ABC | Volume 113, Nº4, Outubro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(4):787-891 Tabela 11.2 – Doenças e fatores de risco cardiovasculares, segundo a intensidade de risco, em crianças e adolescentes Tipo e intensidade dos agravos Agravos Doenças de alto risco Diabetes mellitus , insuficiência renal, transplantes cardíaco ou renal, doenças de Kawasaki com aneurisma Doenças de moderado risco Doenças inflamatórias crônicas, infecção pelo HIV, insuficiência coronariana precoce na família Fatores de alto risco Níveis tensionais acima do 99 o percentil medicado, tabagismo, índice de massa corporal acima do 97 o percentil Fatores de moderado risco Hipertensão arterial sem indicação de tratamento medicamentoso, obesidade entre 95 e 97 percentil, HDL < 40 mg/dL Tabela 11.3 – Valores de referência para lípides e lipoproteínas em crianças e adolescentes Lípides Em jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL) Colesterol total < 170 < 170 HDL-colesterol > 45 > 45 Triglicerídeos (0-9 anos) (10-19 anos) < 75 < 90 < 85 < 100 LDL-c < 110 < 110 Não-HDL-colesterol > 145 > 145 LDL-c: colesterol da lipoproteína de baixa densidade. Adaptado de “Expert panel on integrated guidelines for cardiovascular health and risk reduction in children and adolescentes: summary report”. Tabela 11.4 – Metas de LDL-c em crianças e adolescentes, segundo perfil de risco cardiovascular Níveis de LDL-c Risco < 190 mg/dL Sem outro fator de risco < 160 mg/dL Insuficiência coronariana precoce na família Ou outro fator de risco < 130 mg/dL Insuficiência coronariana estabelecida OU 2 doenças ou fatores de alto risco OU 1 doença ou fator de alto risco E 2 doenças ou fatores de moderado risco (Tabela 11.3) LDL-c: colesterol da lipoproteína de baixa densidade. Tabela 11.5 – Medicamentos utilizados no tratamento da dislipidemia na infância e na adolescência Medicamento Dose Observações Lovastatina, pravastatina, sinvastatina e atorvastatina 10-40 mg/dia Pravastatina p/ HIV e atorvastatina p/ HF (> 7 anos) Rosuvastatina 5-20 mg/dia Principalmente em HF (> 7 anos) Colestiramina 4-16 g/dia Qualquer idade Ezetimibe 10 mg/dia > 4 anos Bezafibrato, fenofibrato 200-600 mg/dia TG persistentemente > 500 mg/dL Ômega 3 2-4 g/dia Efeito variável Fitosteróis 1,2-1,5 g/dia Efeito variável HF: hipercolesterolemia familiar, TG: triglicérides. maiores que 130 mg/dL, e 3,5% concentrações de LDL-c maiores que 130 mg/dL. 588 11.7.1. Causas As causas de dislipidemias, primárias ou secundárias, são semelhantes entre adultos e crianças. Vale ressaltar algumas particularidades na infância, como a maior prevalência de formas primárias, de apresentação mais graves, que não possibilitam a sobrevivência até a vida adulta se não tratados, intensiva e precocemente, como a HF (heterozigota ou homozigota), e a deficiência de lipoproteína lipase (hipertrigliceridemia monogênica). Entre as causas secundárias, a dieta cetogênica, utilizada em epilepsia refratária, tem sido identificada com maior frequência atualmente, além da obesidade, sedentarismo e dieta inadequada, considerada em níveis epidêmicos no país. 589 11.7.2. Valores de Normalidade A dosagem do perfil lipídico deve ser feito universalmente entre 9 e 11 anos. Em nível populacional, a dosagem sem jejum pode ser de grande valia, pela praticidade e pelo custo, valorizando nesses casos principalmente os valores de HDL e n-HDL. Nas crianças menores, deve ser feita em crianças de 2 anos ou mais quando houver história familiar precoce para aterosclerose, algum fator ou hábitos de risco CV (Tabela 11.2) ou sinal clínico compatível com dislipidemias primárias graves monogênicas. Os valores de normalidade estão descritos na Tabela 11.3. 590,591 11.7.3. Tratamento O tratamento baseia-se, inicialmente, na modificação do estilo de vida intensiva por pelo menos 6 meses, com controle do peso, dieta e atividade física, como já descrito. 7 A meta de LDL-c para o uso de medicamentos varia segundo o perfil de risco da criança ou do adolescente, após o insucesso das modificações do estilo de vida (Tabela 11.4). O arsenal de medicamentos é semelhante ao dos adultos, segundo faixa etária como descrito na Tabela 11.5. 7,592 Não há evidências robustas sobre o uso de medicações nos casos de hipertrigliceridemia. Porém, utiliza-se as da classe dos fibratos, idealmente em maiores que 12 anos, de forma semelhante aos adultos, quando os níveis de triglicerídeos atingem concentrações de 700 mg/dL, ou mantem-se acima de 500 mg/dL de forma persistente, mesmo com todos as medidas de controle convencionais. 593 A Tabela 11.6 mostra as recomendações para abordar crianças e adolescentes. 862

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