ABC | Volume 114, Nº4, Suplemento, Abril 2020

Correlação Clínico-radiográfica Caso 1/2020 – Coartação da Aorta Ístmica Muito Acentuada em Jovem com Hipertensão Arterial, Aliviada por Cateterismo Intervencionista Case 1/2020 – Very Accentuated Isthmic Coarctation of the Aorta in a Young Individual with Arterial Hypertension Relieved by Interventional Catheterization Edmar Atik, 1 Raul Santiago Arrieta, 2 Renata Cassar 2 Clínica Particular Dr. Edmar Atik, 1 São Paulo, SP – Brasil Hospital Sírio Libanês de São Paulo, 2 São Paulo, SP – Brasil Palavras-chave Cardiopatia Congênita/cirurgia; Coartação Aórtica/cirurgia; Estresse Psicológico; Hipertensão; Angioplastia com Balão/ métodos; Stent . Correspondência: Edmar Atik • Consultório privado. Rua Dona Adma Jafet, 74, conj.73, Bela Vista. CEP 01308-050, São Paulo, SP – Brasil E-mail: conatik@incor.usp.br DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20190484 Dados clínicos Havia sido detectada hipertensão arterial há 6 meses após estresse estudantil em jovem de 16 anos de idade. Na ocasião imagens diagnósticas realizadas (ecocardiograma e angiotomografia) comprovaram a presença de coartação da aorta extrema na região ístmica, com muitas colaterais que preenchiam a aorta descendente. A pressão arterial de 170/80 mmHg diminuiu para níveis de 130 a 150/80 mmHg com o uso de propranolol-80 mg/dia. Havia sido operado anteriormente para fechamento de comunicação interatrial com 4 anos de idade. Referia cansaço aos esforços há alguns meses. Exame físico: Bom estado geral, eupneico, acianótico, pulsos amplos nos membros superiores e ausentes nos inferiores. Peso: 45,5 Kg, Alt.: 163 cm, PAMSD e PAMSE = 155/80 mmHg, FC: 55 bpm. Aorta facilmente palpada na fúrcula. Precórdio: ictus cordis não palpado e sem impulsões sistólicas na borda esternal esquerda. Bulhas cardíacas normofonéticas, sopro sistólico rude, ++/4 na fúrcula e faces laterais do pescoço e sopro diastólico suave e aspirativo, +++/4, na borda esternal esquerda. Não eram audíveis sopros no dorso do tórax. Fígado não palpado e pulmões limpos. Exames complementares Eletrocardiograma: Ritmo sinusal, sinais de sobrecarga de ventrículo esquerdo com índice de Sokollof de 46 mm e com repolarização ventricular normal. AP =+40 o , AQRS =+60 o , AT = +30 o . Radiografia de tórax: Área cardíaca normal (índice cardiotorácico = 0,50). Pedículo vascular alto mostra imagem em três (3) com maior dilatação na parte inferior orientando ao diagnóstico da coartação da aorta nessa região. Havia sinais de corrosão costal à direita (Figura 1). Ecocardiograma: Salienta cavidades cardíacas normais e sem hipertrofia miocárdica. Gradiente máximo de 14,7 e médio de 6,8 mmHg na valva aórtica. As dimensões eram: Ao = 27, AE = 28, VE = 47, septo = 9, FE-VE = 68%, PS‑VD = 28 mmHg. Angiotomografia: Coartação da aorta após a emergência da artéria subclávia esquerda com circulação colateral evidente e pronunciada. Aorta ascendente= 28 mm, aorta descendente após a CoAo = 21 mm e a aorta tóraco-abdominal = 14 mm. Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) : Pressão arterial máxima = 170/100 mmHg e na maioria do tempo = 130-140/60-70 mmHg. Holter: Extrassístoles ventriculares em número de 2.315 (3%) dentre 77 166 batimentos. Diagnóstico clínico: Coartação da aorta acentuada na região ístmica com circulação colateral exuberante e valva aórtica bivalvular em evolução natural de jovem com hipertensão arterial. Raciocínio clínico: Os elementos diagnósticos da coartação da aorta eram evidentes, representados pela ausência dos pulsos arteriais nos membros inferiores, a hipertensão arterial nos membros superiores, acompanhados do sopro sistólico na fúrcula, e da sobrecarga de ventrículo esquerdo no eletrocardiograma, além da imagem em três (3) na radiografia de tórax. A confirmação diagnóstica facilmente foi estabelecida pelas imagens do ecocardiograma e da angiotomografia. Diagnóstico diferencial : A coartação da aorta congênita deve ser distinguida de anomalias adquiridas que também causam obstrução em vários níveis da aorta, como na doença de Takayassu. Conduta: Dos dois caminhos para a correção da coartação da aorta, o cirúrgico 1 e o percutâneo, 2 houve opção pelo último. Antes, foi realizado o cateterismo cardíaco que revelou pressão na aorta ascendente de 150/80 com média de 96 mmHg e na aorta descendente de 50/30 e 40 mmHg de média. A angiografia salientava estreitamento progressivamente maior a partir da artéria subclávia esquerda, cujo diâmetro de 12 mm era o mesmo do da croça da aorta, até cerca de 40 mm abaixo, quando então se tornava puntiforme com orifício máximo de 2 mm e dilatação pós estenótica de 18 mm de diâmetro. Havia grande circulação colateral. Com esse quadro, foi realizada a pré-dilatação com balão Mustang (Boston- 5/20 mm) da região ístmica com coartação. Nova angiografia mostrou aumento do diâmetro da aorta com coartação, sem sinais de dissecção ou 38

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