ABC | Volume 113, Nº6, Dezembro 2019

Artigo Original Impacto do Implante Percutâneo de Válvula Aórtica na Função Renal Impact of Transcatheter Aortic Valve Implantation on Kidney Function Rita Calça, 1 Rui C. Teles, 2 P atrícia Branco, 1 Augusta Gaspar, 1 João Brito, 2 Tiago Nolasco, 3 Manuel D. Almeida, 2 José P. Neves, 3 Miguel Mendes, 2 Domingos S. Machado, 1 André Weigert 1 Nephrology department, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 1 Lisboa – Portugal Cardiology department, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 2 Lisboa – Portugal Cardiotoracic Surgery department Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 3 Lisboa – Portugal Correspondência: Rita Calça • Hospital de Santa Cruz - Av. Prof. Dr. Reinaldo dos Santos, 27-29. CEP 2790-134 Carnaxide – Portugal E-mail: arrcalca@gmail.com Artigo recebido em 23/11/2018, revisado em 06/02/2019, aceito em 10/03/2019 DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20180356 Resumo Fundamento: Pacientes com doença valvar aórtica frequentemente apresentam doença renal crônica (DRC). Diminuição da perfusão renal como consequência da redução do débito cardíaco pode contribuir para a disfunção renal neste cenário. Objetivo: Dado o potencial de reversibilidade da hipoperfusão renal após o reparo valvar, este estudo teve o objetivo de analisar o impacto do implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI – transcatheter aortic valve implantation ) na função renal. Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva de 233 pacientes consecutivos submetidos ao TAVI em um único centro, entre novembro de 2008 e maio de 2016. Três grupos foram avaliados de acordo com a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) basal (mL/min/1,73 m 2 ): Grupo 1 com TFGe ≥ 60; Grupo 2 com 30 ≤ TFGe < 60; e Grupo 3 com TFGe < 30. O TFGe foi analisado nestes três grupos um mês e um ano após o TAVI e calculado usando a fórmula do Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI). Resultados: Os pacientes do Grupo 1 tiveram um declínio progressivo da TFGe um ano após o procedimento TAVI (p < 0,001 vs. pré-TAVI). Nos pacientes do Grupo 2, a média da TFGe aumentou um mês depois do TAVI e continuou crescendo depois de um ano (p = 0,001 vs. pré-TAVI). O mesmo ocorreu no Grupo 3, com a média da TFGe subindo de 24,4 ± 5,1 mL/min/1,73 m 2 antes do TAVI para 38,4 ± 18,8 mL/min/1,73 m 2 um ano após o TAVI (p = 0,012). Conclusões: Em pacientes com DRC moderada a grave, a função renal melhorou um ano após o procedimento TAVI. Este resultado é provavelmente devido à melhora da perfusão renal pós-procedimento. Acredita-se que, ao avaliar pacientes que possam precisar de TAVI, este ‘efeito de reversibilidade da DRC’ deva ser considerado. (Arq Bras Cardiol. 2019; 113(6):1104-1111) Palavras-chave: Estenose da Valva Aórtica/complicações; Insuficiência Renal Crônica; Substituição da Valva Aórtica Transcateter; Calcinose; Diálise Renal; Diabetes Mellitus; Cardiomiopatias; Hipertensão. Abstract Background: Chronic kidney disease (CKD) is frequently present in patients with aortic valve disease. Decreased kidney perfusion as a consequence of reduced cardiac output may contribute to renal dysfunction in this setting. Objective: Given the potential reversibility of kidney hypoperfusion after valve repair, this study aimed to analyze the impact of percutaneous transcatheter aortic valve implantation (TAVI) on kidney function. Methods: We performed a retrospective analysis of 233 consecutive patients who underwent TAVI in a single center between November 2008 and May 2016. We assessed three groups according to their baseline estimated glomerular filtration rate (eGFR) (mL/min/1.73 m 2 ): Group 1 with eGFR ≥ 60; Group 2 with 30 ≤ eGFR < 60; and Group 3 with eGFR < 30. We analyzed the eGFR one month and one year after TAVI in these three groups, using the Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) formula to calculate it. Results: Patients from Group 1 had a progressive decline in eGFR one year after the TAVI procedure (p < 0.001 vs. pre-TAVI). In Group 2 patients, the mean eGFR increased one month after TAVI and continued to grow after one year (p = 0.001 vs. pre-TAVI). The same occurred in Group 3, with the mean eGFR increasing from 24.4 ± 5.1 mL/min/1.73 m 2 before TAVI to 38.4 ± 18.8 mL/min/1.73 m 2 one year after TAVI (p = 0.012). Conclusions: For patients with moderate-to-severe CKD, kidney function improved one year after the TAVI procedure. This outcome is probably due to better kidney perfusion post-procedure. We believe that when evaluating patients that might need TAVI, this ‘reversibility of CKD effect’ should be considered. (Arq Bras Cardiol. 2019; 113(6):1104-1111) Keywords: Aortic Valve Stenosis/complications;renal Insufficiency,Chronic; Calcinosis; Renal Dialysis; Diabetes Mellitus; Cardyomyopathies; Hypertension. Full texts in English - http://www.arquivosonline.com.br 1104

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=