ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Artigo Original Souza et al. Descenso pressórico do sono em chagas agudo Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):711-715 1. WHO). Sustaining the drive to overcome the global impact of neglected tropical diseases: second WHO report in neglected tropical diseases. Geneva; 2013. 2. Dias JCP, Human Chagas Disease and Migration in the Context Of Globalization: some Particular Aspects. J Trop Med. 2013, ID 789758, 9 pages, doi 10.1155/2013/789758. 3. De Goes EC, Dos Santos SO, Sojo-Milano M, Amador EC, Tatto E, Souza DS, et a 1. WorldHealthOrganization.(l.AcuteChagasdisease intheBrazilianAmazon: epidemiological and clinical features. Int J Cardiol. 2017, 235:176-8. 4. Pinto AY, Ferreira AG Jr, Valente V, Harada GS, Valente AS. Urban outbreak of acute Chagas disease in Amazon region of Brazil: four-year follow-up after treatment with benznidazole. Rev PanamSalud Publica, 2009, 25(1):77-83. 5. Barreto-de-Albuquerque J, Silva-dos-Santos D, Pérez AR, Berbere LR, Santana van Vilet E, Farias deOliveira DA, Moreira OC, et al. Trypanosoma cruzi Infection through the oral route promotes a severe infection in mice: New disease form from an old infection? PLoS Negl Trop Dis. 2015; 9(6):e0003849. 6. Melo ROU, Toledo JCY, Loureiro AAC,Cipullo JP, Moreno Jr H, Martin JF. Absence of Nocturnal Dipping is Associated with Stroke and Myocardium Infarction. Arq Bras Cardiol. 2010; 94(1):74-80. 7. V Diretrizes Brasileiras de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPAV) e III Diretrizes Brasileiras deMonitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA III). Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia. Arq Bras Cardiol .2011; 97(3 Supl 3):1-24. 8. Correa-Araujo R, Oliveira JS, Cruz AR. Cardiac levels of norepinephrine, dopamine, serotonin and histamine in Chagas’disease. Int J Cardiol. 1991;31(3):329-36. 9. Rassi Jr A, Rassi A, Marin-Neto J. Chagas disease. Lancet. 2010; 375(9723):1388-402. 10. Truccolo AB, Dipp T, Eibel B, Ribeiro A, Casali KR, Irigoyen MC,et al. Associação entre Função Endotelial e a Modulação Autonômica em Pacientes comDoença de Chagas. Arq Bras Cardiol. 2013;100(2):135-40. Referências da cardiopatia chagásica e se associa com a progressão da disfunção ventricular. 14 Porém, na fase aguda, são escassos os estudos relacionados com a função autonômica. As evidências demonstram acometimento do sistema nervoso autônomo principalmente do parassimpático logo após a infecção inicial, ou seja, na fase indeterminada da doença de Chagas. 15 A variação fisiológica da pressão arterial tem característica circadiana, flutuando ao longo das 24 horas, mas com queda durante o sono. Essa queda, detectada pela MAPA, normalmente excede 10% da PA na vigília, e é observada em cerca de 95% dos indivíduos normotensos. 16 Durante o sono, ocorremmudanças específicas das funções autonômicas e endócrinas, com redução da atividade simpática e um predomínio da atividade parassimpática, proporcionando, assim, a queda pressórica fisiológica. 17,18 As observações na prática clínica que muitos pacientes com DCA que realizaram a MAPA por qualquer motivo não apresentavam descenso da pressão durante o sono motivaram a realização de um estudo sistematizado para avaliar o comportamento da PA na MAPA. Foram incluídos no grupo controle somente indivíduos sadios do ponto de vista cardiovascular, sem história prévia de hipertensão, diabetes ou doenças cardiovasculares. Todos eram normotensos na avaliação de consultório (PA<140/90 mmHg, médias das duas últimas medidas). Os pacientes estavam somente em uso de benzonidazol, antiparasitário administrado na forma oral, usado de forma específica contra o T. cruzi o protozoário causador da Doença de Chagas, para o tratamento etiológico da DCA. Observou-se ausência do descenso do sono em uma proporção muito alta, em mais da metade dos pacientes com DCA, e ascensão noturna da pressão em taxa significativa de pacientes (12,9% para a sistólica e 18,5% para a diastólica). Os aspectos neuro-humorais da fase aguda ainda são pouco conhecidos, notadamente devido às características epidemiológicas e as dificuldades do diagnóstico. Entretanto, atualmente, com a mudança do perfil da doença, e o aumento dos casos onde a contaminação ocorreu por via oral, com carga parasitária mais intensa, observamos um estado clínico mais exuberante. 19 Esta ausência do descenso do sono, observada na fase aguda, pode ser reflexo de algum distúrbio no sistema nervoso autônomo. Uma limitação deste estudo foi não ter realizado a variabilidade RR, pois pretendíamos somente avaliar o comportamento da pressão nas 24h. Conclusões Os resultados deste estudo sugerem que a MAPA pode ser uma ferramenta útil para detecção precoce de alterações autonômicas na fase inicial da doença de Chagas. Por se tratar de um estudo descritivo de pacientes na fase aguda da doença, não é possível entender o real significado dessas alterações, pois a ausência de descenso ainda é controversa quanto à reprodutibilidade e repercussões clínicas em longo prazo. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa e Obtenção de dados: Souza DS, Oliveira CB, Maciel BG, Maciel MTS, Póvoa R; Análise e interpretação dos dados: Bianco HT, Póvoa R; Análise estatística e Redação do manuscrito: Souza DS, Bianco HT, Póvoa R; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Bianco HT, Fonseca FAH, Izar MC, Póvoa R. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação. 714

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