ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Minieditorial Pisani e Scanavacca Ressonância após a ablação de FA Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):636-637 associação da extensão de cicatrização do AE a menor recorrência de FA após a ablação; e a metanálise que incluiu quatro estudos com 319 pacientes também confirmou que a maior extensão de fibrose atrial após a ablação, associa-se a menor taxa de recorrência de arritmias atriais (diferença média padrão = 0,52; IC 95% 0,27 – 0,76; p < 0,0001). Esses dados são compatíveis com a expectativa de que os pacientes com maior taxa de isolamento das áreas de interesse, apresentem maior extensão de fibrose após a ablação. Entretanto, o estudo não deixa claro se o efeito benéfico foi devido a menor ocorrência de gaps nas lesões criadas ou se foi devido a maior extensão da ablação, por exemplo, para outras áreas como a parede posterior do AE ou septo atrial. Evidências atuais mostram que lesões extensas e controladas utilizando as novas tecnologias que produzem lesões mais efetivas e duradouras, com menos reconexões, seja com radiofrequência 13 ou crioablação 14 estão atualmente melhorando os resultados da ablação de FA. Portanto, esses resultados devem ser interpretados com cautela, pois a criação de lesões atriais extensas, não homogêneas podem inclusive promover maior recorrência de arritmias atriais, especialmente as taquicardias atriais cicatriciais que em algumas situações podem até ser mais sintomáticas e de manejo mais complexo que a própria FA. 8 Um complicador adicional é a falta de estudos demonstrando a reprodutibilidade das análises das áreas de fibrose atrial quando utilizados diferentes métodos de avaliação das imagens seja com softwares dedicados para processamento automático das imagens ou não. Nesse sentido, existem poucos estudos comparando as observações obtidas com a RNM com os mapas eletroanatômicos que efetivamente dirigem as ablações de FA no procedimento inicial e nas recorrências, inclusive com alguns casos sem boa concordância dos mapas com a cicatriz na RNM. 11 Concluindo, a despeito do grande potencial que as imagens obtidas pela RNM com realce tardio com gadolínio, estudos adicionais são necessários para comprovar sua reprodutibilidade e efetividade na identificação da presença e no reconhecimento das características da fibrose atrial na seleção de pacientes que serão submetidos a ablação de FA e naqueles que já a realizaram. 1. Haissaguerre M, Jais P, Shah DC, Takahashi A, Hocini M, Quiniou G, et al. Spontaneous initiation of atrial fibrillation by ectopic beats originating in the pulmonary veins. N Engl J Med. 1998;339(10):659-66. 2. Ouyang F, Bansch D, Ernst S, Schaumann A, Hachiya H, Chen M, et al. Complete isolation of left atrium surrounding the pulmonary veins: new insights from the double-Lasso technique in paroxysmal atrial fibrillation. Circulation. 2004;110(15):2090-6. 3. Nattel S. Paroxysmal atrial fibrillation and pulmonary veins: relationships between clinical forms and automatic versus re-entrant mechanisms. Can J Cardiol. 2013;29(10):1147-9. 4. Burstein B, Nattel S. Atrial fibrosis: mechanisms and clinical relevance in atrial fibrillation. J Am Coll Cardiol. 2008;51(8):802-9. 5. Nattel S, Dobrev D. Themultidimensional role of calcium in atrial fibrillation pathophysiology: mechanistic insights and therapeutic opportunities. Eur Heart J. 2012;33(15):1870-7. 6. Guichard JB, Nattel S. Atrial Cardiomyopathy: A Useful Notion in Cardiac DiseaseManagementoraPassingFad?JAmCollCardiol.2017;70(6):756-65. 7. Calkins H, Hindricks G, Cappato R, KimYH, Saad EB, Aguinaga L, et al. 2017 HRS/EHRA/ECAS/APHRS/SOLAECEexpertconsensusstatementoncatheter and surgical ablation of atrial fibrillation. Europace. 2018;20(1):e1-e160. 8. Verma A, Jiang CY, Betts TR, Chen J, Deisenhofer I, Mantovan R, et al. Approaches to catheter ablation for persistent atrial fibrillation. NEngl J Med. 2015;372(19):1812-22. 9. Marrouche NF, Wilber D, Hindricks G, Jais P, Akoum N, Marchlinski F, et al. Association of atrial tissue fibrosis identified by delayed enhancement MRI and atrial fibrillation catheter ablation: the DECAAF study. Jama. 2014;311(5):498-506. 10. King JB, Azadani PN, Suksaranjit P, Bress AP, Witt DM, Han FT, et al. Left Atrial Fibrosis and Risk of Cerebrovascular and Cardiovascular Events in Patients With Atrial Fibrillation. J Am Coll Cardiol. 2017;70(11):1311-21. 11. Bisbal F, Guiu E, Cabanas-Grandio P, Berruezo A, Prat-Gonzalez S, Vidal B, et al. CMR-guided approach to localize and ablate gaps in repeat AF ablation procedure. JACC Cardiovasc Imaging. 2014;7(7):653-63. 12. Correia ETO, Barbetta L, Mesquita ET. Extent of Left Atrial Ablation Lesions and Atrial Fibrillation Recurrence after Catheter Ablation - A Systematic Review and Meta-Analysis. Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):627-635. 13. Phlips T, Taghji P, El Haddad M, Wolf M, Knecht S, Vandekerckhove Y, et al. Improving procedural and one-year outcome after contact force- guided pulmonary vein isolation: the role of interlesion distance, ablation index, and contact force variability in the ‘CLOSE’-protocol. Europace. 2018;20(FI_3):f419-f27. 14. Kuck KH, Furnkranz A, Chun KR, Metzner A, Ouyang F, Schluter M, et al. Cryoballoon or radiofrequency ablation for symptomatic paroxysmal atrial fibrillation: reintervention, rehospitalization, and quality-of-life outcomes in the FIRE AND ICE trial. Eur Heart J. 2016;37(38):2858-65. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 637

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=