ABC | Volume 114, Nº1, Janeiro 2020

Minieditorial Avaliação da Competência Clínica em Programas de Residência em Cardiologia Evaluation of Clinical Competence for a Cardiology Residency Program Sergio Timerma n Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - Divisão de Cardiologia Clínica - Centro de Simulação e Time de Resposta Rápida, São Paulo, SP – Brasil Minieditorial referente ao artigo: Competência Clínica no Manejo do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST por Médico Recém-Formado Candidato à Residência Médica Correspondência: Sergio Timerman • Avenida Dr. Eneás e Carvalho Aguiar, 44. CEP 05403-000, São Paulo, SP – Brasil E-mail: dr.sergiotimerman@gmail.com Palavras-chave Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST; Simulação; Internato e Residência; Hospitais; Programas; Eficiência Organizacional; Educação Médica; Competência Clínica. DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20190842 Nas últimas décadas, a educação médica, principalmente emprogramas de pós-graduação em cardiologia (PPGC), passou por profundas mudanças, incluindo restrições em horas de serviço. 1 No artigo de referência "To Err Is Human", 2 o Instituto de Medicina sugere que quase 100.000 pacientes morriam anualmente de erros evitáveis em hospitais, com um milhão adicional de pessoas com sequelas. Esse relatório foi o holofote sobre a importância da segurança do paciente no que se refere a cuidados de saúde. 3 Quase ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos ultrapassaram as inovações curriculares dos EMPG. Como fazíamos o treinamento em serviço, o método “observe um, faça um e ensine um” era praxe em todos os serviços, porém, à medida que o treinamento avança, os procedimentos tornam-se extremamente mais complexos, com o consequente maior risco. A maioria dos residentes de cardiologia lembra-se da primeira vez em que realizava manobras de ressuscitação, colocação de marca-passo transvenoso e passavam o primeiro Swan-Ganz. 4 Felizmente, a maioria desses eventos foi concluída sem complicações. No entanto, o nível de preocupação e ansiedade experimentado em relação à segurança do paciente e sua competência para executar essas tarefas é provavelmente tão vívido agora quanto no dia em que o procedimento foi realizado. Apesar da escassez de evidências que sustentam o modelo tradicional de aprendizagem para treinamento, 5,6 a maioria das revisões que discutem o potencial da educação baseada em simulação (EBS) em assistência médica avalia as evidências de que o EBS é equivalente ou melhor que esse modelo tradicional. 7-9 Nos dias atuais, aos recém-formados e candidatos à Residência Médica, a avaliação de competências clínicas constitui etapa essencial, e deve ser iniciada em sua formação como estudante de Medicina, devendo ser feita pelo professor por meio da observação direta do desempenho em situação real 10 . Existem várias formas dessa avaliação formativa e somativa, que avalia as competências clínicas do estudantes e quantifica a evolução do seu desempenho após a realização de situações. 11,12 O estudo publicado nesta edição, intitulado “Competência Clínica no Manejo do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST por Médico Recém-Formado Candidato à Residência Médica” 13 tem por objetivo analisar os seguintes quesitos: habilidades na entrevista, habilidades no exame físico, qualidades do profissionalismo (ética), raciocínio clínico, habilidades de orientação, eficiência e competência clínica geral, apontando suas falhas e acertos, configurando uma boa arma na avaliação formativa. O treinamento em simulação também foi amplamente adotado em outras indústrias de "alto risco". Embora os paralelos traçados entre a medicina e a aviação sejam frequentes, é importante reconhecer que o trabalho realizado pelos médicos difere acentuadamente do dos pilotos e, portanto, a natureza da simulação também deve ser diferente. Há um foco considerável em emergências médicas e habilidades práticas de procedimentos, mas com escopo para expandir para outras áreas de atendimento. A contribuição do desempenho cognitivo humano para os resultados dos pacientes é bem reconhecida; a posse do conhecimento e das habilidades técnicas necessárias permanece essencial, mas, além disso, as habilidades não técnicas, como a consciência situacional e a capacidade de sintetizar informações, tomar decisões e se comunicar efetivamente com os membros da equipe durante momentos de estresse e distração também são essenciais. E esse estudo foi importante por essa razão. 45

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