ABC | Volume 113, Nº4, Outubro 2019

Artigo Original Santiago et al. Prevalência e fatores associados à hipertensão Arq Bras Cardiol. 2019; 113(4):687-695 Tabela 1 – Distribuição da hipertensão arterial sistêmica segundo variáveis demográficas e socioeconômicas em adultos do Sertão de Pernambuco. Brasil, 2015 Variáveis Hipertensão Arterial Sistêmica Valor de p ‡ n % IC95% Sexo 0,358 Masculino 44 30,1 22,8 – 38,3 Feminino 70 25,9 20,8 – 31,6 Idade (anos) 0,000 § 20 – 29 13 10,6 05,7 – 17,4 30 – 39 20 15,9 10,0 – 23,4 40 – 49 25 36,8 25,4 – 49,3 50 – 59 56 56,6 46,2 – 66,5 Cor da pele 0,721 Branca 26 28,9 19,8 – 39,4 Parda e preta 88 27,0 22,3 – 32,2 Escolaridade 0,000 § Nunca frequentou escola 66 44,6 36,4 – 53,0 Ensino fundamental 32 19,5 13,7 – 26,4 Ensino médio/superior 16 15,4 09,1 – 23,8 Situação laboral 0,150 Trabalha 45 23,9 18,0 – 30,7 Não trabalha 69 30,3 24,4 – 36,7 Local de moradia Zona urbana 65 27,0 21,5 – 33,0 0,816 Zona rural 49 28,0 21,5 – 35,3 Classe econômica 0,001 Alta e média * 45 20,5 15,3 – 26,4 Baixa † 69 35,2 28,5 – 42,3 IC95%: intervalo de confiança de 95%; * classes A1, A2, B1, B2, C1 e C2; † classes D e E;. ‡ Teste do Qui-quadrado de Pearson; § Teste do Qui-quadrado para Tendência. Após ajustes estatísticos realizados conforme modelo hierárquico previamente estabelecido, as variáveis explanatórias que permaneceram significativamente associadas à HAS foram: idade, classe econômica, tabagismo ativo, IMC e glicemia de jejum (Tabela 5). Discussão Embora a HAS seja uma doença mais comum entre idosos, tem acometido parcela considerável dos adultos, atingindo, no Brasil, mais de 30 milhões de indivíduos dessa faixa etária, 6 o que aumenta a necessidade de se trabalhar mais o agravo em questão também nessa população. A prevalência de HAS em adultos do sertão de Pernambuco, embora ligeiramente menor do que a estimativa nacional de cerca de 30%, 6 mostrou-se, ainda assim, elevada, reforçando‑se ainda mais como um grave problema de saúde pública. Trata‑se de um resultado esperado, tendo em vista, sobretudo, o baixo desenvolvimento social e econômico da mesorregião e sua possível relação com a alta prevalência de DCNT. 10 É importantedestacar, entretanto, a possibilidadedeque alguns indivíduos classificados como hipertensos podem, na realidade, sofrer da chamada hipertensão do jaleco branco, a qual não foi avaliadanopresenteestudoequepode representar uma limitação. No Nordeste, segundo estudo de Andrade et al., 8 a prevalência de HAS autorreferida em adultos é de 19,4% (IC95% 18,4 – 20,5), sendo um resultado aquém do demonstrado no presente estudo. Tal disparidade pode ser explicada por uma das limitações do método de morbidade autorreferida utilizado no trabalho de Andrade et al., 8 que, apesar de já validado para estudos de base populacional, pode subestimar os resultados de prevalência. 21 Isso é possível devido à influência do nível de acesso e utilização dos serviços de saúde por parte da população investigada, tendo em vista que há nesse método uma certa dependência de que os indivíduos passem por prévio diagnóstico médico da doença. 21 A maior vulnerabilidade para a HAS com a progressão da faixa etária, observada na presente casuística, tem sido relatada na literatura especializada, já havendo consenso no tocante à relação direta e linear entre PA e idade. 6 Essa relação 690

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