ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Minieditorial Marques e Couveia Conhecimento sobre Atividade Física e seus Níveis Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):793-794 desenho do estudo não permitiu compreender a associação entre conhecimento e prática de atividade física. No entanto, os autores fornecem algumas explicações potenciais e razoáveis. Talvez, os pais de crianças ou adolescentes que praticam atividade física estejam preocupados com os efeitos da atividade física na saúde de seus filhos. Por esse motivo, eles consultam os médicos para obter mais informações sobre atividade física e DCC. Como resultado, ao questionar as limitações da atividade física, pais e crianças ou adolescentes obtêm mais informações sobre a doença e compreendem os efeitos da atividade física na saúde. Consequentemente, crianças e adolescentes com mais conhecimento se sentem mais seguros em praticar atividades físicas regularmente. Os resultados da associação entre os níveis de conhecimento e de atividade física são parcialmente apoiados por investigações anteriores.12 É evidente que o conhecimento é importante e apoia o processo de tomada de decisão. Modelos de comunicação e mudanças comportamentais sugerem que o conhecimento sobre um comportamento desempenha um papel significativo em convencer as pessoas a mudarem seus hábitos, e o conhecimento é necessário para que as pessoas tomem decisões sobre a saúde. 13 Portanto, pode-se supor que o conhecimento das diretrizes de atividade física possa ser um passo em direção à mudança comportamental, com relação à adoção e/ou manutenção de um estilo de vida ativo. Estudos corroboram essa premissa, mostrando que o conhecimento da atividade física relacionada à saúde está associado ao aumento da atividade física em crianças, adolescentes e jovens. 14 Os resultados do presente estudo 11 e de outros realizados anteriormente 12,14 destacam a importância de programas educacionais para aumentar o conhecimento sobre saúde. O envio da mensagem de recomendação de atividade física, especialmente entre os jovens, pode aumentar os níveis de atividade física. Entretanto, pesquisas desenvolvidas em uma variedade de pacientes15 sugerem que o fornecimento de conhecimento, materiais e apoio profissional não é suficiente para que os pacientes realizem mudanças em relação a comportamentos saudáveis. Portanto, estratégias alternativas devem ser consideradas. Estratégias baseadas no automonitoramento de comportamentos, comunicação de riscos e uso de apoio social parecem ser as mais eficazes para mudanças comportamentais. As evidências atuais sugerem que as recomendações de atividade física para crianças com DCC foram amplamente implementadas e foram dados conselhos de médicos e profissionais de saúde sobre os possíveis benefícios da atividade física para a saúde em pessoas com DCC, incluindo crianças. Além disso, e talvez o mais importante, isso também significa que a mensagem sobre a importância da atividade física3 foi bem aceita. Isso é importante porque, em crianças com DCC, a atividade física não está relacionada a um risco aumentado de eventos adversos, e restrições específicas se aplicam apenas a situações com problemas médicos específicos. 3 Para crianças e adolescentes com DCC, a atividade física é ainda mais importante devido à diminuição dos níveis de aptidão física que geralmente ocorrem devido ao tempo que eles podem precisar permanecer no hospital. A atividade física, principalmente de intensidade moderada a vigorosa, está independentemente associada a melhor qualidade de vida, melhor condicionamento físico e melhor composição corporal em crianças com DCC. 1-3 1. USDHHS. 2018 Physical activity guidelines advisory committee scientific report. Washington, DC: U.S. Department of Health and Human Services; 2018. 2. Dean PN, Gillespie CW, Greene EA, Pearson GD, Robb AS, Berul CI, et al. Sports participation and quality of life in adolescents and young adults with congenital heart disease. Congenit Heart Dis. 2015;10(2):169-79. 3. TakkenT,GiardiniA,ReybrouckT,GewilligM,Hovels-GurichHH,Longmuir PE, et al. Recommendations for physical activity, recreation sport, and exercise training in paediatric patients with congenital heart disease: a report from the Exercise, Basic & Translational Research Section of the European Association of Cardiovascular Prevention and Rehabilitation, the European CongenitalHeartandLungExerciseGroup,andtheAssociation forEuropean Paediatric Cardiology. Eur J Prev Cardiol. 2012;19(5):1034-65. 4. Adams FH, Moss AJ. Physical activity of children with congenital heart disease. Am J Cardiol. 1969;24(5):605-6. 5. Voss C, Duncombe SL, Dean PH, de Souza AM, Harris KC. Physical activity and sedentary behavior in childrenwith congenital heart disease. J AmHeart Assoc. 2017; 6(3):pii:e004665 6. Cohen M, Mansoor D, Langut H, Lorber A. Quality of life, depressed mood, and self-esteem in adolescents with heart disease. PsychosomMed. 2007;69(4):313-8. 7. Brudy L, Hock J, Hacker AL, Meyer M, Oberhoffer R, Hager A, et al. Children with congenital heart disease are active but need to keepmoving: A cross-sectional study using wrist-worn physical activity trackers. J Pediatr. 2020;217:13-9. 8. McCrindle BW, Williams RV, Mital S, Clark BJ, Russell JL, Klein G, et al. Physical activity levels in children and adolescents are reduced after the Fontan procedure, independent of exercise capacity, and are associated with lower perceived general health. Arch Dis Child. 2007;92(6):509-14. 9. Moola F, Faulkner GE, Kirsh JA, Kilburn J. Physical activity and sport participation in youthwith congenital heart disease: perceptions of children and parents. Adapted physical activity quarterly : APAQ. 2008;25(1):49-70. 10. Moola F, Fusco C, Kirsh JA. The perceptions of caregivers toward physical activity and health in youth with congenital heart disease. Qual Health Res. 2011;21(2):278-91. 11. Campos E, Perin L, Assmann M, Lucchese F, Pellanda L. Knowledge about the disease and the practice of physical activity in children and adolescents with congenital heart disease. Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):786-792. 12. Goossens E, Fieuws S, Van Deyk K, Luyckx K, Gewillig M, Budts W, et al. Effectiveness of structured education on knowledge and health behaviors in patients with congenital heart disease. J Pediatr. 2015;166(6):1370-6 e1. 13. McGuire WJ. Public communication as a strategy for inducing health- promoting behavioral change. Prev Med. 1984;13(3):299-319. 14. HarrisonM,BurnsC,McGuinnessM,HeslinJ,MurphyN.Influenceofahealth education intervention on physical activity and screen time in primary school children: ‘Switch Off--Get Active’. J Sci Med Sport. 2006;9(5):388-94. 15. van Achterberg T, Huisman-de Waal GG, Ketelaar NA, Oostendorp RA, Jacobs JE, Wollersheim HC. How to promote healthy behaviours in patients? An overviewof evidence for behaviour change techniques. Health promotion international. 2011;26(2):148-62. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 794

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=