ABC | Volume 114, Nº1, Janeiro 2020

Artigo Original Gomes et al. Caracterização de dislipidemias infanto-juvenis Arq Bras Cardiol. 2020; 114(1):47-56 Figura 1 – Área correspondente aos distritos de saúde inseridos no mapa da cidade de Campinas. Fonte: Secretaria de saúde de Campinas. 13 dislipidemias (CT e/ou TG e/ou LDL-C elevados e/ou HDL-C reduzidos). 20 Ainda, em 2007 um estudo em escolares (10‑14 anos) de Recife/PE descreveu pelo menos um tipo de dislipidemia em 63,8% dos avaliados. 21 Outros trabalhos realizados em países norte e sul americanos mostraram frequências menores. Nos Estados Unidos 22 entre 2011 e 2014, em indivíduos de idades entre seis e 19 anos relatou 21% de dislipidemias (aumentos de CT e/ou NHDL-C elevados e/ou HDL-C reduzidos). Já em Santiago/Chile 23 (2009-2011) em 2.900 indivíduos de 10 a 14 anos, 32% de dislipidemias (CT e/ou TG e/ou LDL-C elevados e/ou HDL-C reduzidos) foram observadas. A prevalência maior no presente estudo pode ter sido causada em parte por menores valores de corte utilizados pela diretriz nacional 3 em relação às internacionais. 19,20 Nas análises realizadas para se avaliar o efeito do sexo, as dislipidemias forammais frequentes para todos os parâmetros lipídicos no sexo feminino e esses resultados condizem com estudos nacionais 24 e internacionais. 25 De fato, as variações nas concentrações séricas de lipoproteínas são inerentes a estes indivíduos frente aos estágios de desenvolvimento e, consequentemente, às variações dos hormônios sexuais. 26 Alguns estudos indicamque os estrógenos aumentamoHDL-C devido em parte à sua ação na redução da atividade da lipase hepática (LH) e aumento de receptores ATP-binding cassette transporter A1 (ABCA1). 27 Alémdisso, diminuemas concentrações de LDL-C 27 por regularem positivamente os receptores de LDL exercendo um efeito benéfico no perfil de lipoproteínas. 28 Já os andrógenos aumentam a atividade da LH, levando a um efeito inverso: 27 o HDL-C apresenta-se reduzido, enquanto o LDL-C aumenta. Em contraposição, Zhang et al., 29 indicaram que a testosterona pode estar associada a alterações no receptor SR-B1 e na atividade da LH, facilitando a captação seletiva de HDL e exercendo um papel anti-aterogênico. 29 As comparações por faixas etárias revelaram que os infantes apresentarammaiores níveis de TG, NHDL-C e combinação de LDL-C e TG assim como uma alta frequência de dislipidemias individuais; poucos trabalhos reportam estes dados até os dois anos de idade pela própria dificuldade da coleta de sangue e instabilidade metabólica nesta fase de crescimento rápido antes dos 24 meses de vida. 30 Além disso, a alta frequência de hipertrigliceridemia ocorreria pelo aleitamento e pela falta de jejum alimentar. A atual DBD define o valor de corte de TG sem jejum para a faixa de 0 a 9 anos (≥ 85 mg/dL). Avaliando esta interferência, aplicamos este valor de corte, e os resultados mostram uma frequência menor, 56% ao invés de 67% (≥ 75 mg/dL, com jejum). Neste contexto, também vale destacar que segundo as diretrizes nacionais, 10 recomenda-se determinar o perfil lipídico emcrianças e adolescentes quando: i) avós, pais, irmãos e primos Tabela 2 – Características demográficas de todos e por sexos e idades Características Número de indivíduos Frequências no total (%) Total 62.530 100 Sexo F 34.932 56 M 27.598 44 Idade Infantes 660 1 F 399 0,6 M 261 0,4 Crianças 25.501 41 F 13.219 21 M 12.282 20 Adolescentes 36.369 58 F 21.314 34 M 15.055 24 N: número; F: sexo feminino; M: sexo masculino. 50

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