ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Posicionamento Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez e Planejamento Familiar na Mulher Portadora de Cardiopatia – 2020 Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):849-942 5.2.4. Diagnóstico O diagnóstico final pode ser prejudicado pelos sinais e sintomas inerentes à gravidez normal, tais como edema, dor emmembros inferiores ou dor torácica, palpitação precordial e dispneia. Ainda assim, a clínica é substrato essencial para a busca do diagnóstico conclusivo, porque ainda não há um teste de triagem suficientemente sensível para definir a situação. Além disso, a maioria dos estudos que avaliaram exames de diagnósticos por imagem de tromboembolismo e fluxograma para diagnóstico excluiu gestantes por preocupação com a segurança materno-fetal. 5.2.4.1. Trombose Venosa Profunda O diagnóstico embasado no quadro clínico (anamnese e exame clínico) é preocupante, pois implica a necessidade ou não da terapêutica anticoagulante permanente durante a gestação. Essa situação requer exames subsidiários para a conclusão do diagnóstico, que devem ser agilizados porque a morte súbita não é incomum em gestantes com sinais e sintomas compatíveis com a doença. Escores de risco estruturados para classificar uma gestante como de risco baixo, intermediário ou alto para TVP, como o de Wells, não foram validados na gestação. Já a regra de LEFT foi proposta como específica para a predição da chance de TVP na gravidez e parece promissora. Se nenhuma dessas variáveis estiver presente, o valor preditivo negativo parece ser de 100%, mas esse método ainda deve ser validado em maiores estudos prospectivos. 340,341 As variáveis consideradas nos escores de risco para TVP são: • Apresentação da trombose emmembro inferior esquerdo; • Diferença≥2 cmna circunferência da panturrilha (edema); • Apresentação no primeiro trimestre da gravidez. A Tabela 34 lista os exames complementares utilizados para o diagnóstico da TVP, as sensibilidades, especificidades e suas vantagens e desvantagens. Tabela 32 – Fatores de risco para tromboembolismo venoso na gestação Fatores preexistentes Fatores transitórios Fatores obstétricos 1. Tromboembolismo prévio 1. Gestação Antenatal: 2. Trombofilias 2. Hiperemese gravídica 1. Reprodução assistida 3. História familiar de tromboembolismo 3. Desidratação 2. Gravidez múltipla 4. Comorbidades: LES, síndrome nefrótica, drepanocitose, câncer, paraplegia 4. Síndrome de hiperestimulação ovariana 3. Pré-eclâmpsia 5. Diabetes melito 5. Infecção Parto: 6. Doenças inflamatórias (especialmente intestinal) 6. Imobilidade 1. Trabalho de parto prolongado 7. Idade acima de 35 anos 7. Viagem de mais de 4 horas Cirúrgicos: 8. Obesidade 2. cesariana, esterilização pós-parto 9. Tabagismo 3. Natimorto 10. Varizes dos membros inferiores 4. Fórceps 11. Paridade ≥ 3 Pós-parto: 12. Passado de natimorto 1. Hemorrragia pós-parto 13. Parto pré-termo 2. Hemotransfusão LES: lúpus eritematoso sistêmico. Tabela 33 – Risco de tromboembolismo venoso associado a diferentes trombofilias Fator Prevalência na população geral (%) Risco na gravidez (%) (sem história prévia) Risco na gravidez (%) (com história prévia) Percentual de todos os tromboembolismos Fator V Leiden heterozigoto 1 a 15 0,5 a 3,1 10 40 Fator V Leiden homozigoto < 1 2,2 a 14 17 2 G20210A heterozigoto 2 a 5 0,4 a 2,6 > 10 17 G20210A homozigoto < 1 2,0 a 4,0 > 17 0,5 Fator V Leiden/G20210A heterozigoto 0,01 4,0 a 8,2 > 20 1 a 3 Deficiência de antitrombina 0,02 0,2 a 11,6 40 1 Deficiência de proteína C 0,2 a 0,4 0,1 a 1,7 4 a 17 14 Deficiência de proteína S 0,03 a 0,13 0,3 a 6,6 0 a 22 3 G20210A: mutação do gene da protrombina. 907

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=