ABC | Volume 114, Nº5, Maio 2020

Posicionamento Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez e Planejamento Familiar na Mulher Portadora de Cardiopatia – 2020 Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):849-942 dois ou mais destes fatores aumenta mais ainda o risco da doença; entretanto, é a história de trombose prévia o fator de risco individual mais importante. A recorrência de trombose nesse período está aumentada em 3 a 4 vezes, correspondendo a 15 a 25% de todos os caso de tromboembolismo na gestação. 336,337 5.2.3. Trombofilias Trombofilia compreende umestado de hipercoagulabilidade congênita ou adquirida. O problema isolado, mesmo no contexto de uma gravidez, não resulta necessariamente na ocorrência de tromboembolismo, 338 e a raridade de tromboembolismo na gravidez e a elevada incidência de trombofilias hereditárias não justificam o rastreamento sistemático dessa doença. A trombose venosa é uma doença poligênica de penetração incompleta, tornando o aconselhamento com base genética incerto. O risco de tromboembolismo associado a diferentes trombofilias e sua prevalência na população geral estão na Tabela 33. O rastreamento das trombofilias tem valor limitado em gestantes com tromboembolismo agudo porque não modifica a conduta clínica. Assim, a pesquisa de trombofilia durante a gestação é recomendada nas seguintes situações, 339 de acordo com as classes de evidências: • Fundamentada no risco clínico (classe IB); • História familiar (parentes de primeiro grau) de tromboembolismo sem causa detectável ou ocorrido durante exposição hormonal, ou fator de risco menor, ou ainda em idade abaixo de 50 anos deve ser pesquisado (classe IIC); • Tromboembolismo com fator de risco transitório menor, como viagem (classe IIC). A pesquisa de trombofilia não é recomendada nas seguintes situações: • Tromboembolismo prévio sem causa aparente (IB) e tromboembolismo relacionado ao uso hormonal ou em gestação anterior (classe IIC) requerem a indicação da tromboprofilaxia; • História pessoal da doença com fator de risco transitório maior (fratura, cirurgia, imobilidade prolongada) (classe IIB); • História obstétrica de perdas fetais recorrentes, placenta prévia, RCIU e pré-eclâmpsia. Tabela 30 – Conduta na taquicardia ventricular aguda Recomendação Cardioversão elétrica imediata como primeira escolha para gestantes com TV sustentada, com e sem instabilidade hemodinâmica Betabloqueadores, sotalol, flecainida, procainamida ou marcapassamento ventricular com frequência acima da TV ( overdrive ventricular pacing ) para reversão de TV sustentada monomórfica idiopática, hemodinamicamente estável TV: taquicardia ventricular. Tabela 31 – Conduta na taquicardia ventricular crônica Recomendação Betabloqueadores em gestantes com síndrome do QT longo e com TV polimórfica catecolaminérgica durante a gestação e o puerpério, incluindo as que estão amamentando Implante de CDI deve ser realizado antes da gestação; caso seja indicado durante a mesma, deve ser realizado com um mínimo de radiação (guiado por ecocardiograma, por exemplo) e, preferencialmente, após o primeiro trimestre Betabloqueadores ou verapamil para prevenção dos episódios de TV sustentada idiopática Sotalol ou flecainida para prevenção dos episódios de TV sustentada idiopática, se outras substâncias não forem efetivas Ablação por cateter, com a utilização de sistemas de mapeamento eletroanatômico, para as TV sustentadas mal toleradas ou refratárias ao tratamento com antiarrítmicos CDI: cardioversor desfibrilador implantável; TV: taquicardia ventricular. Tabela 29 – Conduta na taquicardia supraventricular crônica Recomendação Betabloqueadores ou verapamil para a prevenção de TPSV em gestantes sem pré-excitação ao ECG Betabloqueadores para o controle da resposta ventricular em gestantes com FA ou taquicardia atrial Flecainida ou propafenona para prevenção de TPSV em pacientes com síndrome de Wolff-Parkinson-White Flecainida, propafenona ou sotalol para prevenção de TPSV, taquicardia atrial e FA quando não há resposta aos betabloqueadores Digoxina ou verapamil para o controle da frequência cardíaca nas taquicardia atrial e FA quando não há resposta aos betabloqueadores Ablação por cateter com a utilização de sistemas de mapeamento eletroanatômico para as TSV mal toleradas ou refratárias ao tratamento com antiarrítmicos ECG: eletrocardiograma; FA: fibrilação atrial; TPSV: taquicardia paroxística supraventricular; TSV: taquicardias supraventriculares. 906

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