ABC | Volume 114, Nº4, Abril 2020

Artigo Original Scherr et al. Interleucina 18, proteína precursora do trombo DAC Arq Bras Cardiol. 2020; 114(4):692-698 dos biomarcadores. A seleção foi feita de forma sequencial, respeitando-se os critérios de inclusão, à medida que esses pacientes davam entrada na unidade hospitalar. Os pacientes pertencentes ao Grupo II foram selecionados de forma sequencial a partir da história clínica de DAC crônica comprovada por algum método de imagem (cateterismo cardíaco - CAT ou angiotomografia de corononária - angio-TCc) ou relato clínico de IAM prévio (com exames complementares comprobatórios – eletrocardiograma - ECG e marcadores miocárdicos). O Grupo III (controle) foi constituído por pacientes que apresentavam fatores de risco para DAC na ausência de lesão coronariana obstrutiva no momento da admissão ao banco de dados. A ausência de lesão coronariana aterosclerótica obstrutiva foi descartada através de cateterismo cardíaco ou angiotomografia de coronárias. Critérios de inclusão Grupo I (agudo) – SCA (IAMCSST, IAMSSST e AI): a) IAM com ou sem supradesnivelamento de ST comprovado por curva de marcadores de necrose miocárdica positiva (troponina), associada ao ECG; b) AI a partir da clínica classicamente descrita e exames complementares (eletrocardiograma - ECG e cateterismo cardíaco - CAT); c) dosagem dos biomarcadores realizada nas primeiras 48 horas a partir do início dos sintomas. Grupo II (crônico) – DAC crônica: a) comprovação por método de imagem (cateterismo cardíaco ou angiotomografia de coronárias) ou por história clínica de doença coronariana prévia – IAM prévio (diagnóstico com mais de seis meses comprovado por ECG e marcadores de necrose). Grupo III (controle): a) presença ou não de um ou mais fatores de risco para DAC: HAS, dislipidemia (DLP), DM, sedentarismo, tabagismo, ex-tabagismo, insuficiência renal crônica, obesidade; b) exame de imagem cardíaca que comprove ausência de lesão coronariana obstrutiva – CAT ou angio-TCc – realizado nos últimos seis meses que antecederam a admissão ao banco de dados. Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: • Grupo I (agudo) : a) revascularização miocárdica com menos de seis meses; b) insuficiência renal crônica em tratamento dialítico ou clearence <30 mL/min; c) doenças terminais; d) fração de ejeção prévia à SCA <40% (Simpson); e) não ter assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). • Grupo II (crônico) : os mesmos do Grupo I, mais: a) DM descompensado; b) IAM com menos de seis meses; c) angina instável; d) angina estável de classe IV pela Sociedade Canadense Cardiovascular; d) classes funcionais III e IV pela New York Heart Association (NYHA). • Grupo III (controle) : a) presença de qualquer lesão coronariana obstrutiva, mesmo que incipiente; b) insuficiência renal crônica em tratamento dialítico ou clearence <30 mL/min; c) doenças terminais; d) fração de ejeção <40% (pelo método de Simpson); e)  angina estável; f)  angina instável; g)  IAM; h)  DM descompensado; i) classes funcionais III e IV pela NYHA; j)  não ter assinado o TCLE. Métodos de armazenamento e laboratoriais Para dosagem da TpP foram coletados 4 mL de sangue venoso, colocado em tubo com citrato de sódio e centrifugado. Após centrifugação, foram retiradas duas alíquotas de 1 mL de plasma cada para serem congeladas a -80°C. A análise foi realizada posteriormente, através do método ELISA. Para dosagem da IL-18 foram coletados 8 mL de sangue venoso e colocado em tubo com sorogel. Após a coleta, aguardaram-se 30 min para retração do coágulo e posterior centrifugação. Após centrifugação, foram retiradas duas alíquotas de 1 mL de soro cada para serem congeladas a -80°C. A análise também foi realizada posteriormente pelo método ELISA. Análise estatística Os dados obtidos foram analisados pelo programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences para Windows, versão 17.0, de 2008). Fixou-se em 0,05 ou 5% o nível de significância (p<0,05) e o intervalo de confiança em 95%. Foram utilizados os seguintes métodos estatísticos: análise de variância (ANOVA One-way F), utilizada para comparação das médias das variáveis que apresentaram distribuição normal e que tinhamhomogeneidade de variâncias pelo teste de Levene; teste de Tukey, usado como complementação da análise de variância, para comparação das médias das variáveis 2 a 2; teste do qui-quadrado ( χ ²), utilizado para comparação das distribuições de frequência das variáveis categóricas de amostras independentes. O n amostral desse estudo foi determinado por uma amostra de conveniência, porém seguiu a ordem de recrutamento, ou seja: os primeiros 39 pacientes em fase aguda das duas instituições participantes, os 40 primeiros crônicos e os 40 controles. Este estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética do HUPE e do INC, onde os pacientes foram recrutados, sob os números 2667/2010 CAAE: 0115.0.228.000-10 e 141.432/2012 CAAE: 09086412.9.1001.5272, respectivamente. Os participantes assinaram o TCLE antes de qualquer procedimento relacionado ao estudo. Resultados A idade média foi de 59,5±9,7 anos (variação: 35 a 83 anos), sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Nos Grupos I e II houve predomínio do sexo masculino e, no Grupo III, do feminino (p = 0,002). Em relação aos fatores de risco da amostra geral, chama atenção a alta incidência de sedentarismo, sobrepeso ou obesidade e hipertensão arterial em todos os grupos. A Tabela 1 apresenta os fatores de risco para DAC entre os grupos estudados. Observou-se que apenas dislipidemia, ex-tabagismo e sedentarismo apresentaram diferença estatisticamente significativa. Comparado aos demais grupos, o Grupo II apresentou maior prevalência de indivíduos dislipidêmicos; o Grupo III apresentou maior prevalência de indivíduos não tabagistas que os outros grupos; e o Grupo I apresentou maior prevalência de indivíduos sedentários, em comparação aos demais. Não houve relação entre os fatores de risco, etnia ou sexo com os resultados obtidos com os marcadores em todos os grupos analisados. 694

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