir a peroxidação lipídica pela atividade de eliminação de radical. 26 Grandes estudos demonstraram que a razão Apo B/Al é superior ao colesterol total e TG para prever o risco cardiovascular em ambos os sexos e em todas as faixas etárias. 27 Considerando que a razão Apo B/Al é uma medida do número de partículas aterogênicas de Apo B sobre o número de partículas anti-aterogênicas de Apo Al, existe também a possibilidade de a mesma ser um fator mais importante que a quantidade de lipídios transportada por partícula. No presente estudo, a ingestão de quercetina diminuiu significativamente a razão Apo B/AI, o que pode ser um importante indicador de menor risco cardiovascular no futuro. 27,28 Ao final da intervenção, todos os animais tratados com glicocorticoides apresentaram uma redução significativa de peso em comparação aos seus controles, o que pode ter sido causado por anorexia induzida por glicocorticoides nos ratos, relatada anteriormente, 29 ou por proteólise e perda muscular graves. 30 Uma das limitações deste estudo foi a falta de dados precisos sobre a ingestão alimentar dos animais, o que poderia ser muito útil para a interpretação da perda de peso induzida por GC nos ratos. No geral, nossos achados estão de acordo com estudos anteriores que relataram efeitos benéficos dos flavonoides no metabolismo lipídico. 31 Esta é a primeira pesquisa que avalia o impacto da quercetina na hiperlipidemia induzida por GC. No entanto, o efeito hipolipidêmico de alguns outros flavonoides foi relatado em ratos tratados com GC. 32 Outras propriedades favoráveis ​da quercetina na melhora da densidade óssea e na modificação da glicemia tornam esse flavonoide uma excelente opção para controlar os efeitos colaterais dos glicocorticoides. 33 Figura 3 – Média da razão de Apolipoproteína B para Apolipoproteína Al em diferentes grupos. Dados apresentados como Média ± EP. n = 8 para todos os grupos. MP: metilprednisolona; Q50: quercetina 50 mg/kg; Q150: quercetina 150 mg/kg; ApoB/Al: razão Apolipoproteína B para Apolipoproteína Al; * p<0,05 comparado ao grupo controle, † p<0,05 comparado ao grupo MP, ‡ p<0,05 comparado ao MP + Q50. 2.00 1.50 1.00 .50 .00 2.50 Controle MP MP+Q50 MP+Q150 Grupo Barras de erro: +/– 2 DP Apo B/A1 *‡ † † 106

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