ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 O uso de torniquetes, das mais diversas formas, é outro método razoavelmente difundido e, muitas vezes, praticado por profissionais que não possuem a experiência necessária. Os torniquetes podem ser efetivos para sangramentos externos severos dos membros. 1303-1307 Potenciais complicações, incluindo síndrome compartimental, lesão do nervo, comprometimento dos vasos sanguíneos e amputação do membro, podem ocorrer relacionadas à pressão e à duração do uso. As evidências, até o momento, são insuficientes para determinar o tempo mínimo crítico para ocorrência de complicações irreversíveis. 1229 A utilização do torniquete pelo primeiro socorrista, independente do tipo, seja pré-fabricado ou improvisado, exige treinamento. É indicada em situações de sangramentos severos, locais não seguros para permanecer até o controle do sangramento, acidente com múltiplas vítimas, entre outras. O uso de agentes hemostáticas vem sendo feito commaior frequência onde existe a disponibilidade e, principalmente, nos ambientes militares. A nova geração dos agentes hemostáticos impregnado nas bandagens tem se mostrado melhor, e os efeitos adversos são incomuns, além do aumento do uso nos ambiente civis. 1308,1309 A utilização de agentes hemostáticas exige treinamento. Seu uso pode ser considerado pelo primeiro socorrista quando a compressão direta do local de sangramento não for eficaz e não existir disponibilidade de um torniquete (Quadro 19.12 e Figura 19.5). 19.14. Queimaduras Queimaduras são lesões que se originam por elevação da temperatura local, de qualquer área exposta do corpo, por uma variedade de agentes, como líquidos quentes e fogo, entre outros. Podem ter consequências drásticas ou não, a depender da área, da extensão e da gravidade da lesão. O cálculo da extensão do agravo é classificado de acordo com a idade. Nestes casos, normalmente utiliza-se a conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada Superfície Corporal Queimada (SCQ) (Figura 19.6). 1310 As condições que classificam a queimadura como grave, necessitando de atendimento médico o quanto antes, são: 1310 extensão/profundidade maior do que 20% de SCQ em adultos; extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ em crianças; idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos; presença de lesão inalatória; politrauma e doenças prévias associadas; queimadura química; trauma elétrico; áreas nobres/especiais; violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. A pele, ao ser lesionada, não faz seu papel de barreira efetivamente, sendo um risco para perda de líquido e para infecções, podendo existir risco de morte se a lesão for extensa. No atendimento às queimaduras locais, o resfriamento da lesão deve ser feito com água em temperatura ambiente (15 a 25°C) nos primeiros 30 minutos do contato com o agente causador da queimadura. Esse procedimento tem por objetivo minimizar a dor e a profundidade da queimadura. O uso de água muito gelada ou mesmo gelo está relacionado à piora da extensão e da profundidade da lesão. 1311 Estudos demostraram que a utilização de água fria, mas não gelada, reduziu o risco de lesão maior e sua profundidade. O resfriamento deve ser realizado com cuidados em grandes áreas queimadas e em crianças, em relação ao risco de hipotermia. Este resfriamento com água fria, mas não gelada, deve ser realizado o mais breve possível e por, pelo menos, 10 minutos. Caso não exista disponibilidade de resfriamento por água fria, podem ser utilizadas compressas frias, mas não gelada, em subistituição. 1312,1313 Se houver formação de bolhas na área da queimadura, certifique-se de que elas permaneçam intactas. Dessa forma, o processo de cicatrização ocorre mais rapidamente e há redução da dor. 1314 Em caso de lesões extensas, mesmo que de primeiro grau, o recomendado é que se acione o serviço médico de emergência, já que existe grande risco de morte, e o resfriamento de uma grande área queimada não seria eficaz. Em relação à cobertura da área queimada, estudos mostram resultados limitados em relação aos benefícios de utilizar uma Quadro 19.12 – Recomendações para primeiros socorros em situação de trauma Recomendações Classe de Recomendação Nível de Evidência As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas, para assegurar que estão pérvias e desobstruídas I A A primeira providência do socorrista deve ser a estabilização manual da coluna do paciente, sendo que o colar cervical deve ser utilizado somente por profissionais treinados IIb C Socorrista leigos não devem usar dispositivos de imobilização cervical III C Controlar hemorragia externa por meio da aplicação de pressão direta sobre o local até a chegada do serviço médico de emergência I A Caso o socorrista seja treinado e não exista possibilidade de compressão direta do local de sangramento, o torniquete pode ser considerado IIb C Uso rotineiro e indiscriminado do torniquete para controle de sangramento III C Vítimas em choque devem ser transportadas em decúbito dorsal horizontal IIa B 617

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