ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 Neonatos em baixo DC podem se beneficiar do uso de vasodilatadores sistêmicos, como bloqueadores de receptores alfadrenérgicos (fenoxibenzamina), que podem aumentar a liberação sistêmica de oxigênio (Classe IIa, LOE B), 1013 assim como a milrinona ou o nipride, 1014 que também reduzem a RVS e melhoram a oferta sistêmica de oxigênio, diminuindo a incidência de choque cardiogênico e melhorando sua sobrevida. A monitorização do consumo de oxigênio na veia cava superior e a espectroscopia após o primeiro estágio da cirurgia podem ajudar a detectar mudanças hemodinâmicas, evitando a PCR, considerando a indicação da instalação de ECMO (Classe II a, LOE B). 1015 Em neonatos e lactentes portadores de ventrículo único, que necessitam de shunt para aumentar o fluxo pulmonar, a heparina deve ser utilizada. Crianças em pós-operatório de cirurgia cavopulmonar bidirecional ou total (Fontan) devem ter hipoventilação e pressão negativa na ventilação respiratória que melhoram a oferta de oxigênio e o DC (Classe IIa, LOE B). 1016 Em falência da circulação de Fontan e na reanimação, a ECMO pode beneficiar o paciente (Classe II a, LOE B). 1017 12.10. Hipertensão Pulmonar Dois estudos pediátricos observacionais 1018,1019 mostraram que crianças com hipertensão pulmonar apresentam maior risco de PCR. Não existem estudos que demostrem superioridade de alguma terapia específica no tratamento da PCR nestas crianças. 1020-1025 Não há evidências sobre malefícios ou benefícios a respeito de hiperventilação em crianças com hipertensão pulmonar durante a PCR. Quatro estudos (Classe IIa, LOE C) em adultos e crianças portadoras de hipertensão pulmonar em descompensação ou PCR 1025 mostraram que o suporte mecânico ventricular melhora a sobrevida. Os reanimadores devem seguir as recomendações do SVA em crianças, incluindo oxigenação e ventilação na PCR em crianças com hipertensão pulmonar, enfatizando FiO 2 elevada e alcalose/hiperventilação para reduzir a RVP. Se a medicação anti-hipertensiva pulmonar de uso contínuo, quer sejam por via endovenosa ou inalatórias, foi interrompida por algum motivo, elas devem ser reinstituídas imediatamente. 1026 O óxido nítrico inalatório, ou a prostaciclina inalatória, ou similares devem ser considerados na tentativa de reduzir a RVP. Se indisponível, considerar o uso de prostaciclina por via endovenosa em bólus (não disponível no Brasil até o momento). 12.11. Morte Súbita PCR pode ser súbita, mas geralmente é precedida de causas como hipovolemia, tamponamento cardíaco, infarto do miocárdio, pneumotórax hipertensivo e arritmias, que deterioram progressivamente a condição do paciente. Se detectadas e tratadas precocemente, podem ser reversíveis, melhorando a sobrevida. Em casos de PCR em criança ou adolescente, deve-se fazer uma anamnese com antecedentes pessoais e familiares adequados, além de rever todos os ECG disponíveis. Todos os lactentes, crianças e adolescentes com morte súbita, devem ser submetidos à autópsia, para a determinação de uma canalopatia, e os familiares devem ser avaliados. 12.12. Transplante Cardíaco O transplante cardíaco tem possibilitado sobrevida das crianças com cardiopatias complexas e refratárias à terapêutica convencional. 1027,1028 No seguimento há situações em que estas crianças podem necessitar de cuidados imediatos, incluindo RCP, que são: rejeição aguda, que pode levar a quadros de choque cardiogênico, arritmias ventriculares e PCR; doença vascular do enxerto, por lesões nas artérias coronarianas com oclusão do seu lume e infarto do miocárdio, arritmias e morte súbita; e choque séptico: pela própria condição da criança submetida à imunossupressão. 12.13. Disfunção Miocárdica Aguda em Pós-Operatório 12.13.1. Oxigenação por Membrana Extracorpórea A ECMO é o uso de dispositivos mecânicos como forma alternativa de prover oxigenação tecidual, por períodos prolongados de tempo, a pacientes com falência pulmonar e/ ou cardíaca. 1029,1030 Trata-se de suporte cardiopulmonar usado enquanto ocorre a recuperação desses órgãos. Sua aplicação permite a redução de outras opções terapêuticas e seus efeitos iatrogênicos, como uso de altas frações inspiradas de oxigênio, altas pressões de VM e altas doses de agentes inotrópicos e vasopressores. 1030 Basicamente ocorrem a drenagem de sangue da circulação venosa e o bombeamento desse sangue para uma membrana de oxigenação artificial, capaz também de remover o gás carbônico e, então, há o retorno de sangue aquecido para a circulação arterial ou venosa do paciente. 1029-1032 12.13.2. Populações de Pacientes Tratados comOxigenação por Membrana Extracorpórea Neonatos As causas respiratórias são as mais frequentes indicações nesse grupo (Quadro 12.3). No entanto, o surgimento da ventilação de alta frequência e de terapêuticas, como o óxido nítrico e o surfactante, reduziram as necessidades de sua aplicação. Da mesma forma, as melhorias no manejo de pacientes infectados com Streptococcus do grupo B e da falência cardiorrespiratória por síndrome de aspiração de mecônio também reduziram o uso de ECMO. Houve expansão de sua utilização, porém, nos neonatos com outros tipos de choque séptico. Os pacientes com hérnia diagragmática congênita continuam tendo a pior taxa de sobrevida na população neonatal. 1030 Crianças Nesse grupo de pacientes, a maior parte das indicações de ECMO são de etiologia cardiocirculatória segundo dados 572

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