ABC | Volume 113, Nº6, Dezembro 2019

Artigo Original Barbosa et al Nrf2, NF- κ B e PPAR β / δ em pacientes com DAC Arq Bras Cardiol. 2019; 113(6):1121-1127 de diversos alvos downstream do fator Nrf2 diminuem. 40 Ainda é importante ressaltar que tanto a hipertensão quanto o diabetes estão relacionados ao aumento do estresse oxidativo, acúmulo de espécies reativas de oxigênio e inflamação. 9,41 No presente estudo, o receptor PPAR β / δ mostrou-se elevado quando comparado aos pacientes sem DAC. Parece ser um fator protetor, uma vez que foi demonstrado que o equilíbrio adequado da ativação de PPAR β / δ nos diferentes tipos de células cardíacas pode ser importante para os possíveis efeitos cardioprotetores do PPAR β / δ . 42 Um estudo in vivo mostrou que a superexpressão cardíaca específica do PPAR β / δ levou ao aumento da utilização de glicose miocárdica e não alterou a função cardíaca, mas exerceu um efeito protetor na lesão miocárdica induzida por isquemia/reperfusão. 43 Além disso, a deleção do gene PPAR β / δ em camundongos resultou em disfunção cardíaca, hipertrofia e insuficiência cardíaca congestiva. 17 Além disso, o PPAR β / δ foi descrito em várias funções biológicas, incluindo a sobrevivência celular. 44,45 Estudos mostram que a inflamação, as EROs e as LDLs oxidadas induzem a apoptose de células endoteliais, representando o início do desenvolvimento de lesões ateroscleróticas. 45 Assim, ensaios realizados em queratinócitos mostraram que o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias é capaz de elevar a expressão de PPAR β / δ , que por sua vez regula a expressão de genes relacionados à apoptose, resultando em aumento da resistência à morte celular. 44 Dada a importância do PPAR β / δ e dos efeitos dos fatores de transcrição NF- κ B e Nrf2 nos pacientes com DAC – o Nrf2 orquestrando a produção de enzimas antioxidantes e desintoxicantes de fase 2 sendo considerado um fator protetor contra o estresse oxidativo e a inflamação, 46 com o PPAR β / δ promovendo a cardioproteção 42 e o NF- κ B regulando a inflamação 12 – uma melhor compreensão de como eles são expressos em pacientes com DAC mostra-se útil para que se possa utilizar estratégias na tentativa de modular esses fatores de transcrição. Alguns estudos propuseram que nutrientes contendo indutores de Nrf2 de de fontes naturais podem ajudar a melhorar o sistema Nrf2-Keap1. 25,47 Este estudo apresentou uma série de limitações que merecem ser consideradas. Primeiramente, o estudo deveria ter um grupo controle saudável para comparação. Em segundo lugar, seria interessante estratificar os resultados por fator de risco e resultados de cintilografia, mas a amostra não era grande o suficiente para isso. Em terceiro lugar, infelizmente, não realizamos outros genes-alvo dos fatores Nrf2 , NF- κ B e PPAR β / δ que codificam enzimas antioxidantes e citocinas pró‑inflamatórias para confirmar a rede de expressão dos fatores Nrf2, NF- κ B e PPAR β / δ . Além disso, não foi possível calcular o colesterol não HDL. Novos estudos devem ser estimulados para explorar esta questão. Considerando essas limitações, este foi um protocolo muito bem controlado, o que nos permitiu concluir que os resultados são consideravelmente relevantes. Conclusão O presente estudo revelou aumento da expressão de PPAR β / δ nas PBMCs de pacientes com DAC, embora não tenham sido observadas diferenças nas expressões de mRNA dos fatores Nrf2 ou NF- κ B. Esses achados podem levar a possíveis terapias, alvos e futuras pesquisas para o tratamento desses pacientes. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa e Análise e interpretação dos dados: Barbosa JE, Stockler-Pinto MB, Cruz BO, Silva ACT, Anjos JS, Mesquita CT, Mafra D, Cardozo LFMF; Obtenção de dados e Redação do manuscrito: Barbosa JE, Stockler-Pinto MB, Cruz BO, Silva ACT, Anjos JS, Cardozo LFMF; Análise estatística e Obtenção de financiamento: Stockler-Pinto MB, Mafra D, Cardozo LFMF; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Barbosa JE, Stockler-Pinto MB, Mesquita CT, Mafra D, Cardozo LFMF. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Este estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código Financeiro 001, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) (Processo E-26 / 203.269 / 2017) e (Processo E_05 / 2016E_05 / 2016) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Vinculação acadêmica Este artigo é parte da dissertação de Mestrado de Jaqueline Ermida Barbosa pela Universidade Federal Fluminense. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal Fluminense sob o número de protocolo 826.041 CAAE 35035414.8.0000.5243. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1125

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