ABC | Volume 114, Nº1, Janeiro 2020

Artigo Original Fatores de Risco para Mortalidade Hospitalar na Endocardite Infecciosa Risk Factors for In-Hospital Mortality in Infective Endocarditis Ana Marques, 1 I nês Cruz, 1 Daniel Caldeira, 1,2,3, 4 Sofia Alegria, 1 A na Catarina Gomes, 1 A na Luísa Broa, 1 Isabel João, 1 Hélder Pereira 1 Hospital Garcia de Orta EPE, 1 Almada - Portugal Laboratório de Farmacologia Clínica e Terapêutica, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2 Lisbon, Portugal Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 3 Lisbon, Portugal Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa - CCUL, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 4 Lisbon, Portugal Correspondência: Ana Marques • Hospital Garcia de Orta EPE - Av Torrado da Silva 2805-267 – Portugal E-mail: ana.smc.25@gmail.com Artigo recebido em 01/09/2019; revisado recebido em 21/02/2019; aceito em 10/03/2019 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20180194 Resumo Fundamento: A endocardite infecciosa (EI) está associada a complicações graves e alta mortalidade. A avaliação das taxas de mortalidade e preditores de eventos fatais é importante para identificar fatores modificáveis relacionados ao padrão de tratamento, com o objetivo de melhorar os desfechos. Objetivos: Avaliar os desfechos clínicos de pacientes com EI e determinar preditores de mortalidade hospitalar. Métodos: Estudo retrospectivo de centro único, incluindo pacientes com EI admitidos durante um período de 10 anos (2006-2015). Foram avaliados dados de comorbidades, apresentação clínica, microbiologia e desfechos clínicos durante a internação. Foram analisados os fatores de risco de morte hospitalar. Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo. Resultados: Foram incluídos 134 casos (73% do sexo masculino, média de idade de 61 ± 16 anos). Metade dos casos apresentava cardiopatia valvar prévia. A EI associada a cuidados de saúde e hemoculturas negativas ocorreram em 22%, e a EI associada a prótese em 25%. A válvula aórtica foi a mais frequentemente afetada por infecção. Staphylococcus aureus foi o microrganismo mais comumente isolado. Quarenta e quatro (32,8%) pacientes foram submetidos à cirurgia cardíaca. A taxa de mortalidade hospitalar foi de 31,3% (42 pacientes). Os fatores de risco identificados para mortalidade hospitalar foram etiologia do Staphylococcus aureus (OR 6,47; IC 95%: 1,07-39,01; p = 0,042), hemoculturas negativas (OR 9,14; IC 95%: 1,42-58,77; p = 0,02), evidência de obstrução valvar na ecocardiografia (OR 8,57; IC 95%: 1,11-66,25; p = 0,039), evolução clínica com insuficiência cardíaca (OR 4,98; IC 95%: 1,31-18,92; p = 0,018) ou choque séptico (OR 20,26; IC 95%: 4,04-101,74; p < 0,001). A cirurgia cardíaca foi um fator protetor de mortalidade (OR 0,14; IC95%: 0,03-0,65; p = 0,012). Conclusão: Os fatores de risco para mortalidade hospitalar foram clínicos (insuficiência cardíaca, choque séptico), evidência de obstrução valvar no ecocardiograma, etiologia do Staphylococcus aureus ou hemoculturas negativas. O tratamento invasivo por cirurgia diminuiu significativamente o risco de mortalidade. (Arq Bras Cardiol. 2020; 114(1):1-8) Palavras-chave: Endocardite Infecciosa/mortalidade; Hospitalização; Comorbidades; Choque Séptico; Insuficiência Cardíaca; Fatores de Risco; Ecocardiografia/métodos; Cirurgia Cardíaca. Abstract Background: Infective endocarditis (IE) is associated with severe complications and high mortality. The assessment of mortality rates and predictors for fatal events is important to identify modifiable factors related to the pattern of treatment, in order to improve outcomes. Objectives: We sought to evaluate clinical outcomes of patients with IE and to determine predictors of in-hospital mortality. Methods: Retrospective single-center study including patients with IE admitted during a 10-year period (2006-2015). Data on comorbidities, clinical presentation, microbiology and clinical outcomes during hospitalization were evaluated. Risk factors of in-hospital death were analyzed. A p-value < 0.05 was considered significant. Results: A total of 134 cases were included (73% males, mean age of 61±16 years-old). Half of them had previous valvular heart disease. Healthcare-associated IE and negative blood-cultures occurred in 22% and prosthetic IE in 25%. The aortic valve was the one most often affected by infection. Staphylococcus aureus was the most commonly isolated microorganism. Forty-four (32.8%) patients underwent cardiac surgery. The in-hospital mortality rate was 31.3% (42 patients). The identified risk factors for in-hospital mortality were Staphylococcus aureus etiology (OR 6.47; 95% CI: 1.07-39.01; p = 0.042), negative blood-cultures (OR 9.14; 95% CI: 1.42-58.77; p = 0.02), evidence of valve obstruction in echocardiography (OR 8.57; 95% CI: 1.11-66.25; p = 0.039), clinical evolution with heart failure (OR 4.98; 95%CI: 1.31-18.92; p = 0.018) or septic shock (OR 20.26; 95% CI: 4.04-101.74; p < 0.001). Cardiac surgery was a protective factor of mortality (OR 0.14; 95% CI 0.03-0.65; p = 0.012). Conclusion: The risk factors for in-hospital mortality were clinical (heart failure, septic shock), evidence of valve obstruction in echocardiography, Staphylococcus aureus etiology or negative blood cultures. Invasive treatment by surgery significantly decreased the mortality risk. (Arq Bras Cardiol. 2020; 114(1):1-8) Keywords: Endocarditis, Bacterial/mortality; Hospitalization; Comorbidity; Shock Septic; Heart Failure; Risk Factors; Echocardiography/methods; Cardiac Surgery. Full texts in English - http://www.arquivosonline.com.br 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=