ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Artigo Original Carrion et al. Disfunção ventricular direita e transplante cardíaco Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):638-644 Análise estatística Os dados contínuos com distribuição normal foram expressos como média e desvio padrão, e os dados categóricos foram representados como frequências absolutas e relativas. As variáveis ecocardiográficas foram comparadas utilizando ANOVA ajustada para cada paciente com TC, contemplando medidas repetidas. Todas as análises estatísticas foram realizadas no pacote de software SPSS. Todos os testes foram bilaterais, e foram considerados estatisticamente significantes os valores de p < 0,05. Resultados A maioria dos receptores do TC (n = 19) acompanhados neste estudo eram mulheres (n = 11; 58%), com uma idade média de 48 ± 12,4 anos. Em geral, poucos tinham comorbidades, e a etiologia principal da insuficiência cardíaca era de origem não isquêmica. A maioria dos doadores eram homens jovens, com uma idade média de 29 anos (Tabela 1). Das 257 biópsias realizadas neste período, os resultados de 66% (n = 170) estavam correlacionados às ecocardiografias. Das biópsias excluídas da análise (87 sem ecocardiogramas correspondentes), 24 apresentaram rejeição 1R; duas apresentaram rejeição 2R; e uma apresentou rejeição 3R. Das 170 biópsias analisadas neste estudo, 15 biópsias de 12 pacientes pós TC apresentaram rejeição 2R, e 155 apresentaram nenhuma evidência de rejeição celular ou rejeição 1R (n = 130 e n = 25, respectivamente). Estrutura e função cardíaca Em comparação com os exames dos pacientes sem rejeição ou com rejeição 1R, os ecocardiogramas das biópsias correspondentes aos episódios de rejeição 2R revelarammaior espessura da parede posterior do VE, que não refletiu um aumento na massa do VE ou na espessura relativa da parede. Nos exames dos pacientes com rejeição 2R, as medidas da função diastólica apresentaram um aumento na relação E/e’ medial e lateral e na relação E/A (Tabela 2). A função sistólica do VE não diferiu entre os grupos quando foi avaliada pelo método tradicional (FEVE) ou pelo SLG VE (−20,2 ± 3,3% no grupo 0R/1R vs. −19,5 ± 3,3% no grupo 2R, p = 0,351). Por outro lado, a função sistólica do VD foi reduzida no grupo 2R em comparação com o outro grupo, quando avaliada por TAPSE, onda S e VFA do VD. Adicionalmente, SLG VD (−22,97 ± 4,4% no grupo 0R/1R vs. −20,6 ± 4,9% no grupo 2R, p = 0,038) foi reduzido no grupo 2R, em comparação com o grupo 0R/1R (Figura 3). Discussão Nesta análise retrospectiva de 170 ecocardiogramas e biópsias endomiocárdicas correspondentes, o nosso achado Tabela 1 – Características de linhas de base da população do estudo Variável Valor Pacientes de TC (n = 19) Sexo masculino, n (%) 8 (42%) Idade no momento do TC (anos) 47,7 ± 12,4 Comorbidades Diabetes, n (%) 5 (25%) Hipertensão, n (%) 4 (20%) Obesidade, n (%) 4 (20%) Acidente vascular cerebral, n (%) 5 (25%) Dislipidemia, n (%) 1 (5%) Doença vascular periférica, n (%) 3 (15%) Tabagismo atual, n (%) 7 (35%) Tempo até TC (dias) 80 ± 105 Tempo isquêmico antes do TC (min) 225 ± 57 Etiologia da insuficiência cardíaca Doença isquêmica cardíaca, n (%) 2 (10%) Cardiomiopatia não-isquêmica, n (%) 17 (89%) Doadores Sexo masculino, n (%) 13 (65%) Idade (anos) 29 ± 7,6 Área de superfície corporal (m 2 ) 1,78 ± 1,4 Tabagismo atual, n (%) 0 (0%) Dados expressos como média ± desvio padrão ou n (%). TC: transplante cardíaco. 641

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