ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):943-987 Diretrizes Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular – 2020 indicado para a prevenção primária ou secundária de MS, em pacientes com doenças elétricas e/ou cardiopatias graves. Dependendo da cardiopatia presente, devem ser consideradas as recomendações sobre a RCV abordadas anteriormente. Uma das preocupações nos exercícios físicos em portadores de MP ou CDI é relativa ao risco de complicações com o dispositivo, especialmente em atividades com chances de colisão corporal. Nos portadores de CDI, há o receio de choques, o que pode levar a modificações comportamentais nos pacientes, com redução da atividade física diária e participação em exercícios de moderada intensidade. 335,336 Os profissionais de saúde também compartilham desses receios, 337 o que pode reduzir as orientações para a prática de exercícios. Porém, tem sido demonstrado que o exercício físico é seguro e não está associado ao aumento do risco de choques ou de outros eventos adversos. 338-342 Além disso, não têm sido observadas complicações relativas ao CDI, mesmo em atletas competitivos. 343,344 Entretanto, é de fundamental importância, para a adequada liberação dos exercícios, que se conheçam o motivo do implante e os parâmetros de programação do dispositivo, que deverão ser investigados na avaliação pré-participação. 6.8.1. Benefícios Terapêuticos dos Exercícios Físicos Uma meta-análise 342 que englobou 14 estudos com um total de 2.681 pacientes portadores de CDI comprovou efeito benéfico do exercício físico na capacidade funcional desses indivíduos, com um aumento médio de VO 2 de 2,4 ml.kg -1 .min -1 . Em outra meta-análise, com cinco estudos randomizados e um não randomizado em pacientes com IC e CDI, 341 o resultado na capacidade física foi semelhante, com aumento no VO 2 pico de 1,98 ml.kg -1 .min -1 em relação ao grupo controle. Quanto às terapias por CDI e treinamento físico, uma das meta-análises não encontrou diferenças significativas. Tabela 9 – Exercícios físicos em indivíduos assintomáticos com valvopatias Valvopatia Exercício aeróbico Exercício resistido Insuficiência aórtica Moderada ou importante (função ventricular normal; DSVE < 50 mm em homens ou < 40 mm em mulheres; boa capacidade funcional) Sem restrições Moderada ou importante Evitar alta intensidade Estenose aórtica Moderada ou importante (função ventricular normal; boa capacidade funcional; ausência de isquemia miocárdica, arritmia ventricular complexa ou resposta em platô/queda da PAS) Evitar alta intensidade Moderada Evitar alta intesidade Importante Limitada a baixa intensidade para manutenção das atividades cotidianas Insuficiência mitral Moderada ou importante (boa função ventricular; DDVE < 60 mm; PSAP < 30 mmHg) Sem restrições Moderada ou importante Evitar alta intensidade Estenose mitral Moderada ou importante (boa capacidade funcional) Evitar alta intensidade Moderada ou importante (boa capacidade funcional) Evitar alta intensidade DDVE: diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo; DSVE: diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo; PAS: pressão arterial sistólica; PSAP: pressão sistólica da artéria pulmonar. Tabela 10 – Alterações no teste de exercício que indicam limites para prescrição de intensidade do treinamento em valvopatas Alterações induzidas pelo esforço Detalhamento Sinais e sintomas Início de angina, equivalente anginoso ou outros sinais/sintomas indicativos de intolerância ao exercício Pressão arterial Início do comportamento em platô ou queda da PAS; ou PAS > 220 mmHg; ou PAD > 115 mmHg Segmento ST Início do infradesnivelamento (horizontal ou descendente) do segmento ST superior a 1 mm Função ventricular Evidência de queda da função ventricular no esforço ou início de anormalidade moderada a importante da mobilidade parietal do ventrículo esquerdo Pulso O 2 no TCPE Sinais de platô precoce ou queda no esforço, apesar do aumento da carga Arritmias Bloqueio AV de graus 2 e 3, fibrilação atrial, taquicardia supraventricular ou arritmia ventricular complexa TCPE: teste cardiopulmonar de exercício; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica, AV: atrioventricular. 972

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