ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Ponto de Vista Souza e Herdy DEAC relacionada ao exercício físico em jovens Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):988-998 Foi submetido à ATC, com dilatação e aspiração de trombos intraluminais. Durante a internação houve queixa de dor torácica atípica dois dias após CATE, sendo realizada angiotomografia coronariana (angio-TC) com escore de cálcio zero que desconsiderou lesões ateroescleróticas. O paciente recebeu alta 10 dias após internação e prescrição de uso diário de varfarina 5 mg; clopidogrel 75 mg e Ramipril 5 mg. Outras causas de obstrução coronariana foram desconsideradas em investigação intra-hospitalar. Permanece em uso dos medicamentos e realiza atividades físicas de grande intensidade até hoje; conserva-se assintomático. Caso 2 Paciente E. P. N., sexo masculino, 29 anos, atleta profissional de futebol, sem fatores de risco para DAC precoce, sem uso prévio de medicamentos, anabolizantes, ergog nicos, drogas ilícitas ou anorexígenos. História familiar negativa para doença coronariana, miocardiopatias ou doença trombótica. Procurou atendimento médico por causa de cansaço e desconforto torácico retroesternal insidioso com um m s de evolução, de forte intensidade e curta duração, relacionados aos esforços físicos intensos (treino de futebol) e aliviados ao repouso. Negava irradiações ou sintomas associados, mas apresentou piora progressiva dos sintomas. O paciente, que inicialmente apresentava apenas cansaço precoce indefinido ao final da partida, posteriormente evoluiu com dor torácica em queimação já no início do treinamento. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, eupneico em ar ambiente, normocorado, acianótico, afebril e anictérico. O peso era de 79 kg; a altura, 1,79 m; a frequ ncia cardíaca, 60 bpm; e a pressão arterial (PA), 120/80 mmHg. O exame do tórax demonstrou impulso apical e sons cardíacos e pulmonares normais.Os pulsos eram simétricos com amplitudes normais e não havia edema periférico. Exames de laboratório dentro da normalidade. O ECG de repouso evidenciava ARV com inversão de ondas T anterosseptal (Figura 8). Na sequ nciada investigação, realizou testeergoespirométrico que não apresentou arritmias ou alterações eletrocardiográficas para isquemia miocárdica, mas houve sintomatologia de dor torácica típica leve durante o exame e achados anormais de consumo de oxig nio (VO 2 ) – 48,3 mL/kg/min (o padrão de refer ncia era 48,9); e o pulso de oxig nio foi 21,1 ml 02/bpm (o padrão de refer ncia era 19,9), com curva apresentando plat no pico de esforço alcançado. Em seguida, realizou ecocardiograma transesofágico pelo qual se verificaram espessura e dimensões normais das paredes, sem defeitos no septo e com função sistodiastólica do VE normais, apesar da hipocinesia anteroapical. O paciente permaneceu com quadro de dor anginosa quando se fez necessária avaliação anat mica com angio‑TC e que demonstrou obstrução proximal em ADA a qual apresentava fluxo distal normal devido ao recebimento de CC das artérias circunflexa e coronária direita. O exame desconsiderou aterosclerose coronariana (Figuras 9 e 10). Investigaram-se também trombofilias, doenças reumatológicas, inflamatórias e do tecido conjuntivo; todas com resultados negativos. Diante da obstrução da ADA, procedeu-se à investigação na repercussão desta lesão na função ventricular por meio de cintilografia miocárdica, a qual demonstrou hipocaptação transitória em paredes anterior, apical e septal de grau acentuado e com grande extensão, atingindo 28% do VE. Evidenciada a lesão e demonstrada sua relevante repercussão, submeteu-se o paciente ao CATE, confirmando‑se os achados prévios, onde foi realizado ATC da ADA com stent farmacológico (Promus 4,0 × 2,8 mm), mesmo ciente da possibilidade de embolização distal, com resultado fluxo final TIMI 3. Após procedimento, o paciente permaneceu assintomático recebendo diariamente AAS, prasugrel e seguiu em reabilitação cardíaca. A cintilografia de controle, após tr s meses do CATE, demonstrou reversão total da isquemia miocárdica. Atualmente, permaneceassintomático, emacompanhamento ambulatorial, e praticando atividade física intensa. Caso 3 Paciente R. O. H., sexo masculino, 31 anos, atleta amador de futebol (2 vezes/semana), sem fatores de risco para DAC precoce, sem uso prévio de medicamentos, anabolizantes, ergog nicos, drogas ilícitas ou anorexígenos. História familiar negativa para doença coronariana, miocardiopatias ou doença trombótica. Procurou atendimento médico em virtude de dispneia e cansaço iniciados após praticar 1h de futebol. Houve piora progressiva dos sintomas, evoluindo com dor torácica retroesternal de moderada intensidade e irradiação para membro superior esquerdo, com 2h horas de curso, sem outros sintomas associados. Relatava episódio semelhante e únicohá, aproximadamente, um m s antes, em situação semelhante, com resolução espontânea após 2h de mal-estar e dispneia. À admissão hospitalar, apresentava-se em regular estado geral, hipotenso, sudoreico, tolerando ar ambiente, normocorado, acianótico, afebril e anictérico. O peso era de 74 kg; a altura, 1,69 m; a frequ ncia cardíaca, 48 bpm; e a PA, 60/30 mmHg. Houve necessidade de manutenção da PA, que se elevou rapidamente após infusão de 500 mL de cristaloide (119/90 mmHg). Não apresentava alterações às auscultas cardíaca e pulmonar; as extremidades estavam desinfiltradas. Quando da admissão hospitalar, o ECG evidenciava ritmo juncional com supradesnivelamento do segmento ST em derivações DII, DIII, aVF, V7 e V8, sendo diagnosticado com IAM com elevação do segmento ST (IAMCSSST) inferodorsal. Realizadas as medidas para SCA e encaminhado ao CATE, evidenciou-se dominância direita com lesão grave proximal (95%) em ACD e com grande quantidade de trombos. 993

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