ABC | Volume 114, Nº6, Junho 2020

Artigo Original Yang et al. Doença arterial coronariana associada à quimioterapia Arq Bras Cardiol. 2020; 114(6):1004-1012 Não foram observadas diferenças significativas em relação aos fatores de risco convencionais de DAC (hipertensão, hiperlipidemia, diabetes ou histórico de tabagismo) entre os grupos com quimioterapia e sem quimioterapia. No grupo com quimioterapia, mais pacientes receberam radioterapia do que no grupo sem quimioterapia (p < 0,0001). A variação do tempo de intervalo entre o diagnóstico de câncer e a CAG foi discrepante entre os dois grupos. As características dos pacientes estão listadas na Tabela 1. Análise da associação entre a quimioterapia e o SXescoreALTO Os pacientes que foram submetidos à quimioterapia desenvolveramDAC anatômica mais grave em relação àqueles que não foram submetidos à quimioterapia. O SXescore foi significativamente mais alto no grupo com quimioterapia em relação ao grupo sem quimioterapia (25,25, IIQ [4,50–30,00] versus 16,50, IIQ [5,00–22,00]; p = 0,0195). De acordo com a definicão de graus do SXescore, o percentual do SXalto foi significamente maior no grupo com quimioterapia do que no grupo sem quimioterapia (58,33% versus 25,86%; p = 0,0016). Os detalhes estão listados na Tabela 2. A radioterapia é outro tratamento importante contra o câncer de pulmão. No nosso estudo, o SXescore foi mais alto no grupo com radioterapia do que no grupo sem radioterapia (22,00, IIQ [5,00–30,00] versus 19,00, IIQ [5,00–25,00]; p = 0,3045). O percentual do SXalto foi maior no grupo com radioterapia do que no grupo sem radioterapia (52,38% versus 34,25%; p = 0,1319). Entretanto, não houve diferenças significativas tanto para o SXescore quanto para a taxa do SXalto entre os grupos com radioterapia e sem radioterapia. Comparada com a radioterapia, a quimioterapia mostrou efeitos piores sobre as anomalias das artérias coronárias dentre os pacientes com câncer de pulmão. Os resultados estão apresentados na Tabela 2. A análise de regressão logística univariada mostrou que a quimioterapia aumentou significativamente a taxa do SXalto em 4,013 vezes (95% IC: 1,655–9,731). A OR da radioterapia para o SXalto foi 2,112 (95% IC: 0,790–5,646), o que não Tabela 2 – SXescore e graus do SXescore nos pacientes com câncer de pulmão estratificados por quimioterapia ou radioterapia Variáveis Variável estatística Estratificação por quimioterapia Estratificação por radioterapia Grupo com quimioterapia (n = 36) Grupo sem quimioterapia (n = 36) Valor de p Grupo com radioterapia Grupo sem radioterapia Valor de p SXescore 0,3045 Média ± DP 20,00 ± 12,70 14,96 ± 10,47 0,0195 18,67 ± 12,58 16,38 ± 11,31 Mediana 25,25 16,50 22,00 19,00 Q1–Q3 4,50–30,00 5,00–22,00 5,00–30,00 5,00–25,00 Mín–máx 0,00–38,00 0,00–38,00 1,00–35,50 0,00–38,00 Grau do SXescore 0,0016 0,1319 SXbaixo (<22) N (%) 15 (41,67%) 43 (74,14%) 10 (47,62%) 48 (65,75%) SXalto (≥22) N (%) 21 (58,33%) 15 (25,86%) 11 (52,38%) 25 (34,25%) mostrou significância estatística evidente. O tabagismo, como um fator de risco cardiovascular convencional, aumentou significativamente a taxa do SXalto em 3,182 vezes (95% IC: 1,327–7,628). A OR de outros fatores de risco cardiovasculares para o SXalto foram>1, mas não mostraram significância estatística evidente. Na análise de regressão logística multivariada, a quimioterapia aumentou o risco de DAC com anomalias anatômicas mais graves em 5,868 vezes (95% IC: 1,778-19,367). As ORs da radioterapia e do tabagismo para o SXalto foram 1,124 (95% IC: 0,286–4,416) e 3,035 (95% IC: 1,036–8,893), respectivamente. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. Na regressão logística multivariada Stepwise ajustada para fatores de risco relacionados à DAC (idade, gênero, IMC, tabagismo, histórico familiar de DCVs, hipertensão, diabetes e hiperlipidemia), e para fatores de risco relacionados ao câncer de pulmão (histórico de radioterapia e quimioterapia), a quimioterapia como um todo e o tabagismo aumentaram significativamente a taxa do SXalto em 5.323 vezes (95% IC: 2,002–14,152) e 3.646 vezes (95% IC:1,374–9,678), respectivamente. Além disso, detectamos que, no que diz respeito aos efeitos do regime à base de platina sobre a DAC anatômica, os resultados foram semelhantes, sendo que a OR do regime à base de platina foi 5,850 (95% IC: 2,027–16,879) e a OR do tabagismo foi 3,670 (95% IC: 1,303–10,339). Os resultados estão apresentados na Tabela 4. Discussão Até onde temos conhecimento, este estudo é o primeiro a demonstrar quantitativamente que a quimioterapia está relacionada com a complexidade anatômica e a gravidade da DAC dentre os pacientes com câncer de pulmão, usando o SXescore com base nos angiogramas coronários. A terapia antineoplásica é frequentemente dificultada pelo desenvolvimento de complicações cardiovasculares, tais como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, hipertensão, tromboembolismo, prolongação do QT e bradicardia. 23 Até o momento, as doenças do coração induzidas por quimioterapia relatadas commais frequência são a disfunção e a insuficiência 1008

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=