ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Diretrizes Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Telemedicina na Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):1006-1056 com AliveCor KardiaMobile (iECG) duas vezes por semana durante 12 meses (e ECG adicional no caso de sintomas) ou rotina habitual. A utilização do iECG aumentou o diagnóstico de FA em quase quatro vezes (hazard ratio 3,9; p = 0,007). Smartphones , aplicativos (“ apps ”) e a tecnologia de armazenamento em nuvem tem potencial para modificar profundamente a prática da Medicina e a forma como as decisões são tomadas. Nas plataformas dos smartphones , os aplicativos médicos ou de saúde podem analisar uma série de sinais vitais por meio de sensores embutidos, dispositivos interligados ou periféricos. 171 O envio das imagens de ECG por mensagem multimídia pode ser um procedimento de telecardiologia prático e de baixo custo. 172 Essas novas tecnologias podem aumentar a capacidade de detecção das arritmias, mas o real valor desses novos métodos ainda precisa avaliado em estudos rigorosamente conduzidos. 173 2.7.9. Canolopatias Síndromes elétricas herdadas são indicações menos frequentes para implante de CDI; no entanto, o seu gerenciamento pode ser desafiador porque estes dispositivos são frequentemente implantados em pacientes mais jovens e menos propensos a participar de acompanhamento. 174 Anormalidades elétricas podem ocorrer nessas doenças, que predispõem os pacientes a choques desnecessários e exigem uma programação cuidadosa. 175 A população pediátrica, que frequentemente tem eletrodos epicárdicos implantados, é mais vulnerável. O telemonitoramento pode, portanto, ter utilidade particular em tais pacientes para vigilância, detecção precoce e programação preventiva. 176 No registro multic ntrico de Brugada, o número de visitas externas foi significativamente menor no grupo de telemonitoramento do que no grupo controle (p < 0,001), e houve uma tend ncia sugerindo que o número de choques inapropriados também foi reduzido. 177 2.7.10. Taquicardia e Fibrilação Ventricular O monitoramento remoto do paciente pode ser valioso para a pronta avaliação da adequação da detecção e a eficácia da terapia administrada. Se o choque for apropriado e o estado clínico for estável, o médico pode tranquilizar o paciente sem necessidade de visita hospitalar. Em estudo-piloto multic ntrico, 81% dos episódios de taquiarritmia ventricular foram analisados remotamente e em 85% dos casos nenhuma outra ação foi necessária. 178 O estudo TRUST demonstrou que o monitoramento remoto permite detecção precoce de taquiarritmias ventriculares em comparação com o seguimento padrão (1 dia vs. 36 dias para fibrilação ventricular e 1 dia versus 28 dias para taquicardia ventricular, p < 0,001). 179 Outros benefícios potenciais do monitoramento remoto são a prevenção de choques inadequados e também de choques apropriados, porém desnecessários. Detecção inadequada devido a taquiarritmias supraventriculares (ou por oversensing da onda T) pode levar a notificação do paciente para reprogramação intra-hospitalar ou outras intervenções. 180 O fornecimento adequado de choque do CDI para taquicardias ventriculares estáveis e lentas pode levar à reprogramação do dispositivo com um uso mais amplo de terapias antitaquicardia indolores. A taquicardia ventricular rápida autolimitada recorrente e assintomática, que entra na janela de fibrilação ventricular (que dispara alertas com alguns sistemas, independentemente da terapia administrada), pode ser detectada precocemente e uma intervenção apropriada é programada para evitar tempestades elétricas. Além disso, o tratamento oportuno dessas taquicardias pode prevenir a depleção precoce da bateria causada pelas cargas recorrentes e administração de choques. 176,181 2.7.11. Cardiopatia Congênita O diagnóstico precoce das cardiopatias cong nitas pode ser feito pela tele-ecocardiografia, de modo a guiar a conduta terap utica. 182 Um estudo norte-americano multic ntrico com 338 beb s pareados (com e sem acesso à telemedicina) com nenhuma ou doença cardíaca menor mostrou uma redução estatisticamente significativa na porcentagem de beb s transferidos para um hospital terciário (10% versus 5%) e no tempo total e de perman ncia na UTI. 183 A telemedicina aumenta a capacidade dos cardiologistas pediátricos prestar cuidados de alta qualidade a ummaior número de pacientes, porém faltam estudos de alta qualidade para avaliar o impacto dessa intervenção. 2.8. Teletomografia e Telerressonância Cardiovascular Apesar da aparente semelhança entre a teleimagem e o serviço diagnóstico local, há diverg ncias que atingem um quinto dos casos. Focando especificamente nas diverg ncias com impacto clínico, atinge-se 1 a 3% dos casos. Podemos levantar hipóteses de que as razões para essa diverg ncia podem ser imagens com qualidade inadequada, indisponibilidade de dados clínicos do paciente, como história, exame físico e antecedentes, falta de acesso a exames laboratoriais realizados, falta de acesso a outros exames de imagem realizados, fadiga e simples variação interobservador. Pode ser difícil distinguir entre o fluxo de trabalho no diagnóstico de imagem no hospital local e o telediagnóstico. As imagens geradas são armazenadas no sistema de imagem ( Picture Archiving and Communication System ou PACS, por exemplo). São então analisadas pelo departamento de radiologia (além de outras áreas que lidam com imagens, como cardiologia e obstetrícia). Na teleimagem, a imagem é transmitida para um centro externo e então analisada como seria localmente. São necessários estudos que comparem o desempenho da teleimagem com o diagnóstico de imagem local. Pode até se supor que apresentem o mesmo desempenho, mas a evid ncia é fundamental para se confirmarem nossas suposições e pode determinar não apenas se a teleimagem pode ser realizada, como também as condições ótimas para que se realize com segurança, trazendo redução de custos, sem prejuízo ao paciente. 2.8.1. Padrão DICOM Em 1993, foi apresentado um novo grupo de serviços, que já vinha sendo desenvolvido nos anos anteriores, o padrão Digital Imaging and Communications in Medicine (DICOM). O objetivo foi padronizar os dados e informações obtidas 1031

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