ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Minieditorial É Hora de Incluir o Treinamento de Equilíbrio nos Programas de Reabilitação Cardíaca de Pacientes com Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada Time to Include Balance Training in the Cardiac Rehabilitation Programs of Patients with Heart Failure with Preserved Ejection Fraction Fernando Ribeiro 1 Instituto de Biomedicina (iBiMED) - Escola Superior de Saúde - Universidade de Aveiro, 1 Aveiro – Portugal Minieditorial referente ao artigo: Equilíbrio Dinâmico e Mobilidade Explicam a Qualidade de Vida na ICFEP, Superando Todos os Outros Componentes da Aptidão Física Correspondência: Fernando Ribeiro • Universidade de Aveiro - Edifício 30 Agras do Crasto - Campus Universitário de Santiago. 3810-193, Aveiro – Portugal E-mail: fernando.ribeiro@ua.pt Palavras-chave Insuficiência Cardíaca/fisiopatologia, Reabilitação Cardíaca; Volume Sistólico; Débito Cardíaco; Hospitalização. O ônus da insuficiência cardíaca exerce um impacto pessoal, social e econômico significativo, não apenas nos pacientes e suas famílias, mas também na sociedade (incluindo os sistemas de saúde). A insuficiência cardíaca é uma condição crônica e progressiva que afeta um grande número de indivíduos em todo o mundo (> 37,7 milhões de casos estimados em 2010). 1 É caracterizada por sintomas típicos (por exemplo, falta de ar e fadiga) que podem ser acompanhados por sinais (por exemplo, edema periférico) causados por anormalidades cardíacas – estruturais e /ou funcionais –, resultando em débito cardíaco reduzido e/ ou pressões intracardíacas elevadas em repouso ou durante o estresse. 2 A insuficiência cardíaca foi categorizada em insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp), intermediária (ICFEm) e reduzida (ICFEr), de acordo com a fração de ejeção do ventrículo esquerdo. 2 A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada tornou-se um fenótipo cada vez mais reconhecido; apesar de ser considerada uma condição que afeta principalmente indivíduos idosos, representa aproximadamente metade de todos os casos de insuficiência cardíaca. 3,4 Apesar das terapias farmacológicas e dos dispositivos disponíveis, o prognóstico dos pacientes com insuficiência cardíaca, qualidade de vida e sobrevida em 5 anos permanecem ruins 5 e similares em todas as categorias de insuficiência cardíaca. 4-6 A insuficiência cardíaca é uma causa frequente de hospitalização, principalmente em idosos. 7 Indivíduos idosos com insuficiência cardíaca hospitalizados por causas cardiovasculares, como insuficiência cardíaca descompensada aguda, são geralmente frágeis e apresentam baixa qualidade de vida e comprometimentos graves em vários componentes da aptidão física, incluindo capacidade de exercício, força muscular, equilíbrio e mobilidade. 8 Essas deficiências podem ajudar a explicar por que as hospitalizações de pacientes com ICFEp estão frequentemente relacionadas a causas não cardiovasculares. 9 Menor aptidão física, comprometimento do equilíbrio e da mobilidade funcional, e o uso de alguns medicamentos (por exemplo, digoxina) aumenta o risco de quedas em pacientes idosos com insuficiência cardíaca. Foi relatada não apenas uma associação entre insuficiência cardíaca e aumento do risco de queda, mas também uma taxa de queda muito maior (43%) em pacientes com insuficiência cardíaca em comparação com pacientes com doença arterial coronariana (34%) ou diabetes mellitus (28%). 10,11 A aptidão física é um construto de atributos relacionados à saúde (composição corporal, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade, resistência muscular, força) e relacionados ao desempenho desportivo (equilíbrio, agilidade e coordenação, velocidade e tempo de reação) que se refere à habilidade de nossos sistemas corporais em trabalhar juntos de forma eficiente. Nesta edição da revista, Schmidt et al. 12 exploram essa questão em uma coorte de pacientes idosos (média de idade: 76 ± 6 anos) com ICFEp. Os autores avaliaram a associação entre diferentes componentes da aptidão física – capacidade de exercício, força de preensão manual, equilíbrio dinâmico e mobilidade e composição corporal – e as dimensões da qualidade de vida de pacientes com ICFEp. Eles também avaliaram quais componentes da aptidão física eram independentemente associados à qualidade de vida relacionada à saúde. Os autores realizaram um estudo transversal com uma amostra de conveniência de 24 pacientes (17 mulheres e 7 homens), 79% deles com classe funcional II da New York Heart Association (NYHA) (n = 19) e apenas quatro pacientes (21%) com classe funcional III da NYHA. Eles encontraram uma associação significativa entre a distância atingida no teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) (capacidade de exercício) e o escore no teste 8-foot Up and Go (equilíbrio dinâmico e mobilidade) com o escore total e a dimensão física do Minnesota Living With Heart Failure Questionnaire (qualidade de vida relacionada à saúde), mas apenas o equilíbrio dinâmico e a mobilidade foram concomitantemente associados à dimensão emocional. Curiosamente, apenas o desempenho no teste 8-foot Up and Go (equilíbrio dinâmico e mobilidade) foi associado à qualidade de vida – escore total, dimensões físicas e emocionais – após o ajuste para idade, sexo e classe funcional da NYHA. Os pacientes com melhor equilíbrio também relataram melhor qualidade de vida. Neste estudo, DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20200157 708

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