ABC | Volume 113, Nº6, Dezembro 2019

Artigo Original Avila et al. Gravidez e cardiopatias congênitas complexas Arq Bras Cardiol. 2019; 113(6):1062-1069 multiprofissional em centro de referência em cardiopatia e gravidez – Instituto do Coração e Maternidade do Hospital das Clínicas da FMUSP. Representou 9,6% das 435 gestações em mulheres com cardiopatias congênitas do Registro-InCor da última década. Diante disso, é indiscutível que a maior sobrevida pós-operatória tardia dessas pacientes resultará em número crescente de gestações no futuro próximo. As CCC consideradas na casuística estão classificadas pela OMS na categoria de risco III, 3,4 o que significa desaconselhamento à gravidez, justificada pelos índices de 25,5% de complicações maternas e de 70% de insucesso para o concepto. Essas considerações estão de acordo com os resultados do estudo, que registrou somente 40% de gestações bem-sucedidas, ou seja, mães e recém‑nascidos saudáveis e sem complicações. As altas taxas de problemas maternos (36%) e fetais (43%) fundamentam a orientação da OMS que desaconselha a gravidez nesse grupo de pacientes. Entretanto, a experiência mundial frente a essa situação clínica é crescente e se deve a mulheres que engravidam sem orientação prévia ou àquelas que desejam a gravidez a despeito dos esclarecimentos no planejamento familiar. 7 A diversidade do quadro anatômico e funcional dos problemas cardíacos nas CCC restringem a elaboração de protocolos para o tratamento de eventuais complicações que possam ocorrer durante a gravidez, o parto e o puerpério. Além disso, a maioria dos casos não permite propostas eficazes ou de intervenções factíveis no tratamento das lesões cardíacas residuais. 7 Figura 1 – Resultado materno-fetal das 42 gestações. RN: recém-nascidos saudáveis; IC: insuficiência cardíaca; DPP: descolamento prematuro de placenta; plac: placentário; CC: cardiopatia congênita Sucesso Materno-fetal – 17 (40,5%) casos Mãe sem complicação 27 (64,3%) casos Complicações concepto 22 (52,3%) casos Complicações maternas Clínicas e obstétricas 13 (30,9%) casos Abortamento DPP Acretismo plac Hemorragia Pre-eclâmpsia 3 1 1 1* 1* IC Arritmia 5 casos 1 caso Morte Materna 2** (4,7%) casos Causas obstétricas Perdas fetais 7 (16,6%) casos Aborto – 3 Natimorto – 1* Neomorto – 3 Prematuridade 17 (40,5%) casos RN com CC – 2 (4,7%) casos Não prematuros RN saudáveis a termo 20 (47,6%): Media do peso: 2,168 grs Tabela 5 – Análise Comparativa das Variáveis de Presunção da Evolução Materno-fetal Variáveis estudadas N° de casos Hipoxêmicas n = 19 Não hipoxêmicas n = 23 Valor de p Univentricular n = 16 Biventricular (n = 26) Valor de p Operadas n = 34 Não Operadas n = 8 Valor de p Sucesso materno‑fetal n = 17 3 (15,7%) 14 (60,8%) < 0,05 4 (25%) 13 (50%) 0,20 14 (41,2%) 3 (37,5%) 1,0 Complicações maternas n = 13 9 (47,4%) 4 (17,4%) < 0,05 7 (43,7%) 6 (23,1%) 0,18 10 (29,4%) 3 (37,5%) 0,68 Morte materna n = 2 2 (10,5%) 0 0,19 0 2 (7,7%) 0,51 1 (2,9%) 1 (12,5%) 0,34 Complicações fetais n= 23 18 (94,7%) 5 (21,7%) < 0,05 12 (75%) 11 (42,3%) 0,06 18 (52,9%) 5 (62,5%) 0,70 Perdas fetais n = 7 7 (36,8%) 0 < 0,05 4 (25%) 3 (11,5%) 0,39 3 (8,8%) 4 (50%) < 0,05 Prematuridade n = 17 12 (63,1%) 5 (21,7%) < 0,05 10 (62,5%) 7 (26,9%) < 0,05 14 (41,2%) 3 (37,5%) 1,0 Peso dos RN (g) ± 600 ± 527 < 0,05 1841 ± 454 2531 ± 496 < 0,05 2246 ± 660 2296 ± 749 0,76 RN: recém-nascidos saudáveis. 1066

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