ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Artigo Original Mejia et al Qualidade, a nova era na cirurgia cardiovascular Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):603-612 Tabela 1 – Quantidade de Procedimentos por Grupo Cirúrgico no InCor nos 5 períodos Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 Total 2.122 2.812 3.806 2.943 3.139 Grupos escolhidos Coronária 856 1.013 1.106 638 597 Valvas 400 434 597 372 465 Congênitas 403 497 685 530 615 Arritmias 238 606 1.018 1.146 1.165 Tabela 2 – Taxa de Mortalidade por Grupo Cirúrgico do InCor nos 5 períodos Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 Total 5,79% 4,75% 4,86% 7,78% 4,99% Grupos escolhidos Coronária 4,44% 4,29% 4,79% 5,78% 3,14% Valvas 7,63% 7,95% 8,44% 13,96% 7,47% Congênitas 8,85% 7,94% 5,27% 12,13% 9,60% Arritmias 2,15% 0,94% Circulação Extracorpórea (CEC) e a Plastia Valvar, para os períodos 4 e 5. O volume anual médio das CRM sem CEC diminuiu 49,8% (p = 0,0040) e a mortalidade aumentou 0,8% (p = 0,7018). Assimmesmo, o volume anual médio das Plastias Valvares caiu 5,7% (p = 0,8081), mas a mortalidade caiu 3,8% (p = 0,0427). Discussão Realizamos uma análise de séries temporais do volume e da mortalidade das cirurgias cardiovasculares em >35 anos do InCor, uma das maiores instituições da América Latina que, em 2016, estabeleceu seu PMCQ. Essas informações são provenientes do banco de dados do InCor, desde sua origem em 1984, na mesma época em que era estabelecido o banco de dados do estado de Nova York. 10 Esse foi também o período em que uma série de escores de risco começavam a surgir no mundo, com o intuito de estratificar pacientes, ajustar o risco e monitorar os resultados. 11 Essas iniciativas chegaram num momento em que os pacientes ficavam mais comórbidos e, ao mesmo tempo, eram realizadas cirurgias mais complexas devido ao aumento da expectativa de vida. 12 O cenário se tornava ideal para começar a medir resultados e otimizar estratégias. Talvez, um dos projetos de maior impacto na melhoria contínua dos resultados tenha sido a criação do EuroSCORE 13 e do STS 14 que, através do cálculo da mortalidade esperada, permitiu o planejamento, o preparo e, até mesmo, a busca por novas alternativas de tratamento para os pacientes. A partir da adoção desses instrumentos na prática cirúrgica, o fenômemo aconteceu. Enquanto os centros começavam a se medir, resultados observados começavam a melhorar ao ponto dos escores precisarem se recalibrar para sobreviver. 15 No InCor, as medições começaram em 2007, com a incorporação do EuroSCORE e o 2000 Bernstein Parsonnet no cálculo da mortalidade esperada. 4 Esses modelos, que foram primeiramente validados, serviram para a elaboração de um modelo próprio: o InsCor. 5 Na evolução dos resultados, isso corresponde ao período 4 desta análise, período em que a cultura dos dados e da medição dos resultados começava a se afirmar, embora a diminuição do volume cirúrgico do InCor, tanto no geral como nos subgrupos, levavam a um aumento proporcional das taxas de mortalidade cirúrgica. Além disso, nesse período, embora existissem algumas implementações de melhoria, elas não eram convergentes e, portanto, não conseguiam ser estruturadas e muito menos sustentáveis. O sucesso dos centros que já tinham começado a trabalhar na organização e estruturação dos programas de melhoria começava a ficar evidente. Nessa vertente, em 2012, a Associação Europeia de Cirurgia Cardio-Torácica (EACTS) estabeleceu seu Programa de Melhoria da Qualidade (QUIP) com o objetivo de melhorar os resultados, bem como integrar estratégias de melhoria da qualidade. 16 O Departamento de Cirurgia Cardiovascular do InCor começou a criar iniciativas de melhoria através de uma cultura organizacional que focava na diminuição dos resultados de mortalidade, seguindo as metas estabelecidas. Essas metas inicialmente seguiam dados históricos, o que significa crescer acima dos próprios resultados. Essa é uma das melhores formas de se criar resultados progressivos e sustentáveis. Tendo em vista a importância dos registros multicêntricos e do aprendizado contínuo e colaborativo, o InCor, através de uma parceria com a SES-SP, e a FAPESP criaram, em 2013, o Registro Paulista de Cirurgias Cardiovasculares. 6 Após essa iniciativa, o InCor passou também a entender 606

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