ABC | Volume 114, Nº1, Janeiro 2020

Artigo Original Gomes et al. Caracterização de dislipidemias infanto-juvenis Arq Bras Cardiol. 2020; 114(1):47-56 mostrou prevalência menor (38,7%), mas não muito diferente dos nossos achados. 36 A alta frequência de HDL-C reduzido em adolescentes pode estar associada ao estilo de vida dos jovens e que envolve hábitos alimentares inadequados, sobrepeso e inatividade física. 37 Vale destacar que, neste estudo, 349 indivíduos apresentaram fenótipo sérico com LDL-C ≥ 190 mg/dL, ou seja, 0,56% (1:200) dos resultados sugestivos para HF. 10 Em relação às regiões de Campinas, a sul e sudoeste apresentaram frequências de dislipidemias mais altas em relação às demais. Segundo relatórios não publicados da Prefeitura Municipal de Campinas, estas são as regiões que possuem maior número de registros (25,7 e 27,6%, respectivamente) 38 no Cadastro Único, plataforma do Governo Federal que caracteriza as famílias de baixa renda. De fato, segundo Johansen et al., 12 elas compõem a chamada “cordilheira da pobreza”, onde existe uma homogeneidade socioeconômica não observada nas demais regiões. 39 Adicionalmente, são as que apresentam um maior número de usuários do SUS, correspondendo a 50% dos resultados de exames neste estudo. A assimetria socioeconômica pode comprometer o estilo de vida das populações com repercussões diretas sobre indicadores de morbidade e mortalidade. Segundo a OMS, atualmente três quartos das mortes por DCV estão ocorrendo em regiões de renda média e baixa. 1 O estudo ERICA apontou aumentos significativos em relação às dislipidemias nas regiões norte e nordeste do país (regiões descritas com os maiores índices de pobreza no Brasil); 40 ainda, o ERICA sugere que as diferenças regionais de dislipidemias ocorram pelo processo de transição epidemiológica, ou seja, as regiões podem estar em fases distintas. 8 Este estudo avaliou a segunda mais populosa cidade do estado de São Paulo localizada na região sudeste do Brasil, onde a expansão urbana ocorreu sem planejamento adequado, culminando na ampliação das áreas de ocupação e como consequência para a população, a falta de acesso apropriado aos serviços urbanos. 12 Limitações do estudo Uma das limitações refere-se ao fato do banco de dados avaliado ser de origem secundária, com possíveis incorreções na inserção dos dados demográficos pelos responsáveis ao longo de todos os processos. Temos ciência do uso continuado das normas de controle de qualidade da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica pelo Laboratório Municipal de Campinas fornecedor dos dados laboratoriais. Além disso, por ser um estudo transversal não foi possível avaliar a incidência de casos de dislipidemias. Conclusão Este estudo mostra a alta frequência de dislipidemias aterogênicas em jovens crianças e infantes atendidos em Campinas, comdistribuiçãomaior nas regiões socioeconômicas desfavorecidas indicando a necessidade de um foco regionalizado durante a elaboração de programas de saúde pública de prevenção de DCV precoce e na vida adulta, incluindo omanuseio e tratamento adequados de dislipidemias. Agradecimentos À Secretaria de Saúde de Campinas pela disponibilização do banco de dados para o estudo, ao apoio financeiro Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); protocolo 481863/2011-7 e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); protocolo 2006/60585-9. Ao Espaço da Escrita - Pró-Reitoria de Pesquisa - UNICAMP - pela tradução do manuscrito para o inglês. Este estudo fez parte do mestrado da Érica I. L. Gomes. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa, Obtenção de dados e Obtenção de financiamento: Faria EC; Análise e interpretação dos dados: Gomes EIL, Faria EC; Análise estatística: Gomes EIL; Redação do manuscrito e Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Gomes EIL, Zago VHS, Faria EC. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi parcialmente financiado pela FAPESP processo nº 2006/60585-9. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Érica Ivana Lázaro Gomes pela Universidade Estadual de Campinas. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Unicamp sob o número de protocolo CAAE: 86627418.3.0000.5404 Nº do parecer: 2.662.289. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. 54

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