ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Artigo Original Sousa et al. Efeito antioxidante do enriquecimento ambiental em roedores Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):905-912 Discussão Assimcomo emoutros estudos, foramobservadas diferenças nos valores de PAM registrados entre os ratos hipertensos mantidos em gaiolas padrão e os controles normotensos mantidos em gaiolas padrão. É importante destacar que este estudo é o primeiro a demonstrar valores semelhantes de PAM entre ratos normotensos e ratos hipertensos em ambientes enriquecidos. Este resultado provavelmente se deve ao efeito antioxidante do enriquecimento sobre o bulbo ventrolateral e os rins. O fato de maiores valores de PAM terem sido observados em ratos hipertensos (2R1C-CP) em comparação aos animais do grupo controle (Sham-CP) é consistente com dados obtidos em outros estudos. 3,5 O modelo experimental de hipertensão de Goldblatt tipo 2 rins 1 clipe (2R1C) é caracterizado pela hiperatividade do sistema renina-angiotensina, principalmente pela angiotensina II. A angiotensina II ativa os receptores AT 1 para aumentar a pressão arterial através de vários mecanismos (inclusive a vasoconstrição, o estresse oxidative) e aumenta a descarga simpática neural. Além desse sistema circulatório clássico, os componentes do sistema renina-angiotensina também são encontrados no cérebro. Os receptores AT1 da angiotensina II são abundantes no sistema nervoso auton mico e nas regiões regulatórias do cérebro, a fim de influenciar a neurotransmissão e a pressão arterial. As ações da angiotensina II no bulbo ventrolateral contribuem para a simpatoexcitação e a hipertensão nos animais, em parte, através da estimulação do estresse oxidativo. 26 Tabela 3 – Efeitos do enriquecimento ambiental ou condições padrão sobre a atividade de enzimas antioxidantes e biomarcadores de dano oxidativo no rim direito. SOD (U/mg ptn) Catalase (U/mg ptn) Proteína carbonilada (nmol/mg ptn) TBARS (nM/mg ptn) Sham-CP (n=7) 8,1 ± 2,5 1,8 ± 0,7 5,6 ± 2,1 0,3 ± 0,13 Sham-AE (n=13) 12 ± 3,5 a 1,9 ± 0,8 4,4 ± 1,9 0,3 ± 0,09 2R1C-CP (n=12) 9,1 ± 2,3 1,5 ± 0,34 3,1 ± 2 0,4 ± 0,18 2R1C-AE (n=8) 11,9 ± 2,3 c 2,4 ± 1,1 7,2 ± 2,9 c 0,1 ± 0,07 c (a) representa uma diferença significativa entre os grupos quando comparados com o grupo Sham-CP; (c) representa uma diferença significativa entre os grupos quando comparados com o grupo 2R1C-CP.Análise feita comANOVAde 1 via, seguida pelo pós-teste de Newman Keuls (p < 0,05). Os dados foram expressos como média ± DP (n = 7-13 em cada grupo). Sham-CP: grupo de normotensos expostos a condições padrão; Sham-AE: grupo de normotensos expostos ao enriquecimento ambiental; 2R1C-CP: grupo de hipertensos expostos a condições padrão; 2R1C-AE: grupo de hipertensos expostos ao enriquecimento ambiental. SOD: superóxido dismutase; TBARS: substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico. Tabela 4 – Efeitos do enriquecimento ambiental ou condições padrão sobre a atividade de enzimas antioxidantes e biomarcadores de dano oxidativo no rim esquerdo. SOD (U/mg ptn) Catalase (U/mg ptn) Proteína carbonilada (nmol/mg ptn) TBARS (nM/mg ptn) Sham-CP (n = 7) 14,1 ± 5,9 1,4 ± 0,5 24,9 ± 8,8 0,5 ± 0,19 Sham-AE (n = 13) 17,4 ± 8,7 1,5 ± 0,8 31,9 ± 11,9 0,4 ± 0,2 2R1C-CP (n = 12) 11,3 ± 2,2 0,1 ± 0,06 a,b 25,9 ± 9,3 0,7 ± 0,3 2R1C-AE (n = 8) 23,5 ± 6,2 c 0,4 ± 0,2 a,b 30,1 ± 8,1 0,4 ± 0,19 (a) representa uma diferença significativa entre os grupos quando comparados com o grupo Sham-CP; (b) representa uma diferença significativa entre os grupos quando comparados com o grupo Sham-AE; (c) representa uma diferença significativa entre os grupos quando comparados com o grupo 2R1C-CP. Análise feita com ANOVA de 1 via, seguida de pós-teste de Newman Keuls (p < 0,05). Os dados foram expressos como média ± DP (n = 7-13 em cada grupo). Sham-CP: grupo de normotensos expostos a condições padrão; Sham-AE: grupo de normotensos expostos ao enriquecimento ambiental; 2R1C-CP: grupo de hipertensos expostos a condições padrão; 2R1C-AE: grupo de hipertensos expostos ao enriquecimento ambiental. SOD: superóxido dismutase; TBARS: substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico. O presente estudo mostrou que o enriquecimento conseguiu aproximar a PAM dos ratos 2R1C-AE e a PAM dos ratos sham. Além disso, o enriquecimento recuperou os componentes das EROs no bulbo ventrolateral, rim e ventrículo esquerdo. Estudos anteriores mostraram uma hiperatividade da Ang II, tanto na RVLM 27,28 quanto no CVLM 9,29 do bulbo ventrolateral dos ratos 2R1C. Além disso, a Ang II tem sido correlacionada com as EROs nessas áreas do cérebro. 30 Por outro lado, a Ang II é um potente indutor da produção de EROs no ventrículo e no rim. 31,32 Os compostos antioxidantes são essenciais para a proteção dos sistemas cardiovascular e nervoso. Aqui, foi observada maior atividade da SOD e da catalase no bulbo ventrolateral dos ratos 2R1C-AE em relação aos ratos 2R1C‑CP. Dessa forma, o enriquecimento ambiental parece ter um efeito protetor contra o estresse oxidativo através do aumento das defesas antioxidantes, reduzindo assim a PAM nos ratos hipertensos. O estudo mostrou que o aumento das defesas antioxidantes no bulbo ventrolateral diminui a PAM dos ratos hipertensos. 6 Do mesmo modo, pesquisas anteriores mostraram que ratos espontaneamente hipertensos tiveram uma diminuição da atividade da SOD no RVLM, mas a PAM e a atividade nervosa simpática também diminuíram quando a SOD foi superexpressada. 33 A concentração de proteína carbonilada foi maior no bulbo ventrolateral dos ratos 2R1C-AE em relação aos grupos controle (Sham-CP e Sham-AE). Esse resultado surpreendente sugere que o enriquecimento ambiental ou foi 909

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