ABC | Volume 114, Nº6, Junho 2020

Artigo Original Yang et al. Doença arterial coronariana associada à quimioterapia Arq Bras Cardiol. 2020; 114(6):1004-1012 Além disso, o tempo de duração do câncer de pulmão pode desempenhar um papel na progressão da DAC. No estudo, coletamos dados do tempo de intervalo entre o diagnóstico do câncer e a AGC. Embora o tempo de intervalo entre o diagnóstico do câncer e a AGC tenha sido discrepante entre os dois grupos (possivelmente por se tratar de um estudo retrospectivo de pequeno porte), o modelo logístico multivariado com ajuste adicional para a variável tempo de intervalo ainda mostrou diferenças significativas na gravidade da DAC entre os pacientes com quimioterapia e aqueles sem quimioterapia. Nosso estudo tem várias limitações. Em primeiro lugar, trata-se de um estudo unicêntrico com uma amostra pequena, realizado com uma população específica de pacientes que haviam tido câncer de pulmão e necessitado de AGC devido à suspeita de DAC grave. Um número menor de pacientes recebeu radioterapia. Dentre os 94 pacientes do estudo, 21 pacientes costumavam receber radioterapia. Em particular, apenas 4 pacientes (6,9%) tinham histórico de radioterapia no grupo sem quimioterapia. Os resultados da amostra da população de pacientes, por ser pequena e específica, podem ser desviantes. Em segundo lugar, este foi um estudo retrospectivo, que pode carecer de algumas informações valiosas acerca dos pacientes. Seria útil saber o estágio do câncer de pulmão na apresentação inicial. Aqueles que receberam quimioterapia podem ter tido uma doença mais avançada e, consequentemente, mais inflamação, por um período mais longo de tempo, o que pode causar aterosclerose e contribuir para os resultados observados neste estudo. Entretanto, nós não recebemos dados tão amplos sobre os pacientes. Em terceiro lugar, nós não investigamos se SXescore estava associado com eventos cardiovasculares a longo prazo nos pacientes do estudo. Estudos clínicos adicionais prospectivos e em larga escala podem ser necessários para verificar o efeito da quimioterapia sobre a anomalia anatômica da DAC e o mecanismo subjacente da DAC associada à quimioterapia. Conclusões Em resumo, o presente estudo demonstra que a quimioterapia está associada à gravidade e complexidade anatômica da DAC a longo prazo. Os resultados podem explicar em parte o fato de pacientes com câncer e histórico de quimioterapia apresentarem um risco mais elevado de eventos da artéria coronária, quando comparados com pacientes sem histórico de quimioterapia. Entretanto, devido às limitações, um estudo prospectivo de larga escala, bem como pesquisas futuras fisiopatológicas e moleculares, serão necessários para melhor ilustrar a associação entre a quimioterapia e a DAC, e o mecanismo subjacente da CAD associada à quimioterapia. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pelo National Natural Science Foundation of China, número 81770237. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Qian Yang pela Chinese PLA general hospital. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Chen Y, Hu S; Obtenção de dados: Yang Q, Gao H, Zhang M, Jing J, Zhu P; Análise e interpretação dos dados: Yang Q, Gao H, Zhang J, Zhou H, Hu S; Análise estatística: Zhang J, Zhou H, Hu S; Obtenção de financiamento: Hu S; Redação do manuscrito: Zhang J, Hu S; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Yang Q, Chen Y, Hu S. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Chinese PLA General Hospital sob o número de protocolo 52019- 223-02. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. 1. 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