ABC | Volume 113, Nº6, Dezembro 2019

Artigo Original Ket et al. Isquemia miocárdica por SPECT e Angio-TC Arq Bras Cardiol. 2019; 113(6):1092-1101 Tabela 1 – Características clínicas dos participantes Variáveis Grupo Idade (anos) 52,5 ± 9 Sexo masculino, n (%) 17 (49) HAS, n (%) 31 ( 88) Diabetes, n (%) 14 (40) Tabagismo, n (%) 5 (14) Dislipidemia, n (%) 16 (45) IAM prévio, n (%) 9 (26) Dor torácica típica, n (%) 10 (28) Dor torácica atípica, n (%) 8 (22) Dispneia, n (%) 11 (31) Teste ergométrico alterado, n (%) 1 (2) Revascularização, n (%) 7 (20) História familiar de DAC, n (%) 10 (28) HAS: hipertensão arterial sistêmica, IAM: infarto agudo do miocárdio; DAC: doença arterial coronariana. 180°, desde a projeção oblíqua anterior direita de 45° até a projeção oblíqua posterior esquerda de 45°. Na etapa de repouso, o tempo de aquisição foi de 30 segundos por projeção; na etapa de estresse, o tempo de aquisição também foi de 30 segundos por projeção. Tanto na etapa de estresse quanto na etapa de repouso a aquisição foi feita com sincronização eletrocardiográfica. Para analisar a correlação entre as técnicas de perfusão miocárdica utilizamos o seguinte critério para caracterizar isquemia miocárdica: deveriam existir defeitos perfusionais na técnica de estresse sem correspondente na técnica em repouso na angio-TC de coronárias e na SPECT. Dois observadores cegos e independentes, sem o conhecimento dos dados clinicos ou demais exames, realizaram a avaliaço visual e semiquantitativa da perfusao miocardica e da angio-TC de coronárias. Qualquer discordancia foi resolvida por meio de consenso. O grau de estenose coronariana foi graduado, mediante analise visual e semiquantitativa da angio‑TC de coronárias, em não significativa (< 50% de redução luminal) e significativa (> 50% de redução luminal). Análise estatística Todas as variáveis contínuas foram expressas como média ± desvio padrão e as categóricas como número e percentual. Foi utilizado o teste exato de Fisher para comparação entre as proporções. Com base nos achados da angio-TC de coronárias, os pacientes foram agrupados de acordo com a presença ou não de DAC significativa. O critério utilizado para definir DAC significativa foi a existência de obstrução > 50% do lúmen das artérias coronárias. A sensibilidade e a especificidade foram calculadas e demonstradas em número e percentual. Análise da área sob a curva (AUC; do inglês, area under the curve ) característica de operação do receptor (ROC; do inglês, receiver operating characteristic ) foi utilizada para identificar o desempenho diagnóstico da perfusão pela angio-TC de coronárias (perfusão-TC) e pela cintilografia (SPECT) neste estudo. Isto foi realizado com uso de dois grupos: um com estenose > 50% na avaliação anatômica pela angio-TC de coronárias como marcadores substitutos de “verdadeiro‑positivo” nesta população, em comparação com o grupo com estenose < 50% no mesmo método como o “verdadeiro- negativo” (AUC ≥ 0,5 a < 0,7: ajuste pobre; AUC ≥ 0,7 a < 0,9: bom ajuste; AUC ≥ 0,9 a 1,0: excelente ajuste). A concordância intra e interobservador foi obtida usando-se a análise da confiabilidade das médias do coeficiente de correlação intraclasse (CCI < 0,40: fraca concordância; CCI = 0,40 a 0,59: moderada concordância; CCI = 0,60 a 0,74: boa concordância; CCI =0,75 a 1,00: excelente concordância). Aproximadamente 43% das perfusões realizadas pela técnica de angio-TC de coronárias (15/35) foram reavaliados pelo mesmo observador; as análises foram realizadas por um segundo observador independente para caracterizar a variabilidade entre as análises. Um total de 1.440 segmentos foram analisados pelo modelo de 16 segmentos do American College of Cardiology (ACC) e da American Heart Association (AHA), sendo que 240 segmentos do ventrículo esquerdo foram avaliados pelo observador 1 em repouso e, posteriormente, sob estresse farmacológico, totalizando 480 segmentos. O observador 1 repetiu esta análise após o período de 3 meses de forma totalmente cega com relação à primeira análise. O observador 2 realizou análise independente, totalmente cega e sem consenso prévio com o primeiro observador. Ambos os observadores possuem mais de 10 anos de experiência com o uso da angio-TC de coronárias. Foi utilizado o MedCalc ® , version 18.5 – 64-bit (MedCalc Software bvba, Ostend, Bélgica) para análise estatística. Os valores de p < 0,05, bicaudais, foram considerados estatisticamente significativos. Resultados Características clínicas e demográficas da amostra Foram selecionados 38 pacientes; destes, 35 foram incluídos no estudo. A exclusão de três pacientes deveu-se a: um por espera prolongada para realização da fase de estresse em decorrência de dificuldades de agendamento e outros dois por problemas técnicos no Setor de Radiologia. Do total de 35 pacientes, com média etária de 52,5 ± 9 anos, 18 eram mulheres (51%). A Tabela 1 demonstra as principais características clínicas e demográficas da população analisada. Avaliação de DAC obstrutiva pela angio-TC de coronárias Neste estudo, DAC obstrutiva (estenose > 50%) estava presente em 43% (n = 15) dos pacientes; já as lesões não obstrutivas foram identificadas em 57% (n = 20) dos pacientes. Defeitos perfusionais pela cintilografia e pela TC A Tabela 2 demonstra a distribuição de defeitos perfusionais por ambos os métodos. De acordo com os dados da Tabela 2, conseguimos demonstrar uma diferença entre a distribuição dos defeitos perfusionais na cintilografia e na TC. Os pacientes que 1095

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=