ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 15.8. Perspectivas A realização de trabalhos multicêntricos controlados, randomizados e com avaliação de custo-benefício é urgente, assim como dispositivos mais acessíveis, em termos de custo, duração, manejo e menor tamanho, que possam vir a ampliar suas indicações, para um melhor entendimento e aplicação otimizada. 16. Simulação no Ensino das Emergências 16.1. Introdução O avanço científico em relação à ciência de RCP deve ser acompanhado de medidas que possibilitem a disseminação do conhecimento e a implementação de rotinas adequadas de atendimento ao paciente vítima de PCR nos mais diversos locais. 16.2. Conceitos em Simulação A educação continuada constitui critério de avaliação de qualidade no ensino nas instituições. A simulação é uma das fases mais importantes na capacitação dos profissionais da saúde, atualizando, aprimorando e reduzindo a distância existente entre o que se ensina na teoria e sua prática. 1149-1152 Segundo Gaba, simulação pode ser definida como umprocesso de instrução, que substitui o atendimento a pacientes reais por modelos artificiais, como atores, ou virtuais, reproduzindo cenários de cuidados em um ambiente próximo da realidade, com o objetivo de analisar e refletir as ações realizadas de forma segura. 1150-1152 O princípio básico por trás da simulação é promover a integração dos conhecimentos teóricos e das habilidades técnicas, estimulando os participantes a coordenarem todas as competências simultaneamente, facilitando a transferência do que foi aprendido para a solução de novos problemas. 1153-1154 16.3. Treinamento de Habilidades ( Part Task Trainer ) As terminologias para treinamento de habilidades técnicas específicas ou part task trainer empregam o uso de pacientes padronizados, realidade virtual e simulação, contemplando diversas áreas de estudos na medicina (Quadro 16.1). A finalidade didática da simulação pode ser dividia em dois tempos: treinamento de habilidades e treinamento por meio de cenários. No entanto, vale esclarecer que os diferentes tipos de recursos podem variar de acordo com a complexidade e fidelidade dos equipamentos: 1153 • Alta fidelidade: manequins computadorizados. • Moderada fidelidade: com tecnologia intermediária e interação limitada. • Baixa fidelidade: manequins estáticos, sem interação. 16.4. Treinamento com Cenários Destina-se ao treinamentode situações clínicas, possibilitando o raciocínio e o treinamento comportamental em ambiente controlado (Figura 16.1). Este treinamento pode ser dividido em três momentos: elaboração, execução e debriefing . Ao envolver os alunos em cenários e orientá-los por meio de um debriefing estruturado, os facilitadores podem maximizar a transferência de conhecimento para eventos da vida real. O ponto crítico desta aprendizagem é que a experiência não é suficiente para promover a mudança. 1155,1156 16.5. Treinamento em Ressuscitação Utilizando a Simulação Um componente essencial da educação de ressuscitação é a aprendizagem experiencial que ocorre por meio da simulação e do debriefing estruturado. O ciclo de aprendizagem experiencial é ummodelo de representação de como as pessoas aprendem. Ele possui quatro etapas: sentir (experiência concreta), observar (observação reflexiva), pensar (conceituação abstrata) e fazer (experimentação ativa). 1157 Ressuscitações clínicas são eventos estressantes. Por isso enfatiza-se a importância do aprendizado em cenários simulados, para, então, agir quando houver eventos na vida real. 1154 A utilização da simulação em universidades, escolas de medicina e outras áreas da saúde é recente no Brasil, especialmente na simulação de alta fidelidade, que exige um alto investimento financeiro em robôs e infraestrutura e docentes capacitados. Os cursos que envolvem conceitos de Cardiologia, emnosso país, são: Treinamentos em Emergências Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia Avançado e Básico (TECA A e B), SBV ( Basic Life Support − BLS), SAVC ( Advanced Quadro 16.1 – Principais estratégias educacionais em simulação realística 1154 Estratégia Definição geral Habilidades específicas ( part task trainer ) Manequins que permitem o treino de procedimentos específicos, como intubação orotraqueal, entre outros. Não necessariamente utilizam um cenário contextualizando a situação Paciente estandarizado e/ou padronizado ( standardized patient ) Utilizam-se atores especializados em simulação, alunos treinados ou os próprios pacientes. Muito utilizado para capacitação em habilidades comportamentais e avaliação de estudantes Simulação de alta fidelidade ( high fidelity simulation ) Robôs que possuem respiração espontânea e são operados de forma a apresentar hemodinâmica e procedimentos muito próximos ao real. Normalmente são utilizados cenários trabalhados por uma equipe e que são discutidos em fase posterior, denominada debriefing Realidade virtual Bastante utilizado em simulações cirúrgicas em que há a necessidade de computação gráfica, para replicar um procedimento Simulação híbrida Associação entre um manequim de habilidades técnicas e um paciente padronizado 598

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=