ABC | Volume 113, Nº4, Outubro 2019

Artigo Original Şahiner et al Oclusão do AAE com a prótese Amulet Arq Bras Cardiol. 2019; 113(4):712-721 havia sido implantada anteriormente. Geralmente, uma prótese de oclusão de CIA é considerada um desafio para a punção transeptal, mas este paciente teve a punção transeptal realizada no lado ínfero-posterior do septo interatrial, que é o local de punção mais adequado para a oclusão do AAE. O procedimento de oclusão do AAE foi realizado com sucesso neste paciente sem causar nenhum dano à prótese de oclusão de CIA (Figura 1). Terapia antiplaquetária pós-procedimento dos pacientes Na maioria dos pacientes, a terapia antiplaquetária pós‑procedimento consistiu em ácido acetilsalicílico (100 mg qd) e clopidogrel (75mg qd). Cinquenta e três pacientes continuaram a terapia antiplaquetária dupla (TAPD) por 6 meses após o procedimento. A TAPD era modificada para terapia antiplaquetária única (ácido acetilsalicílico ou clopidogrel) quando a ausência de formação de trombo sobre o dispositivo era confirmada e nenhum vazamento peri-prótese era encontrado. Cinquenta e três pacientes em TAPD não apresentaram trombos relacionados à prótese ou vazamento peri-prótese no ETE do 6º mês de seguimento. Consequentemente, a partir deste momento, estes pacientes continuaram o tratamento com uma terapia antiplaquetária única. Dois pacientes em TAPD após o procedimento tiveram AIT durante o seguimento, estendendo a TAPD por 12 meses. A terapia antiplaquetária única com ácido acetilsalicílico foi considerada em apenas dois pacientes devido ao alto risco de sangramento. Eles mantiveram o uso de um único antiplaquetário durante todo o seguimento. Cinco pacientes tomaram uma dose baixa de agente ACO após o procedimento. Quatro deles usaram apixaban 2,5 mg BID e um tomou dabigatrana 110 mg BID até a avaliação do 6º mês. Nenhum deles apresentou trombo sobre a prótese ou vazamento peri‑prótese no ETE do 6º mês. Portanto, eles continuaram o tratamento antitrombótico com terapia antiplaquetária única após a visita do 6º mês (Figura 2). Resultados do seguimento Os pacientes foram avaliados no 1 º , 6 º e 12 º mês após a alta hospitalar, passando por avaliações anuais depois disso. Dois pacientes morreram durante o seguimento. O tempo médio de seguimento foi de 20 meses (intervalo interquartil de 9 a 27 meses). O primeiro paciente foi a óbito por insuficiência cardíaca descompensada, seis meses após a oclusão do AAE. O segundo morreu de uma doença não-cardíaca. Durante o período de acompanhamento, não houve manifestação clínica de AVC. Dois pacientes apresentaram sintomas semelhantes aos de AIT e foram submetidos à varredura cerebrovascular e ETE. Os exames não mostraram resultados significativos. Estes pacientes passaram por consulta com um neurologista, sendo considerado o diagnóstico de AIT. A TAPD destes pacientes foi estendida para 12 meses. Ambos os pacientes tiveram alta hospitalar sem déficit neurológico, e imagens do cérebro não evidenciaram novas lesões isquêmicas. Além destes dois casos, o evento clínico tromboembólico mais importante foi a embolia pulmonar em um paciente dois meses após oclusão do AAE. Quatro pacientes apresentaram sangramento. Um precisou de hospitalização e transfusão de sangue três meses após o procedimento. Este paciente teve melena. O sangramento gastrointestinal foi confirmado por endoscopia e colonoscopia. A TAPD foi substituída por terapia única com clopidogrel, e o paciente recebeu alta cinco dias após a internação. O sangramento não foi significativo nos outros três pacientes, e eles não necessitaramde hospitalização ou transfusão de sangue. Dois deles tiveram epistaxe e um, petéquias epidérmicas. O ETE de rotina foi realizado no final do 1 º , 6 º e 12 º mês após o procedimento. Em 10 pacientes, o período de seguimento foi menor que 12 meses e eles foram avaliados apenas no 1 º e 6 º mês (Figura 3). Nenhum paciente apresentou trombo ou embolização da prótese em qualquer visita. Dois (3,3%) pacientes tiveram vazamento peri-prótese significativo (>3mm) nas visitas do 1 º e 6 º mês. Estes dois pacientes não apresentaram vazamento peri-prótese no ETE do 12 º mês (Tabela 2). Figura 1 – a) Imagem feita com ecocardiograma transesofágico da agulha de punção transeptal levantando a região ínfero-posterior do septo interatrial e da prótese de oclusão de comunicação interatrial, b) Imagem guia tridimensional feita com ecocardiograma transesofágico após a punção transeptal, c) Imagem fluoroscópica da punção transeptal na região ínfero-posterior do septo interatrial e da prótese de oclusão de comunicação interatrial, d) Imagem fluoroscópica da prótese antes de ser liberada. 716

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