ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Artigo Original Schmidt et al Aptidão física e qualidade de vida na ICFEP Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):701-707 Results: Both CRF and dynamic balance and mobility are significantly associated with the total score and physical dimensions of QoL (p<0.05), but only dynamic balance and mobility were concomitantly associated with the emotional dimension (r=0.597; p=0.004). Dynamic balance and mobility were independently associated with total score ( β =0.651; r2=0.424; p=0.001), physical ( β =0.570; r2=0.324; p=0.04) and emotional ( β =0.611; r2=0.373 p=0.002) dimensions of QoL. Conclusion: Our data suggests that dynamic balance and mobility better assess QoL than CRF, which is commonly measured in clinical practice. Whether interventions specifically targeting dynamic balance and mobility have different impacts on QoL remains unknown. (Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):701-707) Keywords: Heart Failure/physiopathology; Work-Life Balance/methods; Physical Fitness; Quality of Life; Breathing Exercises; Body Composition. Full texts in English - http://www.arquivosonline.com.br Introdução A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é responsável por metade de todos os casos de IC na população do mundo desenvolvido. 1 A manifestação mais comum da doença é a intolerância ao exercício, que afeta a capacidade do paciente de lidar com as atividades da vida diária e reduz sua qualidade de vida (QV). 2 Além disso, a QV está relacionada a desfechos ruins, como maior frequência de readmissão hospitalar e maiores taxas de mortalidade. 3 Apesar de sua alta prevalência e prognóstico ruim, a ICFEP permanece uma doença sem tratamento aprovado que melhore a sobrevida. 4 Portanto, as recomendações atuais para o tratamento desses pacientes destacam a importância de se concentrar em tratamentos eficazes, capazes de aliviar os sintomas e melhorar significativamente a QV. 5 Níveis reduzidos de aptidão física estão associados à baixa QV em pacientes com ICFEP. 6,7 É importante ressaltar que o treinamento com exercícios mostrou melhora na aptidão física, juntamente com uma melhora nos sintomas e na QV. 6,7 Como a aptidão física e a QV estão relacionadas entre si, concentrar- se na aptidão física com programas de exercícios físicos pode ser uma estratégia eficaz para atingir as recomendações para o manejo de pacientes com ICFEP. 5 Entretanto, a aptidão física é um construto de múltiplos componentes (por exemplo, equilíbrio dinâmico e mobilidade, aptidão muscular, aptidão cardiorrespiratória (ACR) e composição corporal) 8 e, em paralelo, a QV é um construto multidimensional (por exemplo, dimensão geral, emocional e física). 9 Até agora, ainda não se sabe como os diferentes componentes da aptidão física se relacionam com as dimensões específicas da QV em pacientes com ICFEP. Até o momento, foi demonstrado apenas que uma maior ACR está associada a uma melhor QV, principalmente em relação à dimensão física. 7,10 Entretanto, a influência de outros componentes da aptidão física nas dimensões da QV é relativamente desconhecida. Portanto, o esclarecimento dessa questão pode ter implicações clínicas importantes no desenho de programas intervencionistas específicos para pacientes com ICFEP, visando o componente de aptidão física, o qual têm o maior impacto na QV em geral ou em uma de suas dimensões reduzidas. Portanto, os objetivos do presente estudo são duplos: i) avaliar a associação entre diferentes componentes da aptidão física (ACR, força da parte superior do corpo, equilíbrio dinâmico e mobilidade e composição corporal) e as dimensões da QV (total, física e emocional) em pacientes com ICFEP, e ii) examinar quais componentes da aptidão física estão independentemente associados a diferentes dimensões da QV nessa população específica. Métodos Desenho do estudo Trata-se de um estudo transversal realizado em um hospital público português (Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo Antônio, Porto) com uma amostra de conveniência de ICFEP. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de ICFEP de acordo com as diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia. 11 Os pacientes foram excluídos se apresentassem angina instável, síndrome coronariana aguda como diagnóstico primário, estenose aórtica grave sintomática, embolia pulmonar aguda, miocardite aguda, insuficiência cardíaca descompensada, hipertensão não-controlada, arritmias ventriculares complexas, disfunção renal grave, doença pulmonar obstrutiva crônica grave, condições médicas ou ortopédicas que impediam a deambulação independente e a realização do teste ergométrico. Os pacientes potencialmente elegíveis para participar do estudo foram identificados nos prontuários clínicos do departamento de cardiologia do hospital. Um total de 30 pacientes foram convidados por telefone por um cardiologista. Desses, 24 pacientes (17 mulheres e 7 homens) aceitaram participar do estudo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo Antônio (N / S: 2015.125) e atendeu aos padrões éticos da Declaração de Helsinque. Os dados foram coletados de novembro de 2016 a setembro de 2017 em um único dia no hospital. Coleta de dados Pressão sanguínea Um pesquisador treinado realizou medições da pressão arterial (PA) após 10 minutos em repouso na posição sentada. A PA foi avaliada (Colin, BP 8 800; Critikron, Inc., EUA) em ambos os braços, e o braço com a PA mais alta foi utilizado. PA sistólica e PA diastólica foram calculadas como a média de 3 leituras, com 2 minutos de intervalo entre elas. Leituras adicionais foram realizadas quando as diferenças entre as leituras excederam 5 mmHg. 12 702

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