ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 19.13.1. Avaliação das Vias Aéreas À medida que o socorrista aborda a vítima, ele pode ver se ela está respirando efetivamente ou com dificuldades, e se está acordada ou sem resposta. Quando o socorrista pergunta à vítima “O que aconteceu?” e obtém uma explicação coerente, ele pode concluir que ela está com as vias aéreas liberadas, apresenta funções respiratórias suficientes que permitem a fala e função neurológica razoável, ou seja, não há risco de morte imediato. 1296 Estas informações são de suma importância para o serviço médico de emergência e para a decisão quanto ao despacho das unidades de atendimento. Se o socorrista se deparar com uma vítima que não reponde (ao avaliar sua responsividade) e não respira, ou respira anormalmente, deve acionar o serviço médico de emergência e imediatamente realizar as manobras de RCP, de acordo com a sessão de SBV no adulto desta diretriz. 19.13.2. Imobilização da Coluna Cervical Traumatismo craniano leve e contusões são comuns em crianças, jovens e adultos. Perda de consciência é incomum na maioria dos ferimentos na cabeça e, se houver duração de mais de 30 segundos, isso pode indicar um traumatismo craniano. Embora a evidência seja questionável quanto à capacidade de um socorrista identificar uma lesão na coluna vertebral, ele deve ter um alto índice de suspeita, baseado na avaliação da cena e na descrição do evento (atropelamento, queda brusca, acidente automobilístico etc.), e tratar como se houvesse lesão na coluna vertebral. 1299,1300 Os dados publicados indicam que uma pequena proporção de crianças com traumatismo craniano leve terá lesão intracraniana significativa. A presença de qualquer perda de consciência ou amnésia indica probabilidade de que uma lesão está presente em muitos − mas não em todos − os casos. Estudos evidenciam que aproximadamente 2% dos adultos, vítimas de trauma contuso, avaliados no serviço de emergência, sofrem lesão na coluna; este risco é triplicado em pacientes com traumatismo craniofacial. 1299,1300 Não existem relatos na literatura que demonstrem que os prestadores de primeiros socorros podem reconhecer uma Quadro 19.11 – Recomendações para atendimento de primeiros socorros em caso de intoxicação exógena (envenenamento) Recomendações Classe de Recomendação Nível de Evidência Equipamento de Proteção Individual (luvas, óculos etc.) deve ser usado pelo socorrista durante a remoção do produto químico (toxina) I B Contato precoce com o Centro de Controle de Intoxicações e transporte da vítima para serviço médico de emergência mais próximo IIa A Na exposição à cal virgem e a qualquer pó tóxico, retirar o pó com um pano limpo e seco IIb B Não administrar carvão ativado para uma vítima que ingeriu uma substância tóxica, a menos que tenha sido orientado pelo Centro de Controle de Intoxicações ou pelo serviço médico de emergência IIb C Não realizar ventilação boca a boca na presença de toxinas como cianeto, sulfeto de hidrogênio, corrosivos ou organofosforados III C Para as vítimas que ingeriram uma substância cáustica, a administração de uma diluição (leite ou água) por um socorrista não é recomendada III C lesão na coluna vertebral, nem mesmo usar corretamente dispositivos de imobilização da coluna cervical (colar cervical), 1296 uma vez que a colocação de tal dispositivo exige treinamento extenso e prática, para ser executada corretamente, não sendo considerada primeiros socorros. 1229 Assim, ao detectar uma emergência traumática que possa comprometer a coluna vertebral, a primeira providência deve ser a estabilização manual da coluna da vítima e aguardar o serviço médico de emergência. 1229 19.13.3. Controle de Sangramento O sangramento é causa mais comum de choque em vítimas traumatizadas. A abordagem do socorrista deve considerar todos os casos de choque como hemorrágicos, procurando primeiro por hemorragias visíveis, a fim de controlá-las (aplicação de curativo compressivo). Caso não existam evidências de hemorragia externa, deve-se suspeitar de hemorragias internas (pesquisar lesão no tórax, abdome e pelve). 1298 Embora a hemorragia interna não seja tratada no ambiente pré-hospitalar, a identificação facilita o acionamento do serviço médico de emergência. O sangramento na fase pré-hospitalar pode ser causado por lesões que resultem em danos “compressíveis” e/ ou hemorragia não compressível (hemorragia interna). O sangramento compressível, na fase pré-hospitalar, pode ser efetivamente tratado de forma direta, pela pressão manual, aumentando a pressão extraluminal e reduzindo a pressão transmural (interna versus externa). A avaliação da coloração da pele, da temperatura e da umidade contribui para estimar a quantidade de sangue perdido. O material empregado na compressão não deve ser retirado do local, e, após o controle, deve ser providenciada uma bandagem elástica. Ao comparar o uso da pressão direta no controle do sangramento com a pressão de pontos específicos, elevação do membro, aplicação local de gelo, torniquetes e uso de bandagens hemostáticas, concluiu-se que não há evidência para apoiar que o uso da pressão de pontos específicos ou elevação do membro da lesão controle o sangramento externo. 1229,1301,1302 616

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