ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 15. Suporte de Vida Extracorpóreo Neonatal, Pediátrico e Adulto 15.1. Introdução “Suporte de vida extracorpóreo”, do inglês “ extracorporeal life support ”, é um termo utilizado quando queremos nos referir à tecnologia desenvolvida nas últimas décadas para promover suporte cardíaco, respiratório ou ambos em pacientes com disfunção orgânica grave. Estes dispositivos têm como finalidade oferecer condições de sobrevida para recuperação efetiva e atuar como ponte para transplante, para implante de dispositivo de longa permanência ou para tomada de decisões. 1109 A Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) considera a Terapia Renal Substitutiva Contínua (CRRT, sigla do inglês Continuous Renal Replacement Therapy ) e a Terapia de Substituição Plasmática (TPE, Therapeutic Plasma Exchange ) outros tipos de ECLS. A introdução de um capítulo sobre suporte de vida extracorpóreo nas diretrizes de RCP e emergências clínicas vem ao encontro do desenvolvimento e da implantação dessa tecnologia nas unidades de emergência e de terapia intensiva no mundo todo. Apesar de abordar a maioria dos ECLS, o foco principal nesta diretriz será a ECMO. Pacientes em choque cardiogênico e insuficiência respiratória refratária ao tratamento clínico podem se beneficiar desta terapia. A ECMO é composta basicamente por uma cânula de drenagem, uma bomba centrífuga, uma membrana de oxigenação e uma cânula de reinjeção sanguínea. Por esse sistema, pode-se otimizar a perfusão sistêmica com oferta de débito > 6 L/minuto, além de promover oxigenação sanguínea e depuração de gás carbônico. 1110 A posição de inserção das cânulas define se o suporte será apenas pulmonar (ECMO venovenosa) ou cardiopulmonar (ECMO venoarterial). 15.2. Resumo das Situações Clínicas com Indicação de Oxigenação Extracorpórea A seguir os principais diagnósticos, indicações e contraindicações para o emprego da ECMO (Quadros 15.1 a 15.5). 1111 O assunto referente ao uso de ECMO durante a parada cardiopulmonar (E-CPR: extracorporeal cardiopulmonary resuscitation ) será abordado em outro capítulo. 15.3. Centros Especializados em Oxigenação Extracorpórea A qualidade da assistência prestada com ECMO está diretamente ligada ao número de pacientes com este dispositivo que o serviço atende anualmente. Centros com maior volume apresentammenores taxas de mortalidade. 112-114 Pacientes com necessidade de ECMO precisam estar próximos a grandes centros hospitalares, com disponibilidade de terapia de substituição renal contínua, capacidade para Quadro 14.7 – Classificação INTERMACS (Interagency Registry for Mechanically Assisted Circulatory Support) de gravidade da insuficiência cardíca Perfil Descrição Estado hemodinâmico Tempo para intervenção 1 Choque cardiogênico grave Hipotensão persistente apesar do uso de inotrópicos e balão intra-aórtico, associada à disfunção orgânica Horas 2 Declínio progressivo apesar do uso de inotrópico Declínio da função renal, hepática, nutricional e lactatemia, a despeito do uso de agentes inotrópicos em doses otimizadas Dias 3 Estável às custas de inotrópico Estabilidade clínica em vigência de terapia inotrópica, mas com histórico de falência do desmame Semanas a meses 4 Internações frequentes Sinais de retenção hídrica, sintomas ao repouso e passagens frequentes em unidades de emergência Semanas a meses 5 Em casa, intolerante aos esforços Limitação marcante para atividades, porém confortável ao repouso, a despeito de retenção hídrica Urgência variável, dependente do estado nutricional e do grau de disfunção orgânica 6 Limitação aos esforços Limitação moderada aos esforços, ausência de sinais de hipervolemia Urgência variável, dependente do estado nutricional e do grau de disfunção orgânica 7 NYHA III Estabilidade hemodinâmica e ausência da hipervolemia Sem indicação Quadro 14.8 – Recomendação para dispositvos de assistência circulatória mecânica no choque cardiogênico refratário Indicações Classe de Recomendação Nível de Evidência Choque cardiogênico refratário em ICA “nova” – INTERMACS I e II IIa C Choque cardiogênico refratário em miocardiopatia crônica isquêmica ou não isquêmica – INTERMACS I e II IIa C ICA: insuficiência cardíaca aguda. 591

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=