ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Artigo Original Bianco et al. Ablação de Flutter e Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):775-782 de FA. Adotou-se uma amostra por conveniência (não- probabilística) durante o tempo de estudo, respeitando-se os critérios de inclusão/exclusão e tempo de seguimento. Variáveis contínuas foram descritas como média e desvio padrão e comparadas utilizando teste-T de Student não- pareado (bicaudal), respeitando-se os critérios de normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk. Variáveis categóricas foram descritas por número absoluto e porcentagens em relação à amostra total, sendo comparadas utilizando-se o teste de X² ou Exato de Fischer. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Foi utilizada curva de Kaplan-Meier para evidenciar as taxas de recorrência ao longo do tempo de seguimento (por truncagem em 48 meses). Para avaliar os fatores preditores, foi realizada uma regressão logística com ocorrência de FA pós-ablação de flutter e não-ocorrência de FA pós-ablação de flutter como desfecho. Inicialmente todas as variáveis associadas com valor de p <0,20 na análise de regressão logística univariada foram inseridas nos modelos multivariados para ajuste final. Nenhum processo seletivo nos modelos multivariados foi realizado. A análise estatística foi realizada utilizando-se IBM SPSS Statistics Editor software , versão 22.0. Resultados Pacientes Foi realizada ablação de flutter atrial em 227 pacientes entre 2017 e 2018 em dois centros de Santa Catarina, Brasil. Destes, 110 pacientes apresentavam registro prévio de FA, e em 33 pacientes não foi possível obter informação adequada durante o seguimento clínico. Portanto, 84 pacientes sem o registro de FA antes da ablação do FLA-ICT foram cadastrados para este estudo. Destes, durante um tempo de seguimento médio de 26±18 meses, 45 (53,6%) apresentaram FA pós- ablação. A Tabela 1 resume as características clínicas de pacientes com FA e sem FA após a ablação do FLA-ICT. A média de idade foi de 68 ± 12 anos no grupo com ocorrência de FA e de 66,4 ± 15 anos no grupo sem FA (p = 0,59). Indivíduos do sexo masculino representavam 73,2% dos pacientes no grupo com FA e 69,2% no grupo sem FA (p = 0,43). O IMC médio foi de 28,9 ± 4 kg/m 2 grupo com FA e de 29,7 ± 4,2 kg/m 2 no grupo sem FA (p = 0,72). As comorbidades foram semelhantes nos dois grupos. A história de insuficiência renal e a hipertensão arterial sistêmica foram mais comuns no grupo com FA (24,4% FA x 7,2% [p=0,03] e 72,1%FA x 56,4% [p=0,12]). Não houve diferença entre os dois grupos no tocante a outras comorbidades, como Tabela 1 – Características gerais de pacientes submetidos a ablação de flutter atrial, categorizados de acordo com ocorrência de fibrilação atrial durante seguimento Variáveis Ocorrência de FA (n = 45) Sem ocorrência de FA (n = 39) Valor de p Idade (anos) 68,0 ± 12 66,4 ± 15 0,59 Sexo (masculino) 33 (73,2) 27 (69,2) 0,43 IMC 28,9 ± 4 29,7 ± 4,2 0,72 FEVE (%) 51,7 ± 14 54,8 ± 18 0,62 Diâmetro do AE (mm) 41,2 ± 7,8 42,2 ± 7,3 0,97 Comorbidades História de insuficiência renal 11 (24,4) 3 (7,2) 0,03 Dislipidemia 13 (28,9) 9 (23,1) 0,36 Insuficiência cardíaca 12 (26,7) 12 (30,8) 0,43 Hipertensão 32 (72,1) 22 (56,4) 0,12 Diabetes Mellitus 8 (17,8) 10 (25,6) 0,27 Doença vascular 16 (35,6) 9 (23,1) 0,15 AVC/AIT prévio 7 (15,6) 4 (10,3) 0,35 Medicações ACO prévio 23 (51,1) 21 (53,8) 0,33 DAA prévia 23 (51,1) 14 (35,9) 0,11 Escores HATCH 1 (1-3) 1 (0-3) 0,41 CHA 2 DS 2 -VASC 3 (2-4) 3 (1-4) 0,42 Valores com ± indicam a média e desvio padrão (idade, IMC, FEVE, diâmetro doAE); demais valores são apresentados em frequência simples e relativa. FA: fibrilação atrial; IMC: índice de massa corpórea; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; AVC: acidente vascular cerebral; AIT: ataque isquêmico transitório; ACO: anticoagulante oral; DAA: droga antiarrítmica; Teste t de Student e χ 2 para amostras independentes. *p-valor indica diferença estatisticamente significativa ao nível de 5%. 777

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=