ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Posicionamento Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez e Planejamento Familiar na Mulher Portadora de Cardiopatia – 2020 Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):849-942 Uma vez determinado o diagnóstico da cardiopatia (anatômico, funcional e sindrômico), pondera-se o risco da gravidez junto ao casal ou aos familiares. 270 A identificação de preditivos de risco para gravidez contribui para a determinação do prognóstico materno e a tomada de decisões como consentir ou desaconselhar a concepção. O estudo prospectivo e multicêntrico conhecido como CARPREG 190 considerou uma casuística constituída por 75% de cardiopatas congênitas e 25% de adquiridas e verificou 13% de complicações cardiovasculares que incluem três mortes maternas. Os preditivos de mortalidade materna propostos nesse estudo estão descritos na Tabela 45. Em sequência, o estudo ZAHARA 413,414 definiu preditivos independentes de mortalidade para portadoras de cardiopatia congênita, gerando uma estimativa de risco muito específica. A taxa de eventos em 1.300 mulheres estudadas foi de 7,6%, e as complicações mais frequentes foram arritmia (4,7%) e IC (1,6%) (Tabela 46), respectivamente. A OMS classifica as cardiopatias em nível crescente de gravidade em: (1) Risco I, que inclui as cardiopatias de baixo risco (admitido como igual ao da população geral); (2) Risco II, quando há pequeno risco de mortalidade e moderado risco de morbidade; (3) Risco III, quando existe significativo risco de mortalidade ou grave morbidade; (4) Risco IV, quando a cardiopatia associa-se a alto risco de mortalidade materna (Tabela 47). 415 A comparação entre os três estudos, 324 que considerou escore de CARPREG, ZAHARA e OMS, revalidou a classificação pela OMS como a mais aceita e confiável na presunção de risco das cardiopatias à gravidez, apresentada na Tabela 47. Pacientes incluídas no risco IV-OMS devem ser desaconselhadas à engravidar. 324 O Registry of Pregnancy and Cardiac Disease (ROPAC) validou a classificação da OMS modificada, 416 que inclui uma categoria intermediária (risco II/III-OMS) que significa risco moderado de morbidade e Tabela 44 – Principais causas de parada cardiorrespiratória em gestantes e mortalidade materna Letra Causas Etiologia A Acidentes complicações anestésicas Bloqueio neuroaxial mais alto Hipotensão Broncoaspiração Depressão respiratória Obstrução de via respiratória Trauma Suicídio B Sangramento ( bleeding ) Coagulopatia Atonia uterina Placenta acreta Placenta prévia Rotura uterina Descolamento prematuro de placenta Reação transfusional Retenção de produtos da concepção C Causas cardiovasculares Infarto agudo Dissecção de aorta Cardiomiopatia Arritmias Doença valvar Doença cardíaca congênita D Substâncias ( drugs ) Ocitocina Magnésio Drogas ilícitas Opioides Insulina E Causas embólicas Embolia amniótica Embolia pulmonar Evento cerebrovascular F Febre Infecção Sepse G Geral H’s (hipovolemia, hipóxia, hipoglicemia, hipocalemia, hipercalemia, hipotermia) T’s (pneumotórax, tamponamento cardíaco, toxicidade, infarto e tromboembolia pulmonar) H Hipertensão Pré-eclâmpsia Eclâmpsia Síndrome HELLP Sangramento intraparenquimatoso HELLP: hemólise, elevação das enzimas hepáticas, plaquetopenia 923

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