ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 apresentar convulsão ou impossibilidade de seguir comandos simples e engolir com segurança, o primeiro socorrista deve ligar para o serviço médico de emergência imediatamente, ligar também, após 10 a 15 minutos da administração de uma fonte de glicose, caso não ocorra melhora dos sintomas da hipoglicemia. 1290,1291 Revisão feita pelo ILCOR em 2015 destacou fontes de glicose já conhecidas com produtos comerciais, como balas em quantidades equivalentes a 20 g de carboidratos no tratamento da hipoglicemia. Nos estudos, a melhora da hipoglicemia não ocorreu em um tempo menor de 10 minutos, e houve superioridade dos comprimidos de glicose em relação a outras fontes de glicose avaliadas. 1290,1291 Se a vítima estiver alerta, o socorrista pode administrar glicose por via oral dando preferência para utilização de comprimidos de glicose, que demostraram aliviar os sintomas da hipoglicemia de forma mais rápida em comparação a outras várias fontes de glicose, como sacarose (açúcar comum/de mesa), alimentos contendo frutose, balas, entre outras. Na prática, os comprimidos de glicose não são uma realidade disponível, e outras fontes de glicose descritas anteriormente podem ser utilizadas. Se não houver certeza de que a vítima está em hipo ou hiperglicemia, um alimento açucarado deverá ser oferecido, pois isso aliviará rapidamente as baixas taxas glicêmicas, sendo improvável que venha a comprometer estados hiperglicêmicos (Quadro 19.10). 19.12. Intoxicação Exógena – Envenenamento É importante compreender a natureza tóxica da substância química no ambiente e do equipamento adequado de proteção, assim como procedimentos de emergência, em caso de exposição a substâncias tóxicas. Na maioria das vezes, a intoxicação acontece por ingestão do material venenoso. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), foram notificados, em 2013, 42.128 casos de intoxicação humana por agente tóxico, sendo 22,57% dos casos em crianças com faixa etária de 1 a 4 anos. Os registros são realizados pela Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica. 1292-1294 A prevenção é o primeiro passo e é essencial no controle do envenenamento, especialmente em crianças. A maioria dos Estados no Brasil possui um Centro de Controle de Intoxicações (CCI). É importante informar ao atendente a natureza e o tempo da exposição, e onome do produto ou a substância tóxica, além de dados oferecidos na embalagem do produto. Todas as instruções fornecidas devem ser seguidas: 1295 • O socorrista deve utilizar os equipamentos de proteção individual e não realizar ventilação boca a boca na presença de algumas toxinas, como cianeto, sulfeto de hidrogênio, corrosivos ou organofosforados. 1295 • Exposição a produtos alcalinos e ácidos em ambos os olhos e sobre a pele tem apresentado melhoria quando lava-se a região com água abundante logo após a exposição. 1295 • Atenção deve ser dada ao pó de cal virgem (óxido de cálcio), que reage com o suor da vítima e com água, produzindo queimaduras, pois, em contato com a água, este pó gera calor e seca excessivamente, de modo que as lesões apresentam-se como queimaduras horas depois do contato. Assim, em exposição à cal virgem e a qualquer pó tóxico, a vítima deve ser orientada a retirar o pó com um pano limpo e seco. 1296 • Não existem estudos sobre o efeito do tratamento da exposição cáustica oral com a terapia de diluição em água ou leite, e também não foram encontradas evidências para sugerir que o carvão ativado é eficaz, quando usado como medida de primeiros socorros (embora o uso seja seguro). • Os dados sobre experiência com carvão ativado na suspeita de envenenamento são limitados. É importante ressaltar que a maioria das crianças não ingere a dose recomendada de carvão ativado. 1297 • No caso de inalação de um gás tóxico, a vítima deve ser removida da área, mas isso só deve ser feito mantendo a segurança do socorrista (Quadro 19.11). 1295 19.13. Abordagem à Vítima de Trauma A vítima traumatizada possui lesões que afetammais de um sistema do organismo. Assim, o socorrista deve ser orientado a realizar avaliações dos sinais e sintomas de gravidade, acionar o serviço médico de emergência e realizar condutas simples e seguras que salvam vidas. Mais de 90% dos traumatizados têm somente ferimentos simples, que envolvem apenas um sistema do organismo (por exemplo, fratura isolada de ummembro). 107 Para estas vítimas, o socorrista deve garantir a segurança da cena, permanecer no local e ativar o serviço médico de emergência. 1298 Em vítimas com traumatismos graves, o socorrista deve assegurar a segurança da cena, ativar o serviço médico de emergência e realizar avaliação rápida das vias aéreas e circulação (controle de sangramento). Quadro 19.10 – Recomendações para atendimento de primeiros socorros em casos de hipoglicemia Recomendações Classe de Recomendação Nível de Evidência Se a vítima estiver alerta, o socorrista pode administrar glicose por via oral: 20 g de açúcar (duas colheres) em meio copo d’água I C Se a vítima tornar-se sonolenta ou inconsciente, acionar serviço médico de emergência I C Se não houver melhora da vítima após 15 minutos, acionar o serviço médico de emergência IIa B 615

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