ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Artigo Original Dalmazo et al. Estresse na hipertensão Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):374-380 Tabela 3 – Consumo alimentar e pressão arterial de acordo com a classificação de Estresse presente ou ausente ISSL p Ausente Presente Consumo_Ultra processados 3 (1,1 ; 3,5) 2,4 (0,7 ; 3,4) 0,295 Consumo_Carboidratos 0,3 (0,2 ; 0,9) 1,1 (0,3 ; 2,3) 0,099 Consumo_Proteínas 2,5 (2 ; 3,2) 2,4 (1,7 ; 3,1) 0,522 Consumo_ in natura 3,5 (2,7 ; 3,9) 3,3 (2,7 ; 4,2) 0,761 Consumo_Lipídios 4,3 (3,5 ; 6,5) 7 (3,6 ; 7) 0,367 PAS (mmHg) 168,07 ± 27,31 174,36 ± 26,58 0,416 PAD (mmHg) 90,93 ± 15,83 93,51 ± 15,56 0,568 Para consumo alimentar (consumo em dias da semana) foi utilizado o Mann-Whitney e para PAS (pressão arterial sistólica) e PAD (pressão arterial diastólica) o Teste T. Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL) Tabela 4 – Comparação da frequência de consumo alimentar e dos níveis pressóricos em relação aos tipos de sintomas de estresse Variáveis ISSL p Físicos Psicológicos Mistos Consumo_Ultraprocessados 1,9 (0,5 ; 2,8) 3,4 (1,3 ; 4,9) 2,4 (0,8 ; 2,9) 0,065 # Consumo_Carboidratos 1,1 (0,3 ; 2,5) 1,1 (0,3 ; 1,7) 1,4 (0,2 ; 2,7) 0,573 # Consumo_Proteínas 2,3 (1,6 ; 3) 2,4 (1,7 ; 3,2) 2,4 (1,6 ; 3,2) 0,848 # Consumo_in natura 3,3 (2,6 ; 4) 3,6 (2,9 ; 4,2) 3,1 (2,6 ; 4,2) 0,608 # Consumo_Lipídios 5 (3,5 ; 7) 7 (7 ; 7) 5 (3,3 ; 7) 0,026 # PAS 170,66 ± 27,1 182,38 ± 28,01 177,92 ± 23,82 0,226* PAD 91,92 ± 15,74 94,95 ± 12,42 100,15 ± 18,81 0,226* # Teste Kruskal Wallis - Valores apresentados como mediana/intervalo interquartílico. *ANOVA – valores apresentados como média e desvio padrão. ISSL: Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica. Nguyen et al., 18 demonstraram em seu estudo sobre alimentação induzida por estresse com 517 estudantes que o estresse percebido foi um correlato significativo da “alimentação emocional” e também agregou em seus resultados que este fator independe do IMC, sugerindo que a alimentação induzida pelo estresse não está vinculada a pessoas que tem excesso de peso e obesidade. No presente estudo, não observamos relação positiva significativa entre consumo alimentar nas diferentes fases do estresse com a presença ou ausência de estresse. As divergências encontradas neste estudo em relação aos citados podem ser atribuídas a diversidade das variáveis analisadas, o que sugere uma investigação mais detalhada, pois está bem documentado por Sousa et al., 19 que os estímulos e respostas fisiológicas diferem em cada fase do estresse. 19 Quanto ao estresse, na fase de resistência (57%), vai ao encontro com os resultados obtidos por Wottrich et al., 20 no qual identificou predominância na fase de resistência dos indivíduos avaliados. Estes achados vão ao encontro com dados do estudo descrito por Malagris Fiorito 21 e Rosseti 22 cujos resultados se assemelhavam em suas pesquisas. Lipp et al., 23 também enfatizam que a fase de resistência está associada ao cansaço excessivo, problemas de memória e dúvidas quanto a si próprio, o que pode comprometer sobremaneira a qualidade de vida do indivíduo. Pecoraro et al., 24 e Zellner et al., 25 afirmaram que para minimizar os sintomas do estresse, é comum o consumo alimentos saborosos, na sua maioria ricos em gorduras, como forma de conforto e “automedicação”. Em um outro estudo, com adolescentes realizado em Londres, foi constatado que um alto grau de estresse percebido foi relacionado com alto consumo de gordura e de grandes quantidades de refeições não saudáveis. 5 Neste estudo foi demonstrada associação positiva entre consumo de alimentos ricos em lipídios em pacientes classificados com algum nível de estresse, com predominância de sintomas psicológicos. 5 É importante salientar que a gordura no alimento promove maior palatabilidade, sendo também um alimento mais calórico. Destaca-se o fato de haver predominância de sintomas psicológicos podendo revelar que os indivíduos encontravam‑se preocupados, com baixa autoestima e irritados, logo, com suas condições psicológicas comprometidas, buscando algum tipo de compensação e bem estar no alimento. Sabe-se que as emoções podem determinar as escolhas e preferências alimentares e os alimentos associam-se ao contexto emocional em que habitualmente são consumidos. 26,27 378

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=