ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Artigo Original Saraiva et al. Valores normais para novas técnicas ecocardiográficas Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):935-945 Os volumes do VE e a fração de ejeção tridimensional do VE forammedidos por meio de uma abordagem semelhante. 5 Análise estatística Os cálculos foram feitos no software MedCalc 12.5.0.0. As variáveis contínuas foram expressas como média ± desvio‑padrão e as variáveis discretas como valores absolutos e porcentagem. As variáveis ecocardiográficas foram aprovadas nos testes-padrão de normalidade (teste de Kolmogorov-Smirnov). Os dados com distribuição normal foram comparados pelos testes t de Student não pareados. As variáveis discretas foram comparadas por tabelas de conting ncia. A correlação entre idade e parâmetros ecocardiográficos foi testada pela correlação de Pearson e classificada de acordo com Zegers et al. 8 A análise de regressão múltipla pelo método stepwise foi utilizada para analisar a correlação independente entre os índices ecocardiográficos e idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e etnia. A concordância inter e intraobservador foi determinada após a análise off-line de clipes gravados de 15 indivíduos selecionados aleatoriamente e avaliada pela análise de Bland-Altman. Valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Resultados Participantes Foram selecionados 296 participantes adultos com sorologia negativa para a doença de Chagas entre março de 2010 e novembro de 2013 e entre maio de 2016 e julho de 2017. Após a aplicação dos critérios de exclusão, foram incluídos 77 indivíduos (36 homens; 46,7%) (Figura 1). Com relação às faixas etárias, 39 participantes tinham entre 18 e 39 anos, 35 participantes tinham entre 40 e 60 anos e 3 participantes tinham 60 anos ou mais. A maioria dos participantes era nascida no sudeste e nordeste do Brasil, e era de pele branca. A distribuição por estado foi a seguinte: 24 nasceram no Rio de Janeiro, 7 em Minas Gerais, 1 no Espírito Santo, 12 na Bahia, 9 na Paraíba, 8 no Ceará, 5 em Pernambuco, 5 em Alagoas, 1 no Piauí, 1 em Sergipe e 4 no Pará. Não houve diferença significativa com relação à idade, IMC, local de origem e distribuição de etnia entre homens e mulheres (Tabela 1). Os homens apresentaram maiores diâmetros de AE e VE e tend ncia para maior massa do VE, enquanto a razão E/E’ foi maior nas mulheres (Tabela 1). Análise ecocardiográfica tridimensional de volume, função e deformação do AE Com exceção de dois participantes, na análise de volume do AE por E3D, foi possível obter boa qualidade de imagem. Foi possível realizar análise de deformação do AE, com exceção de apenas um participante. Os valores de volume e função do AE obtidos por E3D e EST são apresentados na Tabela 2. O volume pré-contração atrial do AE mostrou-se ligeiramente maior e a fração passiva de esvaziamento do AE mostrou-se menor nos homens do que nas mulheres. Não houve diferenças em relação aos parâmetros de ε do AE entre homens e mulheres (Tabela 2). Análise ecocardiográfica tridimensional de volume, função e deformação do VE Imagens de qualidade suficiente para analisar os volumes tridimensionais do VE foram obtidas em 64 (83%) participantes. Tr s pacientes foram excluídos da análise de SLG-VE e dois pacientes foram excluídos das análises de SCG-VE e de SRG-VE devido à má qualidade de imagem. Sete pacientes foram excluídos das análises de twist e torção do VE devido à baixa qualidade de imagem para a análise de VErot seja na projeção basal ou apical de eixo curto. Os valores de volume e função do VE obtidos por E3D e EST são apresentados na Tabela 3. O volume diastólico final do VE mostrou-se maior e o volume sistólico final apresentou uma tend ncia a ser maior nos homens do que nas mulheres, enquanto a fração de ejeção tridimensional do VE não diferiu entre eles. A medida do SCG-VE mostrou-se ligeiramente maior nas mulheres do que nos homens, enquanto a medida do SLG-VE, SRG-VE, rotação e torção do VE não diferiram entre eles (Tabela 3). Análise da deformação do VD Obteve-se boa qualidade de imagem para a análise da ε do VD em 67 (87%) participantes. Os valores de volume e função do AE obtidos por EST são apresentados na Tabela 4. Os parâmetros de ε do VD não diferiram entre homens e mulheres (Tabela 4). Correlação entre idade e novos índices ecocardiográficos Com relação ao volume e à função do AE, a idade apresentou leve correlação positiva com o volume mínimo do AE (r = 0,27, p = 0,02) e volume de pré-contração atrial (r = 0,33, p = 0,004), e leve correlação negativa com a fração de esvaziamento total do AE (r = -0,26, p = 0,02) e fração de esvaziamento passiva do AE (r = -0,35, p = 0,001, Figura 2A). A idade apresentou correlação negativa moderada com LAScd (r = -0,42, p = 0,0001, Figura 2B) e leve correlação negativa com LASr (r = -0,39, p = 0,0004). A idade não se correlacionou com o volume máximo do AE, fração de esvaziamento ativa do AE, nem com LASct. Com relação ao volume e função do VE, a idade apresentou leve correlação negativa com os volumes diastólico final do VE (r = -0,31, p = 0,01) e sistólico final do VE (r = -0,34, p = 0,007) e leve correlação positiva com a rotação apical do VE (r = 0,29, p = 0,02), twist apical do VE (r = 0,28, p = 0,02) e torção apical do VE (r = 0,28, p = 0,02, Figura 2C), mas não apresentou correlação significativa com a fração de ejeção do VE, SLG-VE, SCG-VE ou SRG-VE. O SLG-VD apresentou leve correlação positiva com a idade (r = 0,31; p = 0,01) enquanto o SLPL-VD não se correlacionou com a idade. Entre os homens, a idade apresentou leve correlação negativa coma fração de esvaziamento passiva do AE (r = -0,31, p = 0,07). Outras variáveis não atingiram significância estatística. Entre as mulheres, a idade apresentou correlação positiva moderada com o volume mínimo do AE (r = 0,51, p = 0,0006) e de pré-contração do AE (r = 0,53, p = 0,0003), leve correlação negativa com a fração de esvaziamento total do AE (r = -0,41, p = 0,007) e correlação moderada com a 937

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