ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Artigo Original Lima Campos et al. Conhecimento sobre a cardiopatia congênita Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):786-792 significativamente correlacionados commaior conhecimento sobre a sua doença (p<0,001). 20 A prática de AF esteve associada ao maior conhecimento e, isto pode ter ocorrido em função das crianças gostarem de praticar AF e/ou os pais preocuparem-se e questionarem sobre os limites da AF à equipe médica. Além disso, as crianças também poderiam ter recebido mais informações sobre a condição do seu problema cardíaco. Outra interpretação alternativa foi que as crianças com maior conhecimento se sentiram mais seguras para praticar atividade física. Nas Recomendações da Sociedade Europeia para crianças com CC, há previsão do encorajamento do paciente para a prática de AF e descrevendo as indicações e suas intensidades para cada tipo de lesão. 6 Da mesma forma, uma pesquisa relata a capacidade do paciente localizar o defeito cardíaco em um diagrama e o conhecimento sobre restrições físicas foi fortemente correlacionada com o conhecimento sobre esportes, sendo que em ambos foram maiores nos pacientes do sexo masculino. 10 Em contrapartida, outro estudo mostrou que 38% dos adolescentes e 52% dos pais sabiam sobre a CC e da liberação para participação de esportes competitivos. 17 Níveis mais baixos de exercício físico têm sido associados com um aumento da incidência de incapacidades e doenças incluindo hipertensão, obesidade e diabetes. Ao passo que, altos níveis de exercício físico estão associados com maior aptidão musculoesquelética e menor risco de incapacidade física e desenvolvimento de doença. 21 No entanto, no caso das cardiopatias congênitas, é importante considerar que há muita variabilidade no nível permitido de acordo com a doença, o tipo de correção e a presença de sequelas. A interação entre CC e fatores de risco cardiovascular adquiridos pode apresentar efeitos somatórios para o futuro. Há indícios que comorbidades adquiridas sejam provavelmente prejudiciais. É importante destacar que a modificação do conhecimento, comportamento e do estilo de vida bem como o tratamento correto deve começar de forma precoce com foco de atenção cardiovascular contínua. 22 O estudo teve como limitação o possível viés de memória, que pode ter afetado a acurácia das respostas. Conclusão As crianças e adolescentes cianóticos, com menor nível de escolaridade e que não praticavam atividade física apresentaram pouco conhecimento sobre a sua doença. Há necessidade do desenvolvimento de estratégias de intervenções educativas para aumento do conhecimento e mudança comportamental na promoção da atividade física, de acordo com a complexidade da CC. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Campos E, Pellanda L; Obtenção de dados e redação do manuscrito: Campos E; Análise e interpretação dos dados: Campos E, Perin L, Assmann M, Lucchese F, Pellanda L; Análise estatística: Campos E, Perin L, Lucchese F, Pellanda L; Obtenção de financiamento e revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Pellanda, LC. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pelo CNPq e CAPES. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Elisandra Furlan de Lima Campos pela Fundação Universitária de Cardiologia - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do ICFUC sob o número de protocolo 5174/15. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. HärmT. Patient education in Estonia. Patient Educ Couns. 2001;44(1):75-8. 2. Damas BGB, Ramos CA, RezendeMA. Need of information for parents with children sufferingfromcongenital heart defect. Rev Bras CrescimentoHum. 2009;19(1):103-13. 3. Lara DA, Lopez KN. Public health research in congenital heart disease. Congenit Heart Dis. 2014;9(6):549-58. 4. Pinto Júnior VC, Branco KM, Cavalcante RC, Carvalho Junior W, Lima JR, Freitas SM, et al. 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