ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 vítima, com ou sem equipamentos médicos, com o objetivo de preservar a vida, aliviar o sofrimento, prevenir progressão de novas patologias e promover a recuperação. 1228-1230 As intervenções de primeiros socorros não devem adiar o acionamento do serviço de emergência ou de outro serviço de assistência médica, quando necessário. 1228 Toda vítima que se encontra em situação de perigo deve idealmente ser atendida de forma rápida e eficaz. Para que isso aconteça, normatizações de condutas devem ser feitas e seguidas pelo maior número de pessoas possível. Infelizmente, a maior parte das vítimas que apresentam alguma emergência não tem acesso à assistência de saúde para o atendimento inicial em condições ideais. Dessa forma, é fundamental que todos estejam preparados para lidar com situações que colocam em risco a vida de seus próximos. Recomenda-se que a educação em primeiros socorros seja universalmente disponível, diminuindo a morbimortalidade por lesões e doenças, e promovendo aumento nas taxas de sobrevivência. 1229 Estudos recentes demonstram que o leigo (não profissional da saúde) é o primeiro a chegar à cena de emergência e prestar os primeiros socorros à vítima. Nesta diretriz, titularemos leigo de “socorrista”, por ser, muitas vezes, a primeira pessoa que atende uma vítima em situação de emergência no ambiente pré-hospitalar, e, adaptando o atendimento à realidade brasileira, entende-se por serviço médico de emergência os serviços pré-hospitalares presentes em diversas regiões do país, por exemplo: SAMU (192), Corpo de Bombeiros (193), serviços de ambulâncias, etc. Ressalta-se a importância de disseminar o telefone do serviço de emergência pré-hospitalar presente na região para toda a comunidade. 19.2. Segurança da Cena A primeira preocupação do socorrista, ao se aproximar de qualquer cena, é a segurança do local, observando se existe perigo para ele e para os outros. Se o local for seguro, não mova a vítima, principalmente se o socorrista suspeitar que a vítima sofreu um trauma, ou possa ter uma lesão pélvica ou da coluna vertebral. Quando o local não for seguro, remova a vítima para uma área segura, antes que sejam iniciados a avaliação e o tratamento necessários. Se a via aérea da vítima estiver bloqueada devido à posição, mova a vítima (somente o necessário) para abrir a via áerea. 1229-1231 Caso o socorrista esteja sozinho e tenha um celular, pode acionar o serviço médico de emergência, deixando o aparelho no viva-voz. 19.3. Atendimento à Vítima Durante a realização da avaliação inicial, verifique se a pessoa responde, batendo em seus ombros e perguntando: “Você está bem?”. 19.3.1. Vítima Consciente Caso a vítima esteja consciente, o socorrista deve apresentar-se dizendo seu nome, identificando-se como pessoa capacitada e perguntando se pode ajudar (pedido formal de consentimento para prestar o socorro). Se a vítima consentir, o socorrista deve iniciar o atendimento, até a equipe de emergência especializada chegar ao local, caso contrário, o socorrista deve acionar o serviço médico de emergência e permanecer no local até a chegada do mesmo. Se a vítima estiver confusa ou não puder responder, presuma que ela deseja atendimento de primeiros socorros. 1231 Após a aceitação do atendimento pela vítima, a primeira meta do socorrista é determinar seu estado geral. 1231 A fim de facilitar a realização de uma entrevista simplificada da vítima, abordando os tópicos principais de investigação e direcionando o socorrista às emergências potencialmente graves, podemos utilizar um recurso mnemônico, denominado SAMUDE. Cada letra da palavra representa uma avaliação ou pergunta que deverá ser feita ao paciente: • Sinais e sintomas: pergunte à vítima o que ela está sentindo e observe sinais de confusão mental, dispneia, palidez cutânea, sudorese, sangramento, etc. • Alergias: questione a vítima se ela é alérgica amedicamentos, alimentos ou picada de insetos. • Medicações: pergunte se ela faz uso de algummedicamento. • Última refeição: questione a pessoa sobre o horário da última refeição e o que foi ingerido. • Doenças: pergunte para vítima se ela possui alguma doença prévia. • Eventos relacionados (com o trauma ou doença): observe a cena e a relacione com a ocorrência, com as queixas da vítima e pergunte como aconteceu o incidente. Desta forma, o socorrista conseguirá identificar se a vítima está grave, se é necessário o acionamento imediato do serviço médico de emergência, ou se, por meio do estabelecimento de condutas simples, ele conseguirá realizar um tratamento efetivo, melhorando a situação inicial da vítima. 19.3.2 Atendimento à Vítima Inconsciente Após verificar a segurança do local, o socorrista deve primeiramente reconhecer se a vítima está em PCR, avaliando a responsividade e checando a respiração. 5,6 Ao encontrar uma vítima inconsciente (que não responde), o socorrista deve, imediatamente, acionar o serviço médico de emergência e solicitar um DEA. Depois, deve avaliar sua respiração (5 a 10 segundos). Se a vítima não estiver respirando ou apresentar respiração anormal ( gasping ), o socorrista deve iniciar as manobras de RCP. 1232 O treinamento em SBV deve ser estimulado e disponibilizado ao máximo, possibilitando maior chance de um indivíduo com PCR ser reanimado com sucesso (Quadro 19.1 e Figura 19.1). 1233 19.4. Desmaio e Síncope A síncope é caracterizada por perda transitória da consciência e do tônus postural, que ocorre de forma súbita e com recuperação espontânea. 1232,1233 608

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