ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Artigo Original Barroso et al. Telemedicina no diagnóstico da hipertensão arterial Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):970-975 Figura 1 – Fluxograma de seleção dos indivíduos para análise. PH: pré-hipertensão; HA: hipertensão arterial. Amostra total n = 4350 PA normal ou HA estágios 2 ou 3 n = 559 Uso de anti-hipertensivos n = 2518 PH ou HA estágio 1 Sem medicação anti-hipertensiva n = 1273 Pré-hipertensos n = 703 Hipertensos estágio 1 n = 570 utilizado para comparar os diagnósticos de pré-hipertensão e hipertensão estágio 1 entre a medida casual e a MRPA. Foi adotado nível de significância de p < 0,05. Para a análise foi utilizado o software Stata ® , versão 14.0. Resultados A amostra inicial foi constituída por 4.350 indivíduos que realizaram a MRPA no período de maio de 2017 até setembro de 2018 em nove estados brasileiros. Desses foram selecionados 1.273 participantes com diagnóstico clínico de pré-hipertensão ou HA estágio 1 e sem uso de medicamentos (Figura 1), sendo 853 (67,0%) da região Nordeste, 43 (3,4%) da região Norte, 10 (0,8%) da região Centro-Oeste, 307 (24,1%) da região Sudeste e 60 (4,7%) da região Sul. A idade média foi de 52,4 ± 14,9 anos e o IMC médio de 28,4 ± 5,1 kg/m 2 . Quanto ao sexo, 739 (58,1%) eram mulheres. Os valores médios da PA casual foram de 133,2 ± 11 mmHg e 84,1 ± 8 mmHg, e pela MRPA as médias foram de 125,5 ± 11,7 mmHg e 78,9 ± 8 mmHg para PAS e PAD, respectivamente. O número médio de medidas válidas foi de 22,96. Ao compararmos as médias da PA casual com a MRPA foram encontrados valores maiores para a PA casual em 7,6 mmHg para a PAS e 5,2 mmHg para a PAD, ambos com significância estatística (p < 0,001) (Figura 2). Considerando a medida casual da PA, 703 (55,2%) participantes foram classificados como pré-hipertensos e 570 (44,8%) como hipertensos estágio 1. Quando consideramos as medidas da MRPA para o diagnóstico, na amostra total, 558 (43,8%) eram normotensos; 291 (22,9%) hipertensos sustentados; 145 (11,4%) com HM; e 279 (21,9%) com HAB; ou seja, nessa população, 33,3% dos diagnósticos pela medida casual se apresentaram equivocados. Ao se analisar apenas o grupo de pré-hipertensos, havia 145 indivíduos (20,6%) que, na verdade, eram hipertensos mascarados e, se separarmos nesse grupo aqueles indivíduos comPAS ≥130mmHg e<140mmHg, e/ou PAD≥85mmHg e < 90 mmHg (n = 364), a preval ncia de HM salta para 27,8% (Tabela 2). No grupo de hipertensos estágio 1, foram identificados 279 indivíduos (48,9%) com HAB (Figura 3). Discussão O presente estudo confirmou que a medida da PA obtida pela MRPA é muito útil no diagnóstico dos fenótipos de HA e permitiu reclassificar 33,3% de indivíduos avaliados, agregando, portanto, importante informação para abordagem e seguimento desses indivíduos. Destaca-se o número expressivo de indivíduos incluídos no estudo, oriundos de nove estados das cinco regiões geográficas brasileiras. A HA é uma doença altamente prevalente na população adulta; em um levantamento mundial de 1.128.635 indivíduos, a preval ncia foi de 34,9%, sendo a maioria portadores de hipertensão estágio 1. Sabe-se também que a preval ncia de PH encontra-se no mesmo patamar, reforçando a necessidade do diagnóstico correto para a adoção da conduta mais adequada. 10,11 Também está bem estabelecido que os métodos de monitorização da PA fora do consultório, comparados à medida casual, apresentam maior acurácia diagnóstica e melhor predição de risco cardiovascular. 12,13 Na amostra estudada, ao compararmos as médias da PA casual comas daMRPA, encontramos médias significativamente menores naMRPA, comdiferenças estatisticamente significativas (p < 0,001) tanto para a PAS quanto para a PAD. Com base nessas evid ncias científicas, para evitar erro diagnóstico, as diretrizes de HA mais recentes t m 972

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